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Em memória de Freire Júnior. O Pedro, o Pedro e o Mateus. E as palmas puxadas pelo Grassi

Foi uma notícia que preferia não ter dado. Mas, enfim, não pude fugir a ela. E informei, no início da tarde, aqui mesmo, a morte de Pedro Freire Júnior, na madrugada de sábado. Nesta segunda-feira, os jornais estão publicando a cobertura do velório e do sepultamento deste que é um dos grandes nomes da cultura santa-mariense, desde a segunda metade do século XX. A Razão, inclusive, deve estar publicando um texto (ainda não tive acesso à edição) que enviei na tarde deste domingo. Em todo caso, é esse material que passo a reproduzir. Confira:

 

 

“O Pedro, o Pedro e o Mateus. E

as palmas puxadas pelo Grassi

 

 

18h11. Pontualmente. Conferido no relógio do celular. O pedreiro coloca o último tijolo, fechando o túmulo. Palmas, muitas palmas. Algo como 20 segundos. Uma eternidade. Puxadas por Luiz Carlos Grassi – uma das 40, pouco mais ou menos, pessoas que estavam ali. Era a última homenagem a Pedro Freire Júnior. Gente de vídeo. Gente de dança. Das letras. Do teatro, várias. De comunicação, todos, de uma certa maneira. Ah, e sem políticos – ainda que a personagem transitasse bem entre elas. Não fizeram falta.

 

Lembrei (e desculpa a primeira pessoa, mas este é o caso de usá-la, penso) de dois fatos. Um, idos dos anos 80 e qualquer coisa. Este então jovem editor chefe recém nomeado, num ato de (quem sabe feliz) irresponsabilidade de Luizinho de Grandi, que confiou a redação a um guri de 20 e poucos, o mais jovem dentre todos.

 

É provável que, inclusive pela idade, referendou texto da repórter Néri Pedroso em que ela criticava Pedro Freire Júnior, o diretor de teatro em ação. Que, em seu espaço na Rádio Imembuí, não teve dúvidas: chamou-a de “paparazzi das letras”, na terminologia mais singela. E o jornal? Abrigo de amadores. Foi um bafafá. Típico do temperamento de Freire.

Era o início efetivo de uma relação que atravessou o tempo, repleta de ironias disparadas de parte a parte. Mas, veja só, de um respeito mútuo capaz de permitir que convivêssemos em uma entrevista na finadinha CDN em que lembramos de algumas dessas idiossincrasias próprias, olha ele de novo, do temperamento de ambos.

 

O outro fato, este de meados de 2006. O Grassi, o das palmas, salvo engano, foi testemunha. Era manhã sábado. Cheguei ao café do Ivo, na galeria, ponto de encontro de muitos. E tasquei: – tenho uma boa e uma má notícia. A boa: ainda bem que não são adolescentes, um homem, outro mulher. Nós não suportaríamos. A má: teu neto, Mateus, é o melhor amigo do meu filho.

 

A resposta do Freire, daquele jeito teatral (e poderia ser diferente?): – então, você é o pai do Pedrooooo! Foi o fim do gelo, se é que algum dia houve um. E as gargalhadas tomaram conta desta relação da qual não conseguirei jamais me despedir. E nem quero. Afinal, o meu Pedro (o nome, esclareço, é mera coincidência) e o Mateus dele se encarregaram de mostrar o quão pequena pode ser a desinteligência. Mesmo que com motivos. Quase sempre bobos.

 

O Freire foi uma perda. Para o Vladimir (que não pôde estar no sábado, mas provavelmente já esteja lendo este texto). Para a Tita, a mãe do Mateus, que é filho também do Ricardo. E para a Dona Ivone – que tentei desesperadamente entrevistar, e sempre se recusou, mas todos os que tentamos (não fui o único) entendemos. Mas é exemplo para o Mateus. E tantos quantos amam a cultura. As palmas puxadas pelo Grassi fazem todo o sentido. Mesmo que tenham me feito lacrimar. Que coisa, olha só o que o Freire conseguiu.”

 

 

SUGESTÕES DE LEITURA – confira aqui a cobertura do Diário de Santa Maria. E aqui  (ou na versão impressa, já disponível nas bancas da cidade) o material publicado por A Razão.

 

 

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