Estávamos com saudades dela – por Anderson Santos e Dijair Brilhantes
Coluna Além das 4 linhas – edição da semana de 26 de janeiro de 2013– por Anderson Santos (editor) & Dijair Brilhantes
Como todo profissional, o jogador de futebol tem direito a gozar férias. Algo que nós, amantes do futebol, jamais conseguiremos entender, afinal, queremos ver a bola rolar sempre. Tivemos que aguardar pouco mais da metade do primeiro mês de 2013, para poder matar a saudade do futebol competitivo.
Avisem ao Grêmio que a Libertadores começou
São Paulo e Grêmio iniciaram na competição mais importante para os brasileiros. Ambos jogaram a fase preliminar da Copa Bridgestone (que já foi Toyota e Santander) Libertadores. O São Paulo venceu a fraca equipe boliviana do Bolívar por 5×0 e só uma catástrofe pode deixar os paulistas fora da próxima fase, com Paulo Henrique Ganso seguindo no banco e o quarentão Rogério Ceni marcando o seu de pênalti.
Já o Grêmio foi ao Equador com a antecedência necessária para enfrentar o renovado e sempre perigoso time da LDU e, principalmente, a altitude de Quito. Além do jogo, porém, o Tricolor teve que enfrentar vários problemas internos que parecem que vão permeando a carreira do técnico Vanderlei Luxemburgo, ano passado demitido do Flamengo mesmo com classificação para a fase de grupos da Libertadores.
A boa relação do profexô com os repórteres esportivos gaúchos, tratado quase como uma divindade em 2012, parece ter acabado. Ninguém parece entender que a vontade de Luxa sempre foi a de ser um manager, no melhor estilo do veterano e duradouro técnico do Machester United Alex Ferguson. Para os colegas gaúchos, Luxemburgo é um grande técnico e isso basta.
Além do empate na pseudo despedida do Olímpico contra o Internacional, que forçou o Grêmio à participação da Pré-Libertadores, em quase um mês, algumas decisões (polêmicas) foram tomadas. Primeiro, a contratação do experiente Dida para ser titular no lugar do prata-da-casa Marcelo Grohe, de grande temporada em 2012.
Depois, com o time já em Quito, a notícia de que um dos vice-presidentes do clube pediu demissão do cargo após um mês no cargo. Oficialmente, ele não conseguiria manter a vida de empresário com o clube. Extra-oficialmente, este diretor tinha contado frequente com um jornalista esportivo, a quem passava, em primeira mão, as notícias do clube. Luxa prometera investigar quem passava as informações. Descoberto, ele teve que sair.
Como se não bastasse isso, o zagueiro Vilson, que seria titular na Pré-Libertadores por conta da punição sofrida por Werley (e Léo Gago) após a eliminação contra o Millonarios pela Sul-Americana, irritou Luxemburgo num jogo-treino e foi mandado embora do clube. O técnico disse que o empresário do jogador ameaçou o clube por e-mail de tirar o jogador do elenco caso o contrato, a encerrar em dezembro, não fosse renovado agora. O zagueiro se disse arrependido do episódio do treino, mas negou veementemente qualquer ameaça por e-mail.
Ah, em campo, apesar de aguentar bem a altitude, contar com uma boa estreia do chileno Vargas e algumas bolas na trave, os gaúchos perderam por 1 a 0 e precisam vencer por dois gols de diferença para não repetir o “feito” corintiano de 2011 e ficar fora da fase de grupos.
Estaduais
Os principais e questionados campeonatos estaduais começaram na semana passada. Paulistas, cariocas, paranaenses e gaúchos puderam ver novamente os principais clubes em campo. A grande maioria com times reservas, mas o que realmente vale é a camisa. Momento bom para podermos ver futuros craques, já que a maioria dos times recorre às categorias de base para conseguirem se preparar melhor para um ano recheado de competições.
O Paulistão começou com o chinês Zizao chamando a atenção por uma assistência em sua estreia como titular pelo time reserva do Corinthians; o São Paulo não aparentando sentir falta de Lucas no ataque; o Santos com um time ainda mais forte, agora com o argentino Montillo no meio; e o Palmeiras começando mal, com promessa da vinda de Riquelme como tentativa de “milagre” do banana Arnaldo Tirone.
Se num dia o time começou o Paulista empatando sem gols em “casa” (Pacaembu), os outros dias da semana agregaram a primeira vitória após 8 jogos e, o principal, a eleição de um novo presidente. Paulo Nobre, de 44 anos, mesmo com o apoio do grupo da raposa Mustafá, foi eleito presidente para o próximo biênio e já mostrou ter os pés no chão ao negar a contratação do argentino Riquelme e contratar José Carlos Brunoro, que trabalhou nos primeiros anos da parceria com a Parmalat na década de 1990, para ser seu braço direito.
