Artigos

Ministério Público entende prudente suspensão dos aditivos impostos pela Corsan– por João Luiz Vargas

A luta dos municípios e o processo de privatização da estatal gaúcha da água

Um ano atrás, dia 25 de outubro de 2021, a Prefeitura de São Sepé recebeu da Presidência da Corsan e do Governo do Estado uma proposta de aditivo sem pé nem cabeça. De forma coerciva, os dirigentes da Companhia diziam aos prefeitos que os municípios que não assinassem o documento parariam de receber recursos para obras de saneamento, conforme Lei Estadual nº 15.708/2021. Essa é a lei que possibilita a privatização da Corsan.

Em março de 2021, o Poder Legislativo de São Sepé, por unanimidade aprovou Moção de Repúdio nº 11/2021, contra a privatização da Corsan. Como qualquer assunto relativo à esta concessão pública passa pelas Câmaras de Vereadores, já tinha um não rotundo do Parlamento a proposta de aditivo encaminhado.

O que fiz com o documento encaminhado pelo Governo do Estado? Rasguei. Antes disso, eles tinham rasgado a boa relação entre entes federativos, já que o cabresto, mesmo sendo um artefato útil, não foi feito para que prefeitos de municípios pequenos usem.

Alguns municípios, seduzidos pelos volumosos recursos prometidos pela tal contrato aditivo e venda da Corsan, acabaram não tendo alternativa senão assinar.

Em outubro do ano passado, busquei luz na Jurisprudência, na Legislação, no conhecimento técnico daqueles que entendem a matéria. Junto com Arnaldo Rizzardo e outras figuras do mundo do Direito, discutimos o quão grave são as decisões das esferas do Poder Público, que não nasçam a partir do diálogo entre gestores e escuta da população, seja em Audiências Públicas, seja pela validação dos contratos pelas Câmaras de Vereadores.

De lá para cá, tivemos muitas vitórias, como a suspensão do processo de venda da Corsan na Bolsa de Valores, que implicou no não aumento da tarifa.

O resultado da discussão entre juristas e comunidades foi uma Ação Popular (5011064-88.2022.8.21.0001), solicitando a suspensão dos aditivos assinados, e o fim do prejuízo para obtenção de recursos para aqueles municípios que não assinaram os tais documentos.

Neste dia 12 de outubro de 2022, tivemos mais uma VITÓRIA: o Ministério Público Estadual publicou um parecer favorável ao pedido, declarando ser necessária a SUSPENSÃO DOS ADITIVOS ASSINADOS. Ou seja, nenhum município do Rio Grande do Sul será prejudicado por aquela coação da atual Presidência da CORSAN.

Seguiremos acompanhando essa luta, valorizando a força dos municípios, defendendo a adequada prestação de serviços às comunidades e rejeitando qualquer tipo de ameaça no exercício do governo.

(*) João Luiz Vargas, prefeito de São Sepé (ex-deputado, ex-presidente da Assembleia Legislativa e ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado), escreve no site às sextas-feiras.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

2 Comentários

  1. Corsan não impos nada, até porque é concessionaria. Governo do Estado, Dudu Milk, quis tornar a empresa mais atrativa para poder abrir o capital e vender ações. Claudemir com P., o esperto, ainda não aprendeu que não adianta tentar enganar a torcida, não está equipado para isto. Aditivo de SM é uma piada alem do mais, foi feita por Indigesto Nãosoubom (poderia não ter feito, outro motivo pelo qual não é ‘imposição’) por alinhamento partidario eleitoral com o governo do estado.

    1. Também acho que todo o Gaúcho merece tomar água da privada. Nós da indústria catarinense não esperemos nada diferente. Parabéns! Depois de vocês, mas bem depois, será a nossa vez de beber água da privada.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo