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Os 17 mil imóveis desocupados que denunciam uma Santa Maria cara e descuidada – por Giuseppe Riesgo

Ao olhar apenas “numericamente” ... parece ser algo insignificante. Mas não é

Todos os santa-marienses que percorrem o centro da cidade já estão acostumados com o abre e fecha de lojas e pontos comerciais. Agora, a população vem se habituando ao crescente número de imóveis desocupados que, por longas temporadas, tem suas fachadas substituídas por placas de Aluga-se. Dos 132 mil domicílios registrados no nosso município no último Censo do IBGE (2022), 17 mil estão fechados (1,5% do total). A maioria deles representa pontos comerciais.

Ao olhar apenas “numericamente” esse recorte parece ser algo insignificante. Mas não é. E vou dizer o porquê.

Santa Maria sofreu, recentemente, frente à pandemia da Covid-19, um baque imobiliário. Imóveis foram rapidamente esvaziados, uma vez que lojistas e comerciantes fecharam as portas dos seus negócios e, consequentemente, cortaram postos de trabalho. Agora, estes números do Censo escancaram a despreocupação com o desenvolvimento econômico de uma cidade que tem tudo para crescer e prosperar, mas que insiste, nas últimas décadas, a não ascender.

Infelizmente, as instituições representativas interessadas no desenvolvimento econômico da cidade estão longe de encontrar um caminho que possa fomentar a ocupação desses imóveis vazios. Em uma reunião com o poder público na semana passada, foram discutidas soluções viáveis, mas nenhuma solução foi posta à mesa. O encontro, conforme a imprensa, rendeu apenas planos de projetos futuros e estratégias a serem definidas.

Para um município como Santa Maria, considerada uma “cidade empreendedora”, vejo como essencial o ente público municipal desenvolver métodos mais eficazes de atrair investimentos – o que a prefeitura diz fazer muito bem mas, na minha opinião, são ações ainda incipientes e insuficientes. É necessário muito mais!

Não se cria um ambiente próspero para a economia somente revitalizando a estética do Centro Histórico, por exemplo, e oferecendo pequenos incentivos fiscais ou linhas de crédito aos empreendedores. Isso, na verdade, é dourar a pílula.

Existe um programa local de microcrédito que disponibiliza empréstimos de até R$ 10 mil para microempreendedores individuais, microempresas ou autônomos de Santa Maria. A prefeitura acha isso suficiente.

Mas é uma conta que não fecha para a maioria dos pagadores de impostos e empreendedores que pagam valores muito altos em aluguéis e desembolsam tantos outros valores que são necessários para abrir e manter um negócio.

O poder público precisa considerar, além da realidade econômica atual, as características próprias do município e da região em que há tantos imóveis parados. É bonito um calçadão e uma praça nova, mas existe segurança nesses locais? Como é a burocracia para abrir e manter um negócio lá? Como se dá a mobilidade urbana para os trabalhadores, especialmente, aos que utilizam o transporte coletivo? Existe uma boa grade de horário disponível das linhas de ônibus? Qual a situação das vias de acesso?

Vivemos uma crise na economia que acompanha o país, ao menos, desde 2014. E, a cada crise, temos os empreendedores ocasionais que colocam o pouco dinheiro que tem em alguma iniciativa em busca de renda. Mas, Santa Maria precisa se transformar em uma cidade que promova um ambiente favorável e crie espaços voltados à permanência desses empreendimentos. Só assim estaremos inseridos na rota da economia.

Onde tem gente circulando e consumindo, tem faturamento para as empresas. Empresa vendendo, é empresa gerando emprego, renda e, consequentemente, podendo pagar os aluguéis. É essa engrenagem consistente e estável que pode manter os lugares ocupados e fomentar o giro da roda da economia para todo o município.

(*) Giuseppe Riesgo é ex-deputado estadual pelo partido Novo. Ele escreve no Site às quintas-feiras

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9 Comentários

  1. E o desenvolvimento? Santa Maria tem que ser olhar no espelho. Tem que ver o que é possivel. Vai acontecer? Não. Sai a administração atual que só pensa em marketing, Distrito Empulhativo (vide a bobajada da iconografia, ficam mostrando um livro como se fosse uma grande realização) e na reeleição do sucessor da alcaide (que precisa de base para tentar voltar a ser deputado). Deve entrar uma administração ‘progressista’ que ama de paixão o primitivismo. Logo mais 8 anos de estagnação e/ou marcha a ré.

  2. Parenteses. Algum imbecil andou largando um ‘fala mal do servidor porque nunca passou num concurso’. Sem argumento partiu para a desqualificação. Aqui na aldeia não é comum, fora daqui não é incomum entrar na repartição e ver um cartaz com o artigo do Codigo Penal: Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela.’. Sim, porque para o grande publico o que importa é a demora no atendimento e a burocracia (falta de serviços ja foi absorivida). Também os salarios. Projeto no Congresso visa devolver os quinquenios para as carreiras judidicas. Aparentemente 40 mil por mes não é ‘valorização’ suficiente. No que vem o ‘concurso esta ai para todos’. Só que as funções não, muita gente ‘enlouqueceria’ ficando 8 horas esfregando a barriga na mesa por exemplo. Muita gente não tem vocação para lecionar (mesmo assim varios(as) ocupam cargo de professor(a)).

  3. ‘Onde tem gente circulando e consumindo, tem faturamento para as empresas.’ Foi assim, não sei se ainda é. Chavões do passado ainda são validos? Esta semana estive no centro. Duas coisas que iria comprar consigo muito mais barato na internet. Num lugar onde tive que passar no caixa, loja de grande rede, lembrei do BESC. Banco do Estado de Santa Catarina. Foi privatizado ou absorvido pelo BB, não lembro. Presenciei gente na fila ameaçando de agressão fisica os caixas para que trabalhassem ‘com mais afinco’. Não precisa dizer que chamaram a policia.

  4. O que leva a mais imbecilidade. Supermercados não irão abrir no domingo, não está no horizonte. Falta de assunto, ficam apojando vaca morta. Alas, aparentemente não é viavel economicamente para as grandes redes.

  5. ‘[…] Santa Maria, considerada uma “cidade empreendedora” ]…]’. Quer dizer nada, é exatamente o mesmo discurso de muitos outros lugares. Mentalidade. Muitos consideram a aldeia como uma ilha no meio do Universo, não enfrenta competição nenhuma. Até perder uma ESA. Que alguns imbecis ainda acham ser possivel vir para ca.

  6. Pior que uma cidade acefala é uma cidade no rumo errado. Por isto causa riso a afirmação de alguns ‘é necessario apostar no longo prazo’.

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