Na UFSM ou no Planalto, Pimenta é sinônimo de luta pela democracia – por Valdeci Oliveira
Ele sabe que ‘a mim ele só não pode pedir uma coisa: torcer pelo Internacional’
A partir do momento em que eu soube da indicação do companheiro e deputado federal Paulo Pimenta como titular da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) até sua cerimônia de posse, na última terça-feira (3), em Brasília, não pude evitar rememorar inúmeras lembranças. Se em meio a autoridades, amigos e amigas, companheiros e companheiras de partido, aquele momento era o reconhecimento a uma das figuras por quem tenho o maior respeito e consideração, a ocasião incluía o início da redação de mais um capítulo de sua trajetória política. Arrisco-me a dizer: uma das mais importantes até hoje.
Jornalista de formação (graduado pela nossa UFSM), defensor da democracia e do estado democrático de direito e firme em suas convicções – o que significa também mudar de opinião se convencido for -, Paulo Pimenta tem muito claro que tem pela frente um grande desafio, mas que suas credenciais o apontam com condições para cumpri-lo. Como ele próprio fez questão de destacar em seu discurso, desinformação mata e o desejo é não mais repetir esse problema, com um trabalho permanente de combate às notícias falsas, aos discursos de ódio, com uma relação profissional e respeitosa com a imprensa, com a transparência.
Durante meu deslocamento a Brasília – para presenciar a posse -, o exercício que nos dispomos a fazer com nossas reminiscências foi atrás de datas, imagens, fatos interligados que facilitassem a conta dos anos, nomes e situações. Enquanto os fragmentos do passado iam aparecendo, me dava conta de que entre as discussões mais acaloradas e as disputas partidárias internas mais acirradas que travamos, até chegar a uma parceria de quase quatro décadas, o tempo passado não fora longo.
Juntamente com homens e mulheres comprometidos com um objetivo, presenciamos, participamos e acompanhamos momentos históricos como a luta pela redemocratização do país, a criação e reorganização dos partidos políticos trazidas pelo fim do bipartidarismo imposto pela ditadura civil-militar, o renascimento dos movimentos sociais organizados, a criação da CUT, as Diretas Já, a Constituição Cidadã de 1988. Eram essas as movimentações que na época buscavam dar forma, cara e voz ao incipiente retorno à democracia brasileira que precisava ser reconstruída.
Enquanto um, sete anos mais jovem, militava no movimento estudantil, o outro atuava nos movimentos comunitário e sindical. E ambos os segmentos apontavam para a participação num então recém lançado partido político. Se inicialmente a diferença de idade e áreas de militância naturalmente pesavam para certo “distanciamento”, o convívio mostrou que os interesses – mesmo com alguma diferença no caminho a ser seguido – eram os mesmos. E a partir desse entendimento se construiu uma jornada que uniu amizade e política, permitiu o compartilhamento de sonhos, a disposição para cerrar fileiras em defesa daquilo que acreditamos ser – ou estar próximo de – uma sociedade justa.
Foi desse entendimento que juntos fomos eleitos os primeiros vereadores do Partido dos Trabalhadores em Santa Maria, no final dos anos 1980. Da mesma forma, foi dessa combinação de personalidades que nos tornamos, também de forma inédita, prefeito e vice da nossa cidade na década seguinte. Desde então, foram muitas as lutas, as eleições, as parcerias formadas para além do Arroio Cadena.
Do jovem estudante, que ao lado de outros como ele, já nos anos finais do moribundo último governo militar do ciclo iniciado em 1964, dobrou os donos do poder da época a partir de um movimento que paralisou a Universidade Federal de Santa Maria e a levou a ser a primeira instituição de ensino superior federal a ter um reitor eleito com o voto de sua comunidade, passando pelo tiro que levou em um dos joelhos por pichar paredes em defesa de eleições diretas para presidente e pela greve estudantil que fez com que fossem conquistados importantes avanços no transporte coletivo para o campus, Pimenta nunca abandonou seus ideais e sempre se postou à frente das trincheiras cavadas pela sociedade democrática.
Ao assumir a chefia da Secom, num momento em que o país exige reconstrução, diálogo, respeito e participação social, o desejo manifestado por Pimenta no dia de sua posse evidencia uma demanda civilizatória, urgente, que vem sendo elaborada e buscada por sociedades democráticas ao redor do mundo, seja por meio de organizações privadas, sociais ou governos. Em resumo: que nossas atitudes não sejam praticadas a partir de informações inverídicas e preconceitos, sejam eles de raça, credo ou classe social, difundidos por sistemas de comunicação. Pior do que não informar é informar errado – e foram muitos os exemplos durante a pandemia e as últimas eleições.
A estrada até pode se mostrar tortuosa, geograficamente acidentada ou íngreme demais para ser vencida facilmente. Não importa. Assim como há quase 40 anos, estaremos do mesmo lado, somando esforços e, se necessário, dividindo o fardo a ser carregado. O Pimenta sabe que a mim ele só não pode pedir uma coisa: torcer pelo Internacional.
(*) Valdeci Oliveira, que escreve sempre as sextas-feiras, é deputado estadual pelo PT e foi vereador, deputado federal e prefeito de Santa Maria. É também o atual presidente da Assembleia Legislativa gaúcha.
Kuakuakuakua! Sim, cumpanhero co-proprietario da franquia do PT na aldeia é ‘democratico para K7’. Fabiano que o diga. Kuakuakuakuakua!