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Propósitos para 2022 – por Marta Tocchetto

Um convite da articulista para este ano: fazer a separação de resíduos

Faço um convite. Vamos incluir nos propósitos para 2022, a separação de resíduos? Recicláveis, orgânicos e rejeitos é suficiente.

Ano novo sempre vem com propósitos, promessas e objetivos para sermos melhores – fazer atividade física, comer melhor, ler mais, ser mais tolerante, perder uns quilinhos, deixar de fumar, ser mais paciente, realizar trabalho voluntário, voltar a estudar e muito mais.

E as metas ambientais? Dificilmente aparecem nas intenções, apesar de não haver vida sem saúde ambiental. A estiagem vivida no RS em sucessivos verões é sinal incontestável de que o clima mudou. Temperaturas beirando os 40 oC não são mais privilégio das áreas de cerrado ou do sertão. As mudanças climáticas são uma realidade ameaçadora.

A falta de chuvas compromete a produção de alimentos e o abastecimento de água para o atendimento de necessidades básicas. Por outro lado, no Nordeste e Sudeste do Brasil, as chuvas ceifam vidas, desalojam famílias, destroem sonhos construídos com dificuldade e suor do trabalho duro e escasso.

Já passou da hora a inclusão de propósitos ambientais em nossos planos de vida. Já passou da hora assumirmos que a responsabilidade de uma vida melhor passa pelas atitudes individuais. O poder público tem uma parcela importante de responsabilidade, mas isso não exclui a de cada um.

É hora de passar as questões ambientais da teoria para a prática. Não dá mais para esperar! Concordo que Santa Maria não possuir coleta seletiva é, no mínimo, desanimador. Separar para depois misturar tudo, seja no contêiner ou no caminhão, não tem sentido, além de desestimular mudanças de atitudes.

Por outro lado, a cidade tem um número crescente de catadores, tendo em vista a grave situação de desemprego e econômica do país. Identificar e combinar um dia da semana para a entrega dos resíduos recicláveis a um desses catadores, além de ser uma atitude ambientalmente correta tem significativo valor social, pois contribui para a subsistência de uma família.

Outra alternativa é identificar uma associação ou mesmo empresas que desenvolvem campanhas de coleta seletiva e que tenham postos de recebimento, indo até lá para entregar os resíduos. Se bem organizado, o descarte pode ser com frequência semanal ou quinzenal, o que certamente não acarretará maiores transtornos. Nos acostumamos ao descompromisso com os resíduos.

O comum é empurrar a responsabilidade para o outro ou para o poder público ou, simplesmente, jogar em um terreno baldio não próximo de casa. Na melhor das hipóteses, são acondicionados em um saco plástico, preferencialmente preto para que ninguém veja o que tem dentro e, colocá-los em frente à moradia para o recolhimento da coleta pública.

Já pensou se a conta da geração de resíduos fosse como a de luz ou de água? Usou, pagou? Em muitos países já é assim. Ultrapassado o limite, o gerador paga mais pela destinação. Essa é uma tendência mundial, pois o planeta não pode ser tratado como uma grande lata de lixo com capacidade ilimitada para receber e transformar tudo o que nele é descartado.

As notícias do primeiro dia de janeiro dão conta que a limpeza pública recolheu das praias cariocas 320 toneladas de resíduos deixadas por aqueles que buscaram o mar e a natureza para brindar o novo ano. É inadmissível que alguém que deseja um ano feliz não perceba que descartar corretamente os resíduos gerados é também felicidade.

Em entrevista, um representante de Cidreira, cidade do litoral norte do RS ao comentar sobre o grande fluxo de veranista usou como parâmetro para sua constatação e satisfação, a quantidade de 6 toneladas de lixo diária extrapolada.

Não necessariamente o aumento de fluxo de pessoas está diretamente ligado com uma maior geração de resíduos, nem deveria. Como nos faltam atitudes básicas de civilidade, de urbanidade e de responsabilidade. Aquilo que é coletivo, que é de todos é também meu e eu preciso cuidar, independente das atitudes dos outros.

Faço um convite. Vamos incluir nos propósitos para 2022, a separação de resíduos? Recicláveis, orgânicos e rejeitos, é suficiente. Carregue sempre uma sacolinha para descartes eventuais. Evite o uso desnecessário de embalagens e descartáveis. Não misture resíduos orgânicos com recicláveis.

Resíduo orgânico não é lixo! Montar uma composteira doméstica é muito fácil. O YouTube está cheio de dicas. Se tiver alguma dúvida, compartilha aqui e vamos fazer um grande movimento em prol de um ambiente melhor para a nossa cidade, nossa comunidade, nossa casa.

Que 2022 seja um ano de amor ao próximo, amor à vida, amor à natureza, amor ao planeta. Amor! Amor!   

(*) Marta Tocchetto é Professora Titular aposentada do Departamento de Química da UFSM. É Doutora em Engenharia, na área de Ciência dos Materiais. Foi responsável pela implantação da Coleta Seletiva Solidária na UFSM e ganhadora do Prêmio Pioneiras da Ecologia 2017, concedido pela Assembleia Legislativa gaúcha. Marta Tocchetto, que também é palestrante em diversos eventos nacionais e internacionais, escreve neste espaço às terças-feira

Nota do Editor: a foto (sem autoria determinada) utilizada neste site é uma reprodução do portal “Site Sustentável” (AQUI, no original)

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Um Comentário

  1. Por isto que é necessário abrir o olho com este pessoal que ‘defende a ciencia’. La Niña aconteceu em 54/55/56. Entre 1970 e 1975 (alguns pesquisadores pulam 74) idem. Mudanças climáticas são definidas por séries historicas, não por achismos. Numero crescente de catadores, outra informação ‘tirada do bolso’. Já pagamos pela coleta de lixo, junto com o IPTU se não me engano. Independente do uso. Na Alemanha, em muitos estados, funciona como era aqui antigamente, só se paga o liquido nos mercados. Lá, onde ainda existe admissão ao ginásio, é necessário ‘levar o casco’. Existem empresas no RJ e SP que recolhem lixo organico nas residencias, fazem compostagem e vendem o fertilizante. No mais, recomendações para um povo que leva o cusco para fazer côcô na calçada dos outros e não recolhe.

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