Quando a segurança se torna parte da cultura – por Rosito Zepenfeld Borges
‘Em que estágio está a cultura de segurança da sua empresa - e a sua própria?’

Entendemos por cultura o conjunto complexo de comportamento, crenças, valores, costumes, artes e conhecimentos que caracterizam uma sociedade ou um grupo social. Ela é aprendida e transmitida de geração em geração, moldando a maneira como as pessoas veem o mundo e se relacionam com ele. Percebemos diferenças culturais quando, por exemplo, chegamos ao Rio de Janeiro e encontramos um Cristo de braços abertos – símbolo de acolhimento -, ou ao Rio Grande do Sul, onde o Laçador, de semblante firme, representa a bravura do povo gaúcho.
As empresas também desenvolvem sua própria cultura, denominada cultura organizacional. Ela é formada por documentos, crenças, valores e práticas – alguns elementos formais e registrados, outros implícitos no comportamento cotidiano. Dentro dela, destaca-se a cultura de segurança, que reflete a forma como a organização compreende e pratica a segurança em seu contexto. Algumas instituições demonstram uma cultura sólida e madura, enquanto outras ainda a tratam como um requisito secundário.
A metodologia desenvolvida pela DuPont® contribuiu significativamente para o entendimento dessa dinâmica. Por meio da Curva de Bradley, é possível relacionar o nível de maturidade em segurança ao volume de perdas – sejam custos diretos de acidentes, afastamentos ou danos diversos. Essa curva classifica o comportamento das pessoas e organizações em quatro estágios de maturidade: Reativo, Dependente, IndependenteeInterdependente.
No estágio reativo, predomina a ausência de responsabilidade: as pessoas acreditam que segurança é questão de sorte, desconsideram procedimentos e justificam suas falhas por fatores externos. Infelizmente, grande parte das organizações ainda se encontra nesse nível, onde a imaturidade cultural gera perdas significativas – inclusive financeiras.
No estágio dependente, os colaboradores reconhecem a importância das normas e procuram cumpri-las, ainda que de forma supervisionada. Já no estágio independente, cada indivíduo assume a responsabilidade por sua própria segurança, adotando comportamentos seguros por convicção pessoal. O estágio interdependente, por sua vez, representa o mais alto grau de maturidade: as pessoas cuidam não apenas de si, mas também umas das outras, consolidando uma cultura de confiança e cooperação.
A transição entre esses estágios demanda tempo, comprometimento e, acima de tudo, liderança engajada. Permanecer no estágio reativo é fácil e cômodo – mas custoso. Evoluir exige reflexão e vontade de mudança.
Por isso, vale a pergunta: em que estágio está a cultura de segurança da sua empresa – e a sua própria?
Promover uma cultura de segurança não é apenas prevenir acidentes; é fortalecer o senso de cuidado mútuo e responsabilidade compartilhada, dentro e fora do trabalho.
(*) Rosito Zepenfeld Borges é Engenheiro de Segurança do Trabalho. Ele escreve no site às segundas-feiras.






Não é minha praia. Mas andando pela cidade, com exceção das telefonicas, Corsan e RGE, o que se ve são acidentes esperando para acontecer. Criatura pegando escada de todo comprimento e subindo em cima de um shed de dois andares (acho que para instalar placas solares). Numa escada de aluminio fragil. Sem cinto, arnes, etc. Sem ninguem segurando a escada. Sem oculos. Em construções o gancho enganhado na propria criatura e não numa corda.
Olá “O Brando”.
É exatamente sobre isso que estamos falando. Tudo isso que foi citado representa o estágio reativo, onde a maioria das empresas e pessoas se encontram. E muitos que se “organizam” é em função da fiscalização. A maturidade chega quando entendem que a mudança deve acontecer em função da segurança.
Obrigado pela colabroação.