ComportamentoCrônica

CRÔNICA. Pylla Kroth e um amigo dele, que vende próteses de tudo, inclusive… daquele órgão masculino

Caralhinhos biônicos voadores

Por PYLLA KROTH (*)

Os que aqui me acompanham sabem: não sou um escritor, e também não me considero poeta. Tento narrar meus “causos” vividos no cotidiano de meu “gauderear de andarejo” roqueiro com simplicidade, para que as crônicas sejam degustadas com prazer e sem muito matutar. Mas na verdade eu vos digo, aquelas que mais parecem fáceis de entender pelos leitores, são as que mais me dão trabalho para concluir. É um jogo de encaixe de peças daqui e dali difícil de terminar, as palavras e o raciocínio, que tenho a preocupação de deixar o mais claro e fácil de ler o possível sem muitas delongas. Isso às vezes faz com que eu fique aqui na frente dessa tela por horas.

Às vezes pessoas me perguntam se estas histórias são invenção minha. E aí me sinto bem e de certa forma lisonjeado por ter vivido tantos “causos” interessantes; são realmente histórias vividas mesmo. Se já aconteceram com alguém, e isso é bem provável, é mera coincidência, posso afirmar.

Então, sendo assim, como isso aqui é uma crônica, vou direto ao assunto. Conheci em um tempo não muito distante um sujeito que atendia pelo apelido de “Picareta”. Não conseguia se firmar em nenhum emprego seguro que lhe rendesse um bom salário. Foi garçom, chofer de táxi, pedreiro, eletricista, encanador e mais uma dezena de profissões.

Eu não o via há algum tempo quando em uma esquina de uma grande cidade ele me reconheceu e soltou um baita berro. Parou aquele carrão importado e para o meu espanto foi logo me convidando para darmos uma volta e tomarmos um cafezinho, pois da última vez que o vira ele era vendedor de carros em uma concessionária.

Fui logo lhe interpelando sobre sua profissão de vendedor de carros que pelo visto andava boa, era o que me parecia. “Vendedor de carros!? Que nada! Não vendo mais carros faz uns 25 anos, amigo! Agora minha profissão é outra! Sou proprietário de uma revendedora de próteses!’ E lhe pergunto: “prótese de que?” e ele me responde: “de joelho, de perna, de seios, de bunda e de… pênis!” Olho pra ele espantado e retruco: “De pênis?”, pois nem sabia que isso existia. “Sim”, me diz ele, “essa última é a que mais me tem dado lucro.” Ai largo um verso bem gaúcho: “vê se eu agüento, então quer dizer que anda vendendo caralho postiço, é?”. “Sim, piça postiça”, me responde ele com toda seriedade, “já vendi bunda e tico pra muita gente famosa, que até aparecem seguido na televisão!”

Meio apavorado com a situação e tentando quebrar o gelo pergunto se por acaso ele não tinha vendido seu produto top pra alguns que conheço do meio artístico, mas ele me respondeu que era antiético dizer nomes, mas me confidenciou algo curioso: que esses ticos mágicos têm durabilidade eterna, uma vez o sujeito colocando e fazendo seu cadastro, pode até deixar de herança para seus descendentes, mas aí que entra seu maior lucro. Geralmente são produtos caros e importados e quando o sujeito morre eles são avisados e geralmente nenhum dos entes queridos quer a piça do falecido e eles acabam revendendo para outros, faturando assim duas, três vezes o mesmo caralho.

Apavorado com aquela prosa do Picareta velho amigo, agora um “vendedor de tico biônico protético”, me levanto da mesa dado ao avançado das horas e me despeço, mas não sem antes lhe fazer uma última pergunta. “ Por acaso tu não vendeu uma dessas piças pra alguém desse novo governo não é?” E ele me responde, gaiato: “mandei vir dos EUA a maior delas, amigo, sob encomenda, e ela inclusive vai vir com um drone acoplado. Tá pra chegar….tá pra chegar…”

Esse encontro foi em dezembro passado. Ando desconfiado que esse drone bizarro já anda voando por ai, e já deve inclusive ter entrado em muitos traseiros… Deus me livre… Por mim esse meu velho amigo poderia ter ficado com a sua antiga profissão. Vejam o que faz a ganância por dinheiro.

(*) PYLLA KROTH é considerado dinossauro do Rock de Santa Maria e um ícone local do gênero no qual está há mais de 35anos, desde a Banda Thanos, que foi a primeira do gênero heavy metal na cidade, no início dos anos 80. O grande marco da carreira de Pylla foi sua atuação como vocalista da Banda Fuga, de 1987 a 1996. Atualmente, sua banda é a Pylla C14. Pylla Kroth escreve às quartas feiras no site.

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: A imagem que ilustra esta crônica é uma reprodução da internet.

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