Análise. Na disputa peemedebista, Lula repete erros que cometeu na eleição de Chinaglia

O grande tema político nacional, ao lado da eterna formação do ministério para o segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, é convenção nacional do maior partido do País, e o segundo grande braço do governo de coalizão proposto pelo Presidente.

E, pelo menos na opinião do Ricardo Noblat, um dos mais respeitados observadores da cena, a partir de Brasília, Lula está cometendo, ao se intrometer no pleito peeemedebista, que vai escolher entre Michel Temer e Nelson Jobim quem vai comandar a sigla, os mesmos erros da eleição para a Mesa da Câmara dos Deputados, em janeiro.

E, de uma certa forma, percebe-se do texto de Noblat, o Presidente pode perder de qualquer jeito, mesmo ganhando. Exatamente como ocorreu quando Arlindo Chinaglia derrotou Aldo Rebelo, na Câmara. Confira você mesmo o que o jornalista escreve na página que mantém na internet:

“Lula não aprende mesmo

O deputado federal Eunício Oliveira (PMDB-CE), ex-ministro das Comunicações do primeiro governo Lula, decidiu, hoje, apoiar a reeleição de Michel Temer (SP) para presidente nacional do PMDB. Eunício controla a maior fatia do PMDB no seu Estado.

Termina amanhã (quinta) o prazo para inscrição de chapas à convenção do partido marcada para o próximo dia 11 em Brasília. Cada chapa deve reunir cerca de 160 nomes – 119 para titulares do Diretório Nacional, 30 para suplentes, os demais para o Conselho Fiscal e a Comissão de Ética. Em disputa, cerca de 800 votos.

Haverá duas chapas: uma encabeçada por Temer, outra por Nelson Jobim, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal e candidato in pectore de Lula. A esperança de Temer e de sua turma é de que Jobim desista da disputa às vésperas da convenção. Não há possibilidade de acontecer o contrário.

Anteontem, Tarso Genro, ministro das Relações Institucionais, ofereceu a Temer em nome de Lula o cargo de ministro da Previdência Social. Em troca, Temer deveria desistir de ser candidato. Temer agradeceu a oferta e manteve a candidatura. Para ele, é melhor ser presidente do PMDB do que empregado de Lula. E tentar suceder daqui a dois anos Arlindo Chinaglia (PT-SP) na presidência da Câmara dos Deputados.

Temer soube do convite para ser ministro antes mesmo de se encontrar com Tarso. Lula havia falado com Jobim a respeito. Jobim falou para o governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro. E Cabral falou para outros governadores.

Tarso e Temer voltaram a se reunir ontem. E Temes fez questão de dizer a Tarso que não fora ele que vazara a informação sobre o convite – mas Jobim.

Lula repete a mesma trajetória que o levou a ser derrotado na eleição do presidente da Câmara. Quis reeleger Aldo Rebelo (PC do B-SP) – o PT lançou Chinaglia. Ele então largou Aldo de mão e na última hora fez de conta que aderira a Chinaglia.

Agora faz de conta que não tem candidato a presidente do PMDB – mas tenta tirar Temer do páreo. E manda os governadores do PMDB mais ligados a ele apoiarem Jobim.

Se sentir que Jobim perderá, fará algum tipo de aceno para Temer.

Agora faz de conta que não tem candidato a presidente do PMDB – mas tenta tirar Temer do páreo. E manda os governadores do PMDB mais ligados a ele apoiarem Jobim. Se sentir que Jobim perderá, fará algum tipo de aceno para Temer. A proceder de fato assim, uma eventual vitória de Temer significará a derrota dele. Lula é bom de palanque. Como articulador político do governo, deixa a desejar.”

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