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Amália dos Passos Figueiroa (1845-1878) – Elen Biguelini

Mais conhecida do que sua irmã Revocata dos Passos Figueiora de Mello foi Amália Figueiroa. Nasceu em 31 de agosto de 1845 em Porto Alegre, filha de Manuel de Passos Figueiroa, jornalista português, e sua esposa Ana Cândida da Rocha (ou Anna dos Passos Figueiroa, ?-1887). A pequena Amália foi batizada em 24 de maio de 1846. Notamos que o casal teve outra filha chamada Amália, que faleceu logo após o nascimento, em 1829.

Sua família era de literatas e conhecedores das letras. Assim, teve contato frequente com a elite literária do Rio Grande do Sul. Assim como suas sobrinhas, publicou em periódicos gaúchos. Aos 24 anos acompanhou seu irmão para o Rio de Janeiro, onde conheceu também parte da elite literária carioca.

Apaixonou-se e noivou com outro poeta porto alegrense, Carlos Augusto Ferreira. No entanto, não houve casamento, pois o noivo se mudou para o Rio de Janeiro (à pedido de Dom Pedro II que ficou admirado com o talento do jovem em uma visita à capital gaúcha).

Faleceu solteira em Porto Alegre, em 24 de setembro de 1878, de tuberculose, após adoecer com o coração partido pela separação e mudança de seu noivo. O periódico “Album de Domingo”, de 29 de setembro de 1878, afirmou sobre seu falecimento: “Morreu, mas no espaço limitado de sua última morada não cabe Amália Figueiroa”. O autor de seu epitáfio neste periódico também adiciona: “Não morreu cantando; porque há dois ou três anos emudecera”, em clara referência ao noivado desmanchado. (1878, p 202).

Integrou a Sociedade Partenon Literário, abrindo caminho para suas sobrinhas; e foi a patrona da cadeira nº 6 da Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul.

Na análise de Carlos Baumgarten, a autora apresenta em seus poemas um “melancólico mundo interior, no qual se evade num movimento de negação da realidade exterior” (2014: 35).

Obra
“Crepúsculo”, livro de poesias, 1872. Contem 45 poesias. Com edição de 2011: FIGUEIROA, Amália dos Passos. “Crepúsculos & outros poemas”. Org. Carlos Alexandre Baumgarten. Rio Grande: Ed. da FURG, 2011.
“Minhálma é triste”, poesia, 1872.
“Scisma”, poesia, 1873. No periódico “A República”, do RJ, 19 e 20 de Maio de 1873, p 3. Junto a outros poemas do livro “Crepúsculo” e uma análise da obra.
“Realidade”, poesia, 1873.
“Perdão”, poesia, 1873. Declamado via: https://www.youtube.com/watch?v=WAlyA1m8vOI
“Devaneando”, poesia, 1874.
“Qual é o meu norte”, poesia, 1874. No periódico “Semana Illustrada” do RJ, nº 697, p 7.
“Canto da Selvagem”, poesia, 1874. No periódico “Semana Illustrada” do RJ, nº 698, p 7.
“A Lua”, poesia, 1874. No periódico “Semana Illustrada” do RJ, nº 699, p 7.
“Phalena”, poesia, 1874. No periódico “Semana Illustrada” do RJ, nº 703, p 7.
“Illusão”, poesia, 1874. No periódico “Semana Illustrada” do RJ, nº 708, p 7.
“Saude Branca”, poesia, 1874. No periódico “Semana Illustrada” do RJ, nº 710, p 7.
“Esquecimento”, poesia, 1877.
“Luz”, poesia, 1882. No periódico “Almanank das Senhoras para 1882”. Lisboa, pp 204-205.
“As duas estrelas”, poesia. 1882. No periódico “Almanank das Senhoras para 1882”. Lisboa, pp 165-166.
“Huganianas”, teatro, 1885. Acesso via: https://www.literaturamaranhense.ufsc.br/documentos/?id=216896

Fontes
Batismo: “Brasil Batismos, 1688-1935”, database, FamilySearch (https://familysearch.org/ark:/61903/1:1:XJZR-LXF: 31 January 2020), Amalia dos Passos Figueiroa, 1846.
Óbito da irmã Amália: “Brasil Óbitos, 1750-1890”, database, FamilySearch (https://familysearch.org/ark:/61903/1:1:XJ38-RPG: 31 January 2020), Amalia dos Passos Figueroa, 1829.

Referências
“Amália Figueiroa”. In. Literatura Maranhense. Acesso via: https://www.literaturamaranhense.ufsc.br/autores/?id=1882
Amália, Narcisa. “Amália Figueiroa”. In. Periódico “A Luz”; 1873, p 265, 273-274.
Baumgarten, Carlos Alexandre. “A poesia de Amália Figueiroa”. In. “Cadernos Literários”, nº22, Rio Grande, RS. 2014. pp. 31–38. Acesso via: https://periodicos.furg.br/cadliter/article/view/11464
Blake, Augusto Victorino Alves Sacramento. Diccionario Bibliographico Brazileiro. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1883. Volume 7.
Lopes de Oliveira, Américo. “Escritoras brasileiras, galegas e portuguesas”. s.l. Tipografia Silva Pereira, 1983, 70.
Palmela, J. “Amália Figueiroa”. In. Periódico “Gazeta de Notícias”, de 29 de dezembro de 1878, p. 2.
Pietrani, Anelia. “A case of literary sorority: Narcisa Amalia and Amalia Figueiroa in 19th century newspapers and magazines/Um caso de sororidade literaria: Narcisa Amalia e Amalia Figueiroa em jornais e revistas do seculo XIX.” Soletras, vol. 20, no. 40, July-Dec. 2020, pp. 51+. Gale Academic OneFile, Acesso via: link.gale.com/apps/doc/A647536120/AONE?u=anon~1a4e4359&sid=googleScholar&xid=a1867307.

(*) Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.

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