Mais do que um cargo, um símbolo de representatividade – por Lúcia Madruga

No exato dia em que comemoramos o marco histórico do voto feminino no Brasil, assumi a prefeitura, tornando-me a primeira mulher eleita a ocupar essa posição em Santa Maria. Foi profundamente significativo ouvir de tantas mulheres que, ao me verem nesse papel, sentiam-se representadas e, de certa forma, também prefeitas.

Foram 166 anos até que esse momento marcasse nossa história – a minha e a de Santa Maria. Por isso, essa conquista vai além do aspecto administrativo; ela se consolida como um símbolo de representatividade, evidenciando a presença e a importância das mulheres na política. Nossas trajetórias se entrelaçaram, demarcando um espaço de maior visibilidade feminina e reforçando, ainda que gradualmente, a ampliação da participação das mulheres nos espaços de decisão.

Acredito que a presença feminina nesses espaços pode fazer a diferença no mundo. Não porque sejamos melhores ou piores do que os homens, mas porque nosso olhar sobre os desafios do cotidiano traz novas perspectivas e sensibilidades. Com a mulher, chegam novos aromas, vozes e cores. O tempero é outro.

Minha trajetória na área pública foi marcada por múltiplas experiências. Fui professora, gestora e eterna aprendiz. Sempre pautei minhas decisões pelo compromisso com as pessoas afetadas por elas. Foi assim como educadora, pesquisadora e secretária de educação. Foi assim nos momentos críticos, como a pandemia e as enchentes, e na incansável busca pela construção das novas escolas que entregamos. Porque, no fim das contas, nada é mais importante do que as pessoas. Quando buscamos um espaço novo e bem cuidado para uma escola, é porque ali estarão crianças, jovens e educadores que terão um ambiente mais digno e feliz para aprender e ensinar.

A responsabilidade que assumi ao ser eleita vice-prefeita está ancorada na consciência de que essa conquista não foi apenas minha, mas fruto de um esforço coletivo que se uniu por um propósito comum. Todos os momentos até aqui foram marcados pelo apoio e pela confiança dessa coletividade, tornando o desafio ainda mais significativo. Assumir a prefeitura não foi diferente. Compartilhei essa emoção com familiares, apoiadores e amigos, além de sentir o carinho de tantos que nos acompanham pelos meios de comunicação. Esse reconhecimento não tem preço e ainda é difícil de dimensionar.

Minha família é meu alicerce, e minhas netas, Laís e Lara, são uma fonte constante de inspiração. Mais do que ocupar um cargo público, sinto-me incumbida da responsabilidade de ser um exemplo para elas. Quero que cresçam cientes de seu potencial, de sua força e das inúmeras oportunidades que podem e devem conquistar.

Que este momento represente não apenas um marco pessoal, mas um incentivo para todas as mulheres que sonham em ingressar na política e transformar a sociedade. Essa conquista não é apenas minha; ela pertence a todas as mulheres de Santa Maria. Que seja mais um passo rumo a uma participação feminina cada vez mais naturalizada e legitimamente reconhecida na política

(*) Lúcia Madruga é vice-prefeita de Santa Maria. É professora e foi também secretária municipal de Educação entre 2017 e 2024.

Nota do Editor: a foto de Lúcia Madruga, que ilustra este artigo, é de Samuel Marques, da Assessoria de Imprensa da Prefeitura.