Musk x Xandão – por Orlando Fonseca
“Liberdade de expressão tem um limite: os valores democráticos...”
O perigo das redes sociais vai muito além das deturpações da verdade dos fatos e deterioração da capacidade de processar informações e conhecimentos. Acrescente-se a isso o que estamos percebendo, especialmente em nosso país, nas últimas semanas, com as movimentações de Elon Musk e usuários de sua rede contra as instituições brasileiras.
Há um risco crescente, já percebido e debelado na Europa, pelo empoderamento das corporações da internet, com a criação de falsas lideranças (ou lideranças falsas) que erguem a voz potencializada por milhões de seguidores sem noção. Mas, em nome da liberdade, atentam contra o estado democrático e de direito. Ou seja, não é uma briga entre colegiais o que se dá entre o bilionário Musk e o ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Enquanto o dono do Portal X (antigo Twitter) tem um arsenal midiático considerável, muito dinheiro e uma legião de admiradores com perfil de extrema direita, o nosso ministro da Suprema Corte tem a arma da Constituição Federal (cujo alcance se atém aos limites do território brasileiro) e o respeito ao devido processo legal.
A democracia está em perigo, pois esses grupos atuam no vácuo deixado pela falta de conhecimento e de educação, e de uma percepção mitificada de mundo. Por isso a União Europeia tem-se dedicado em cortar o mal pela raiz, tendo já aprovado uma norma que entrou em vigor em janeiro. No entanto, por aqui e dentre uma legião de fanáticos trumpistas nos EUA é que Musk tem defendido teses da extrema direita, potencializando a ação desses grupos.
O Brasil vem se mexendo devagar; em 2022, a Justiça tomou medidas para conter ameaças à democracia. A figura que ficou marcada nesse processo foi a de Alexandre de Moraes, em razão de ser o relator do inquérito sobre as milícias digitais antidemocráticas, na condição de presidente do TSE.
Nas últimas semanas, voltaram à tona, com a notícia de e-mails que teriam sido trocados entre o TSE e a plataforma do X, em um artigo do jornalista e escritor conservador americano Michael Shellenberger. Ele publicou um post com uma série de críticas a Moraes e ao judiciário brasileiro, sob o título “Twitter Files – Brazil”, e o barulho cresceu porque foi repostado pelo próprio Musk.
Este bilionário, dono da Tesla e do projeto Space X, se define como um “absolutista da liberdade de expressão”. Em suas postagens tem chamado Moraes de “ditador do Brasil”, porque o ministro determinou a sua inclusão como investigado no inquérito que apura a ação de milícias digitais contra a democracia. Segundo Moraes, há indícios de obstrução de Justiça e incitação ao crime.
Musk afirmou, no início do mês, que iria descumprir as decisões judiciais e liberar o conteúdo que o ministro mandou bloquear. Este, então, determinou multa diária de R$ 100 mil para cada perfil que a empresa reativar de forma irregular (perfis do blogueiro Allan dos Santos, que mora hoje nos Estados Unidos; do “véio” da Havan; do deputado cassado Daniel Silveira, que fez posts defendendo um novo AI-5, e outros, como o do ex-deputado Roberto Jefferson).
Ressalte-se que o STF tem tomado a dianteira nesta luta, porque ainda se arrasta no Congresso um projeto de lei para regulamentar as plataformas digitais (o PL das Fake News), retirado da pauta da Câmara por pressão das plataformas. O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, na defesa de Moraes, afirma que ainda há repercussões de uma “luta de vida e morte pelo Estado democrático de Direito e contra um golpe de Estado”.
Haverá desdobramentos, no Legislativo e no Judiciário, pela defesa da vida republicana e soberana do Brasil. Portanto é recomendável diminuir as horas de tela da gurizada, e ficar atento. Todos os que dão valor à democracia precisam se engajar no combate às inverdades, aos negacionismos e fundamentalismos de toda ordem que proliferam na internet. Liberdade de expressão tem um limite: os valores democráticos e o estado de direito.
(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela “Da noite para o dia”.
O que vai dar disto? Nada. Cortina de fumaça. Alas, governo atual tem muitos problemas maiores do que este. Ganhou eleição, tomou posse e colhe frutos do desgoverno.
Detalhe: ministro da Suprema Corte com perfil individual em rede social. La fora causa estranheza. Alas, carteiraço para furar fila de sala vip em aeroporto também. Assim como toda a mentira associada ao redor do fato.
‘É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.’ CF88. Sem prejuizo da punição quando sair bobagem.
‘[…] pela defesa da vida republicana e soberana do Brasil […]’. ‘[…] os que dão valor à democracia […]’. Palavras ‘bonitas’ e vazias. Mesozoico.
Luís Roberto Barroso. Se tirarem o direito constitucional daquele corpo sobra uma besta. Pessoal do juridico não deveria se meter em politica. Deficiencias ficam evidentes. Alas, para defender as urnas eletronicas mentiu que ‘desejam voltar para o voto em papel’. Dentre outras coisas.
