Artigos

Descendo o cacete – por Luciano Ribas

Escrever sobre convivência e aceitação (e mesmo sobre a “prima meio hipócrita” desta, a tolerância) é muito mais fácil do que exercê-las. É duro, mas é isso.

Isso porque a nossa natureza, embora seja tão preparada para o exercício da solidariedade quanto para a agressão competitiva, identifica muito mais potenciais adversários do que pessoas que devemos proteger ou respeitar. Somos, como nos definiu brilhantemente Nietzsche, “uma corda estendida entre o animal e o Super-homem, uma corda por cima de um abismo”.

Como a mente da gente faz umas relações muito estranhas, do Nietzsche pulo para uma história que o Beto Cassol gosta de contar.

Diz ele que um radialista local narrava um jogo do Inter-SM quando estourou uma confusão entre os jogadores (provocada pelo time visitante, ao que consta). Diante da peleia, o narrador não titubeou em condenar fortemente aquilo tudo, assinalando o absurdo do que testemunhava: “É uma barbaridade essa violência!”, disse ele com energia, “Não dá pra deixar passar uma coisa dessas, a Brigada tem que entrar em campo e descer o cacete nesses caras!”…

Não sei se a BM atendeu o pedido do “speaker”, mas a história quase anedótica revela o quanto é importante que tenhamos uma “vigilância” permanente sobre nós mesmos. Sem esse cuidado constante, a tendência de embarcarmos na guerra de todos contra todos é muito forte. E, ao fazê-lo, lá estaremos nós “descendo o cacete nesses caras”…

Eu não sou exatamente um otimista com a raça humana. Sigo insistindo nos valores em que acredito porque, em um certo sentido, esta é a minha “religião” – ou, ao menos, cumpre uma função análoga. Tenho, porém, poucas ilusões em achar que iremos melhorar como indivíduos e, principalmente, como sociedade de uma maneira significativa nos próximos anos. Como eu disse lá em cima, é duro, mas é isso.

Mas, como sei que não terei outra vida para ser melhor do que sou neste mundo e nem creio que um ser superior resolverá os nossos problemas, não desisto de lutar pela utopia de um mundo melhor. É o que me resta e, podem ter certeza, não é pouca coisa.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Um Comentário

  1. Ribas, uma reflexão para de lá de interessante nesses dias de “uma corda estendida entre o animal e o Super-homem, uma corda por cima de um abismo”, na definição da natureza do ser humano de Nietzsche. Teu artigo reforça esses dias de dedos em riste que vivemos. Quanto ao último parágrafo, sugiro um bate-papo onde já sabemos dos posicionamentos de cada um. Mas, as utopias ainda estão lá. Muito vívidas. Abração.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo