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A mala pronta, os homicídios e a inteligência artificial – por Marcelo Arigony 

Desafios de um novo cargo e a peculiar “colaboração” vinda d’alhures

Tava eu de mala pronta pra ir embora, após quase oito anos na delegacia da área oeste de Santa Maria. Aí veio um convite para assumir a delegacia de homicídios e desaparecidos.  

No primeiro momento recusei. Achei que agora era tarde. Meu plano era ganhar outros ares profissionais. Mas ao longo dos dias, refletindo, conversando com amigos e com a família, revi minha decisão. Achei que talvez pudesse contribuir ainda, um pouco mais, na área pública, antes de ir.  

Aceitei o encargo. Os crimes dolosos contra a vida têm sido o desafio das forças de segurança e dos governos. Quando eu deixei a gestão regional, há quase 8 anos, tínhamos cerca de 35 homicídios anuais. No ano passado passaram de 70, não obstante todo o esforço das polícias. 

Se olharmos as estatísticas, veremos que as forças policiais nunca trabalharam tanto, o que demonstra claramente que há necessidade de um ajuste na estratégia macro com relação os crimes violentos letais intencionais. 

Já há algum tempo, venho bradando – inclusive neste sítio – que homicídios são prevenidos em áreas que desbordam da área de polícia estrita. Tenho falado muito em políticas que ataquem a vulnerabilidade social, tão geradora de indivíduos sem aptidão para integrar a engrenagem social de forma sadia. Também a questão prisional precisa ser revista. As cadeias são propulsoras da criminalidade.  

Mas isso aí eu já disse e redisse várias vezes. Hoje resolvi tirar a prova dos nove. Perguntei para a tecnologia do momento, a inteligência artificial OPENAI. E tá aí: 

Que medidas podem ser tomadas para reduzir o número de homicídios? 

Existem diversas medidas que podem ser tomadas para reduzir o número de homicídios, e geralmente é necessário um esforço conjunto envolvendo o governo, as autoridades policiais, a comunidade e outros atores sociais. Aqui estão algumas possíveis medidas: 

1 – Investimento em educação: a educação é uma das maneiras mais eficazes de combater a violência a longo prazo, pois ajuda a promover valores como respeito, tolerância e diálogo, além de oferecer oportunidades para que as pessoas se desenvolvam profissional e pessoalmente. 

2 – Melhorias no sistema de justiça criminal: isso pode incluir a melhoria dos sistemas de investigação, julgamento e punição de criminosos, a fim de garantir que os criminosos sejam responsabilizados pelos seus atos. Além disso, é importante garantir que o sistema de justiça seja acessível a todos os cidadãos, independentemente de sua renda ou posição social. 

3 – Investimento em prevenção de crimes: medidas preventivas, como programas de prevenção de violência, iluminação pública adequada, policiamento comunitário e outras iniciativas, podem ajudar a evitar que os crimes ocorram em primeiro lugar. 

4 – Restrição do acesso a armas de fogo: o controle de armas é uma medida importante para reduzir a violência e os homicídios, uma vez que estudos mostram que a presença de armas de fogo aumenta significativamente a probabilidade de homicídio. 

5 – Combate às desigualdades sociais: muitas vezes, a violência está ligada a questões de desigualdade social, como pobreza, exclusão social e falta de oportunidades. Medidas para combater essas desigualdades, como a distribuição mais justa de recursos e a criação de oportunidades de emprego e educação para todos, podem ajudar a reduzir a violência a longo prazo. 

Essas são apenas algumas das possíveis medidas que podem ser tomadas para reduzir o número de homicídios. É importante lembrar que cada situação é única e pode exigir abordagens específicas. Além disso, a colaboração entre diferentes setores e a participação ativa da comunidade são fundamentais para a eficácia dessas medidas. 

https://chat.openai.com/chat

(*) Marcelo Mendes Arigony é titular da 2ª Delegacia de Polícia Civil em Santa Maria, professor de Direito Penal na Ulbra/SM e Doutor em Administração pela UFSM. Ele escreve no site às quartas-feiras.

