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Presidente ataca as urnas eletrônica para virar mártir em caso de derrota – por Carlos Wagner

O articulista e os constantes embates de Bolsonaro contra a democracia

A maioria dos brasileiros acredita na segurança das urnas eletrônicas utilizadas nas eleições nacionais (Foto Agência Brasil)

Não é necessário grande conhecimento de estratégia política para concluir que o presidente Jair Bolsonaro (PL) está se preparando, no caso de uma eventual derrota na sua busca pela reeleição, para virar um mártir e, com isso, garantir a sobrevivência do bolsonarismo.

O que garantiria a sua própria sobrevivência política e a dos seus três filhos parlamentares: Carlos, vereador do Rio, Flávio, senador do Rio de Janeiro, e Eduardo, deputado federal por São Paulo. E também deixaria aberta a porta para uma futura tentativa de voltar à Presidência da República.

Lembremos que por mais de três décadas Bolsonaro foi uma figura exótica na Câmara dos Deputados, um parlamentar eleito pelo Rio que chamava a atenção da imprensa pelos absurdos que dizia. E que nem ele mesmo acreditava que se elegeria presidente em 2018.

Chegou lá devido a uma série de acontecimentos, como a prisão do seu maior adversário político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP), pelo então juiz Sergio Moro, da Operação Lava Jato, e um atentado que sofreu.

Na Presidência da República, Bolsonaro reuniu em torno de si vários movimentos políticos, como nazistas, terraplanistas, ocultistas, militares saudosistas do golpe de 1964, oportunistas de todos os calibres e o principal: seguidores da extrema direita, que viviam isolados e escondendo-se nas sombras, se encorajaram e hoje são conhecidos como “bolsonaristas raiz”, unidos pela defesa do mandato do presidente.

Se ele for derrotado nas eleições, esses grupos continuarão unidos, porque Bolsonaro passará a ser considerado um mártir para eles. Uma alerta aos colegas e leitores. Tudo que escrevi não é opinião. São fatos que publicamos durante esses três anos e alguns meses de mandato.

Lembro também que Bolsonaro é admirador e seguidor do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump (2017 a 2021). O republicano tentou a reeleição, mas foi derrotado pelo democrata Joe Biden. Reclamou ter sido vítima de fraude eleitoral.

A acusação mobilizou os movimentos de extrema direita e outros grupos que fazem parte da sua base para uma invasão ao Capitólio, o prédio do congresso americano – há matéria na internet. Existem muitas diferenças entre Trump e Bolsonaro. O primeiro é filho de uma família rica e um empresário bem-sucedido.

O brasileiro é um tenente do Exército que fez uma série de lambanças e foi para a reserva como capitão. E o melhor salário que recebeu na vida é o atual, de presidente do Brasil. Além disso, os movimentos de extrema direita que apoiam Trump, como a Ku Klux Klan (KKK), são mais antigos, organizados e ricos que os brasileiros ao redor de Bolsonaro.

Trump está se articulando para concorrer à presidência dos Estados Unidos em 2024. Bolsonaro vive outro momento. Assim como nunca sonhou ser presidente, ele também não imaginou que um dia teria tanta gente gravitando ao seu redor. Hoje lidera um movimento chamado bolsonarismo, que soma votos suficientes para levá-lo ao segundo turno.

Muito embora os colegas comentaristas políticos afirmem a que candidatura do presidente é competitiva, ele está atrás de Lula nas pesquisas de intenção de votos. E eleição é eleição. Nunca se sabe o que pode dar.

No segundo seguinte ao que tomou posse como presidente do Brasil, Bolsonaro começou a disparar contra a Justiça Eleitoral. E o tom vem aumentando a cada dia que se aproximam as eleições. Agora, no mês de maio, o tom subiu muito. Tanto que a conversa sobre o governo armar uma grande lambança que inviabilize as eleições vem tomando corpo nas redações dos noticiários.

Lembro o seguinte. O presidente arma as confusões, como foi o caso da tentativa de golpe de estado durante o Dia da Independência, e quando a coisa aperta ele recua e deixa os seus seguidores na mão. Por que faz isso? Por ser um covarde? Nada disso.

Os fatos que temos descrito sobre o presidente mostram que Bolsonaro tem um instinto de sobrevivência política muito forte. Ele trabalha para a família dele. Todas as broncas em que se mete são para estar nas manchetes dos noticiários.

A dúvida que tenho encontrado nas nossas matérias sobre as lambanças do presidente é a seguinte. Enquanto ele era deputado, tinha o domínio da situação, porque era o único a dar ordens. Agora não. Ele é presidente do Brasil e está cercado por pessoas muito poderosas que têm os seus próprios interesses.

Por enquanto, ele conseguiu manobrar bem a situação porque se cercou de generais, parlamentares do Centrão e outras pessoas que obedecem às suas ordens. Mas se ele passar do limite no caso das urnas eletrônicas e der rolo, quem vai ficar ao lado dele? Os fatos que temos mostram que ele vai esticar essa corda até onde der e sair de fininho da história, como tem feito até hoje.

Bolsonaro quer vender a versão de que se for derrotado será por fraude na urna eletrônica. Várias autoridades ao redor do mundo, incluindo a Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos, afirmam que o sistema eleitoral brasileiro é seguro. Por fim, se Bolsonaro for encorajado pelos seus seguidores a chutar o balde e arrebentar a corda, a democracia brasileira é bastante forte para detê-lo.

Lembro o seguinte. Toda a atenção da maioria dos brasileiros está voltada para o problema do desemprego, da inflação e dos preços da gasolina, do botijão de gás de cozinha e do óleo diesel. Por conta dessa situação as pessoas estão com os nervos à flor da pele. Essa realidade é que determinará o voto dos eleitores. O resto é conversa fiada.

PARA LER A ÍNTEGRA, NO ORIGINAL, CLIQUE AQUI .

(*) O texto acima, reproduzido com autorização do autor, foi publicado originalmente no blog “Histórias Mal Contadas”, do jornalista Carlos Wagner.

SOBRE O AUTOR:  Carlos Wagner é repórter, graduado em Comunicação Social – habilitação em Jornalismo, pela UFRGS. Trabalhou como repórter investigativo no jornal Zero Hora de 1983 a 2014. Recebeu 38 prêmios de Jornalismo, entre eles, sete Prêmios Esso regionais. Tem 17 livros publicados, como “País Bandido”. Aos 67 anos, foi homenageado no 12º encontro da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI), em 2017, SP.

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Um Comentário

  1. Kuakuakuakua! Fica a pergunta, a pessoa que fez a ‘manchete’ pensou nela sozinha ou foi uma decisão em grupo? Kuakuakuakua! Vermelhinho afirmando ‘até a CIA diz que a urna eletronica é segura’, Kuakuakuakua!

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