‘[…] se arrasta no Congresso um projeto de lei para regulamentar as plataformas digitais (o PL das Fake News), […]’. O relator era um ser mitologico, um comunista. Um monte de jabutis. Implantação da censura pura e simples. Defesa dos interesses economicos da Globo, CNN et caterva (sim, não só as plataformas tem ‘interesses’). Dizem que ‘a Europa também tem’, esquecem que os politicos de la ainda tem um pouco de vergonha na cara. Não muita, mas tem.
‘Musk afirmou, no início do mês, que iria descumprir as decisões judiciais […]’. Falar isto não é crime. Cometer o ato de descumprir decisão judicial é. Para quem não entendeu ainda, falar é uma coisa, fazer é outra. E o jus esperneandi.
‘Segundo Moraes, há indícios de obstrução de Justiça e incitação ao crime.’ Não tem importancia nenhuma.
Michael Shellenberger também participou da publicação dos Twitter Files ianques. Foi ‘um dos’. Censura a publicações do New York Post no que diz respeito ao laptop do filho de Slow Joe (que deu processo depois). Diminuiram visibilidade de algumas contas. Comunicações espurias com FBI e governo ianque. Lobby de politicos democratas contra Trump. Objetivo claro de influenciar as eleições. Se teve impacto no resultado é outra historia.
‘[…] em razão de ser o relator do inquérito sobre as milícias digitais antidemocráticas, na condição de presidente do TSE.’ Não. Investigação original foi aberta em 2020 no STF. Foi arquivada a pedido da PGR. Reaberto por Moraes no mesmo ano. Presidente do TSE era Barroso. Inquerito esta sendo prorrogado desde então.
‘[…] tem defendido teses da extrema direita, […]’. Tudo o que contraria os interesses dos vermelhos (extrema esquerda?) é extrema direita. Ou misogino. Ou n@zist@. Ou facista. Ou homofobico. Ou …… Falta de argumentos leva a desqualificação. Facilita também para a militancia ignara.
Estas regras serão observadas pelo Twitter que já implantou a maior parte do requerido. Para desgosto de alguns ‘jornalistas’, publicaram e sofreram ‘checagem de fatos’.
Ou seja, na Europa não vai ter Xandão ou um Soviet para determinar o que pode ou não ser publicado. Enfase é nos usuarios. Elimina-se os conteudos improprios, não os usuarios. Sem prejuizo das regras das proprias plataformas.
‘Por isso a União Europeia tem-se dedicado em cortar o mal pela raiz, tendo já aprovado uma norma que entrou em vigor em janeiro’. ‘Digital Services Act’. Truque é esconder como funciona a legislação. Obrigações para as plataformas. Um mecanismo para usuarios sinalizarem serviços e mercadorias ilegais ou conteúdo improprio. Mecanismos de rastreabilidade de usuarios para identificar conteudo ilegal. Cooperação das plataformas com usuarios confiaveis para sinalizar conteudo ilegal. Possibilidade dos usuarios recorrerem em caso de moderação de conteúdo. Transparencia nos algoritmos de recomendação. Estados membros terão ajuda de uma Comissão Europeia para supervisionar e fazer cumprir as regras.
‘[…] no vácuo deixado pela falta de conhecimento e de educação, e de uma percepção mitificada de mundo.’ Sim, só os vermelhos tem conhecimento, educação e uma percepção realista do mundo. E bem assim que funciona. Um bando de ‘iluminados’.
‘[…] o nosso ministro da Suprema Corte tem a arma da Constituição Federal (cujo alcance se atém aos limites do território brasileiro) e o respeito ao devido processo legal.’ Não tenho ministro da Suprema Corte, muito menos de estimação. Constituição não deveria ser uma ‘arma’. O ‘devido processo legal’ esta previsto na CF: ‘ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;’. Como se encaixa nisto um oficio (não a decisão judicial com quase tudo em segredo de justiça) mandando bloquear um perfil em duas horas com astreintes vultosas? Inqueritos que nunca terminam?
‘[…] e uma legião de admiradores com perfil de extrema direita, […]’. Desqualificação de praxe. Falta de argumentos.
‘[…] atentam contra o estado democrático e de direito.’ Se o dito cujo não aguentasse meia duzia de arigós falando bobagem nas redes sociais suas bases não seriam tão solidas assim. O fato é que um governo de esquerda foi eleito, tomou posse e agora desgoverna o Brasil. Qual o objetivo desta ‘retorica’ de quinta serie? Impedir os conservadores de se manifestar e de se organizar.
Molusco com L., abstemio, honesto e famigerado dirigente petista também tem ‘[…] a voz potencializada por milhões de seguidores sem noção.’ Questão de ponto de vista.
‘O perigo das redes sociais vai muito além das deturpações da verdade […]’. Obviamente corrupção da ‘verdade’, meias ‘verdades’, mentiras e desinformação não são monopolio das plataformas. Vermelhos que o digam. Alas, até parece que 100% do que aparece nas redes é falso e o que a midia tradicional publica tem 100% de veracidade. Alas, na Coreia do Norte tudo tem versão unica. Alas, unicas ‘narrativas’ permitidas aqui no Brasil aparentemente são a vermelha e a tucana.
Não tem como ensinar truque novo para cachorro velho. Ditado ianque.