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7 Comentários

  1. A tal cousa. Criaturas vão aos EUA para uma feira de varejo. Num ano ouvem que o comercio de rua vai acabar. Anos depois escutam que o comercio de rua ‘vai bem obrigado’ e ‘basta se adaptar’. Quando alguém diz que ‘é só…..’ dá o que pensar. O que leva a duas perguntas. Estão certos no primeiro ou segundo prognostico? Quando falam em ‘comercio de rua’ referem-se a Nova Iorque, Londres, Milão, Santa Maria ou Boa Vista do Burica? Sim, porque ‘comercio de rua’ é muita coisa. O que leva a dificuldade inata dos autoctones em largar o osso. Claro, existe o fator familia ‘aquela mala vai sair de lá e ficar o dia inteira enchendo o saco em casa’, ‘cabeça vazia oficina do capeta’, etc.

  2. Por que a juventude entra no trafico na periferia? Tres fatores principais, poder aquisitivo, status e mulheres (a maioria é do sexo masculino cis). O resto são chorumelas, sociologia de ar condicionado. Alás, Brasil, PCC e CV ainda não se confrontaram as devas, se acontecer vai morrer gente a dar com os pés. Tiveram escaramuça no Nordeste tempos atras e resultou em agentes penitenciarios (agora é policia penal, melhora o troco) montando lego com partes de cadaveres.

  3. Por que a escolaridade dos presos foi questionada? Porque não adianta ‘investir na educação’ para reduzir crimes se o meliante não está lá. Derruba o mito do ‘nunca tiveram a oportunidade de socializarem-se’. Pessoal do juridico é muito cascateiro. Não teria problema se não afetasse os afazeres publicos. Alas, OAB deveria criar uma Comissão do BBBB. Bacharel, burocrata, burgues e bolchevique.

  4. Como se pode ver, a resposta é um pouco diferente. Inteligencia artificial foi utilizada no aniversário da cidade de São Paulo ano passado. Exemplo mais popular (muitas empresas fizeram o mesmo) é a homenagem da seguradora Allianz. Utilizaram o Midjourney, programa gerador de imagens, a moça da imagem não existe. Precisou de retoques, mas está no inicio.

  5. ‘[…] 5. Combate ao tráfico de drogas: políticas efetivas de combate ao tráfico de drogas, incluindo ações de inteligência, cooperação internacional, controle das fronteiras e redução da oferta de drogas. 6. Investimento em tecnologia: uso de tecnologias de monitoramento e vigilância, como câmeras de segurança e sistemas de inteligência artificial, para auxiliar no combate ao crime. 7. Participação da sociedade: incentivar a participação da sociedade na construção de políticas públicas, por meio de consultas públicas, fóruns e outras formas de diálogo, para que as medidas adotadas sejam mais eficazes e adequadas às necessidades locais. É importante ressaltar que a redução da violência e dos homicídios é um processo complexo, que exige um esforço conjunto e integrado entre diferentes esferas do governo, além da sociedade civil e do setor privado.’.

  6. Repetindo a mesma pergunta ‘Que medidas podem ser tomadas para reduzir o número de homicídios?’ Resposta ‘1.Políticas de prevenção ao crime: investimento em políticas públicas que promovam a segurança pública, como policiamento comunitário, programas de prevenção ao uso de drogas e políticas de inclusão social, com foco em jovens e populações vulneráveis. 2. Controle de armas: regulação mais rigorosa na venda e porte de armas de fogo, além de campanhas de conscientização sobre os riscos de manter armas em casa. 3. Aprimoramento do sistema de justiça: melhoria na qualidade das investigações, aumento da eficácia da punição e combate à impunidade. 4. Fortalecimento das políticas de educação: investimentos na educação de qualidade podem contribuir para reduzir a violência e a criminalidade, além de melhorar a empregabilidade e a renda.[…]’.

  7. Bueno, na mesma toada. ‘qual é o nivel de escolaridade dos presos no brasil?’. Resposta ‘De acordo com o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (INFOPEN), realizado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública em junho de 2020, o nível de escolaridade dos presos no Brasil é predominantemente baixo. Os dados mostram que cerca de 75% dos presos no país têm até o ensino fundamental incompleto, 15% têm o ensino médio completo ou incompleto e apenas 5% têm ensino superior completo ou incompleto.’

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