MEDO E INCOMPETÊNCIA. Desde quando Lula concorrer é atentado à democracia???

Num determinado momento, a oposição incompetente, com o auxílio, incentivo e até iniciativa da mídia tradicional, jurava que Lula tentaria um terceiro mandato. Um “atentado à democracia”, antecipavam. O próprio, aliás, nunca falou do tema. E, agora se sabe, dava risada em privado.

Agora, Dilma Rousseff vira presidente. E o que se fala, escreve e até grita? Lula será candidato em 2014. É? E se for? Qual o problema? Diz-se que seria continuísmo e, mais uma vez, agora aos sussurros, a mídia e a oposição indicam tratar-se de “atentado à democracia”.

Que bobagem. Primeiro, Lula pode ser candidato, sim. Não há nada que o impeça, e ele afinal de contas estaria constitucionalmente habilitado. Onde está, portanto, o atentado. E, segundo, em nenhum momento o cara disse que será candidato. Insinuou que é possível, nada além disso. Mas a mídia ressoa, incansavelmente.

Na verdade, na verdade, o problema era outro, antes. E é o mesmo, agora: absoluta incompetência da oposição, combinada com o medo. Mas, e qual o problema se, e somente se, Lula (ou Dilma) ganhar em 2014, ficando o mesmo partido 16 anos no poder? Desde quando isso é “atentar contra a democracia”?

Quem escreve sobre isso, e concordo integralmente, inclusive trazendo exemplo da maior democracia ocidental, os Estados Unidos, é o pra lá de insuspeito Paulo Moreira Leite, da revista Época. Ele só não fala sobre a mídia (que disto a responsabilidade é deste editor). Mas, do resto, sobra argumentação. Acompanhe:

“A oposição e o quarto mandato

A oposição começou mal a enfrentar o governo Dilma Rousseff – que sequer
tomou posse, aliás.

A atual idéia fixa da oposição é o retorno de Lula em 2014. O presidente admitiu essa hipótese de forma bastante vaga numa entrevista mas foi o suficiente para que comentaristas e porta-vozes da oposição acendessem uma luz vermelha, assumindo o tom de quem faz uma denúncia grave.

Essa postura é preocupante – do ponto de vista dos brasileiros que não gostam do PT, não votaram em Dilma nem querem a volta de Lula ao Planalto. É mais reveladora das fraquezas da oposição do que de excessivos apetites da situação.

Considerando que a lei autoriza que um presidente só dispute uma reeleição, mas nada diz sobre uma nova tentativa quatro anos mais tarde, não se compreende tamanho alvoroço em torno dessa possibilidade. Estamos falando de uma hipótese legal, que não pode ser encarada como uma espécie de ameaça a democracia.

O simples fato de Lula cogitar um eventual retorno à presidência – coisa que nenhum outro presidente vivo poderia sequer sonhar em fazer – já é uma advertência para as dificuldades futuras dos oposicionistas.   Ao lembrar essa hipótese de forma tão veemente, eles já demonstram o pouco apreço por seus possíveis candidatos, concorda?…”

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