Eu gosto de meias – por Daiani Ferrari
Sempre tive azar em amigo secreto. Não sei o motivo, mas ontem indo para casa, caminhando sem pensar em nada útil, isso me veio à cabeça e pensei que valia a pena contar. O primeiro amigo secreto ou oculto, como queiram, do qual lembro foi ainda em São Borja, no CESB, meu colégio desde a terceira série. Acho que foi neste primeiro ano na nova escola que tive o início da experiência que vem me marcando ano após ano.
O meu amigo era uma menina legal, não a melhor amiga ou a que ia junto para a pracinha, mas legal, gente boa. Comprei um estojinho de maquiagem. Ela era vaidosa, notava-se pelas roupas e pelos seus modos meio afrescalhados. Fui toda faceira para a aula no dia da festinha em que haveria a revelação dos nomes. Na minha vez de receber o presente, a surpresa… dois rabicós de cabelo. Detalhe, meu cabelo era curto e não dava para prender. Havia cortado por causa de piolhos nas férias e ainda não havia crescido.
Já no sexto ano comprei uma caixa de bombons com diferentes recheios. A embalagem toda enfeitada, o presente que todo mundo gostaria de ganhar. Os que apreciam chocolates, óbvio. Ganhei uma caixa. Bonitinha até, de papelão, forrada com um papel de flores. Quando abri para ver o que tinha… não tinha nada. Achei que estivesse faltando uma parte do presente e fui perguntar onde estava o resto. Não tinha resto, era só a caixa mesmo.
Em uma outra oportunidade falei durante toda a espera da revelação do amigo secreto que não seria legal dar vale-presente, que a escolha deveria ser feita com muito cuidado e carinho, baseados no jeito da pessoa. Discurso à toa. Adivinha qual foi meu presente? Um vale-presente da Multisom. Nada divertido e sem relação nenhuma com aquele papo de cuidado e carinho. Na verdade o contemplado com um artigo da loja foi meu pai. Até hoje ele deve escutar o CD do Bruno e Marrone que ganhou do meu amigo secreto. E só para finalizar a retrospectiva de amigos ocultos, um par de brincos que mais parecem de uma criança de dois anos e que estão na gaveta. E olha que até dei dois presentes. Merecia algo melhorzinho.
Sinceramente, não entendo o motivo pelo qual as pessoas não se empenham quando o assunto é amigo secreto. Isso é coisa muito séria. Da próxima vez acho que vou me privar de participar ou fazer como meu colega que, vendo a situação brasina na abertura do papelzinho, trocou de amigo. Dizem que pessoas boas de bom coração dão presentes sem esperar receber nada em troca. No final das contas vou acabar participando do próximo. Sempre gostei de presentear. Só uma dica: se querem me dar presente, seja amigo secreto ou não, um ótimo regalo são meias. Meias são sensacionais e vou sempre gostar.
Sou testemunha do fato de que a Daiani dá bons presentes de amigo secreto. Ganhei dela, ainda na Secom da Prefeitura, uma bela camisa azul. AZUL, a cor mais bela que existe.