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Valorizando a autoria feminina – por Elen Biguelini

Obras literárias fundamentais, mas esquecidas, e que a articulista lembra aqui

Um tema que é muito importante para mim é a questão da valorização e redescoberta de nomes femininos que assinaram produções literárias ao longo da história.

Recentemente, com adaptações sendo cada vez mais frequentes em nossas telas de tv e computador, os textos de autoria feminina têm sido a escolha de diretores e produtores, visto que nestas obras os olhares são múltiplos e permitem que um grupo maior do público se sinta representado.

Na recente euforia online que foi o retorno da serie Bridgerton, adaptação de Julia Quinn à semelhança das obras de Jane Austen, lembramos de algumas outras mulheres cuja obra permanece esquecida nos cantos mais obscuros das bibliotecas, conhecidas apenas por aqueles que têm como interesse a temática.

Como historiadora da História das Mulheres que Escrevem (em especial em Portugal), vimos a necessidade de elencar uma listagem de autoras mulheres que escreveram em língua portuguesa, e cuja obra é digna de conhecimento (se não de adaptações ao mesmo nível das que preenchem a mente do público atual e o assunto das plataformas de mídia social).

Algumas destas autoras, como Maria Firmina dos Reis, já surgiram nesta pequena coluna. Outras ainda serão temática para outros domingos, mas todas, não há dúvida, merecem ser restituídas (ou instituídas) ao panteon de autores de língua portuguesa.

Nossa listagem se limita aos séculos XVIII, XIX e início dos XX, não por não existirem outras mulheres, posteriores, mas por serem estas tão excluídas do chamado cânone literário.

Tereza Margarida da Silva e Orta. Escreveu o primeiro romance de autoria feminina em português: “Aventuras de Diófanes”. 1752 http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2067

Marquesa de Alorna. Tema de uma de nossas colunas. Poetisa, tradutora, salonniere, dama ilustre. https://purl.pt/172

Maria Firmina dos Reis. Primeira autora negra, primeira autora brasileira (se desconsiderado Tereza Margarida da Silva e Orta, nascida no Brasil, mas antes da Independência), autora do primeiro texto de autoria feminina negra  e primeiro romance abolicionista. “Ursula”. 1859. (Sua obra também está em domínio público)

Emília Freitas. Autora de uma fantástica obra que mistura misticismo, folclore brasileiro e gótico feminino. “A rainha do Ignoto”. 1899

Maria Amália Vaz de Carvalho. Portuguesa autora de grande quantidades de livros.

Julia Lopes de Almeida. Obra vasta. Autora brasileira de finais de oitocentos, por vezes chamada de a “Jane Austen brasileira” devido a sua temática voltada ao cotidiano e a vida feminina. http://www.biblio.com.br/conteudo/Julialopesdealmeida/molduraobras.

Carolina Nabuco. Brasileira plagiada por Daphne du Marrier. “A Sucessora”. 1934

Para não nos estendermos muito mais, podemos afirmar que todas estas e muitas outras que não foram aqui adicionadas não por falta de valor de suas obras, mas por desejo de brevidade, tem uma obra que merece ser lida e compartilhada, discutida, adaptada e reimaginada. Ou seja, merecem voltar aos tópicos das discussões literárias e ou simplesmente assunto de conversas entre pessoas amigas que discutem autores e autoras que merecem ser discutidos.

(*) Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.

Nota do Editor. No alto do artigo, imagem da obra que você confere abaixo, NA  ÍNTEGRA.

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