No Gauchão o fato marcante e negativo foi a reabertura do Estádio Olímpico. Depois de ter sido decretado o encerramento das atividades no campo da Azenha, com direito a “festa de despedida” no último jogo pelo Brasileirão de 2012, a direção gremista resolveu reabrir o estádio para conservar o gramado da nova arena gremista, ignorando cada lágrima derramada pelos torcedores no Gre-Nal de que era para ser de despedida.
A decisão foi da Grêmio Empreendimentos, responsável pelo estádio, para que o gramado ficasse em condições para a disputa de futebol. Este fato serviu para o novo presidente Fábio Koff cutucar o anterior sem precisar falar nada. Koff havia dito em dezembro que a Arena não era do Grêmio e, além disso, percebe-se que houve uma pressa excessiva em inaugurar o novo estádio ainda na gestão de Paulo Odone.
E a derrota para o Canoas na 2ª rodada não foi o pior. Para completar, houve uma briga entre “torcedores” do clube no pátio do velho Olímpico, que ocasionou mais de 30 “prisões”. Assim começa 2013, do mesmo jeito que acabou 2012, com briga entre gremistas, o que mudou foi o palco.
A volta pelo bem do Nordeste
A grande novidade de 2013 é a volta da Copa do Nordeste, com aval da CBF e com um calendário adequado, de forma a beneficiar os clubes de uma região importantíssima para a paixão futebolística do torcedor brasileiro.
Os 16 clubes de 7 Estados da região dividiram igualitária o dinheiro conseguido pelos direitos de transmissão do torneio, a cargo da TV Esporte Interativo, e duelam pelo título de melhor time da região, que dá vaga à Copa Sul-Americana.
Por conta disso, os Estaduais tiveram suas fórmulas modificadas, de maneira que os clubes integrantes do Nordestão entrarão numa segunda fase de seus Estados, num processo que segue com estes torneios – essenciais para os “mercados” menores – e podem fazer ressuscitar um gigante que deu muito sucesso nos primeiros anos do século XXI. Algo fundamental para fazer crescer ainda mais o futebol da região.
A nova família Scolari
A semana teve também a primeira convocação da seleção brasileira de Felipão. O treinador optou por manter a base deixada pelo seu conterrâneo e antecessor Mano Menezes. A surpresa maior ficou por conta da convocação do zagueiro Dante, do Bayern de Munique, além dos “veteranos” Júlio César, do Queens Park Rangers, e Ronaldinho Gaúcho, campeão com Felipão em 2002 e que fez uma excelente temporada pelo Atlético-MG.
O técnico voltou a salientar que o Brasil é um dos favoritos para vencer o mundial e ressaltou que o título é uma obrigação já que a Copa será disputada em casa. Vamos esperar que ao menos dentro de campo o time passe a apresentar melhor futebol, e que a mudança de técnico surta efeito. Afinal, Castelão e Mineirão já estão prontos para receber o futebol.
Saiu o campeão do “mercadinho” da bola
Parte do litoral paulista teve um motivo extra para comemorar o aniversário de 459 anos da capital. Os verdadeiros meninos da vila venceram pela segunda vez a Copa São Paulo de Futebol, este que ainda é considerado o torneio mais importante da categoria.
O Santos venceu o Goiás por 3 a 1, sagrando-se bicampeão, e confirmou o belo trabalho feito nas categorias de base. Neymar, que há pouco tempo fazia parte dessa categoria foi encarregado de entregar as medalhas aos campeões. Desta vez José Maria Marin não precisou “esconder” uma medalha no bolso, foi feito uma a mais para premiar o cartola. Só ainda não sabemos o motivo da horraria.
A chamada Copinha aos poucos vai perdendo o prestígio. Os times campeões nem sequer ficam na memória, os empresários (agentes FIFA) são os donos da bola. Com inéditos 100 clubes, passa a ser cada vez mais uma feira de meninos jogadores. Eles são vendidos, comprados, emprestados, oferecidos para pagar dívidas. Todos parecem esquecer que, antes de tudo, são jovens que buscam seu sonho, e acabam cometendo erros que podem prejudicá-los no futuro. Mas quem liga para isso?
Nós ligamos para isso e muitas outras coisas relativas ao futebol. Se ninguém comentar por certos receios típicos do mercado empresarial da comunicação, seguimos em 2013 a intenção de abordar os temas mais polêmicos.
(Para quem quiser nos ajudar criticando e/ou sugerindo novas propostas e assuntos, entre em contato através dos e-mails [email protected] e [email protected])
Anderson Santos é jornalista e mestrando em comunicação social na Unisinos ([email protected]) e Dijair Brilhantes ([email protected]) é estudante de jornalismo
Twitter da coluna: @alem_das4linhas
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