Traço eterno – por Bianca Zasso
Quem tem o mínimo de intimidade com o cinema de animação com certeza conhece o trabalho do Studio Ghibli. Localizado no Japão e criado pelo grande nome da animação japonesa Hayao Miyazaki, o estúdio produziu longas e curtas que são verdadeiras obras de arte. Meu amigo Totoro e Princesa Mononuke são apenas dois exemplos da genialidade de Miyazaki e sua turma. Porém, foi com A viagem de Chihiro que ele alcançou fama para além das terras orientais, levando o Oscar de melhor animação com uma história protagonizada por uma crianças mas que de inocente não tem nada.
A viagem de Chihiro mostra a jornada de uma menina de 10 anos por um mundo paralelo onde metáforas ganham forma nada amigáveis. Chihiro aprende a lidar com problemas de gente grande enfrentando um universo fantástico, onde o traço inconfundível de Miyazaki dá vida a personagens que vão desde um porco gigante até um espírito sinistro, que acompanha a protagonista em uma viagem de trem.
Imprimir com inteligência os conflitos juvenis, em especial os vividos no mundo atual, é algo que este animador japonês faz com primor. Mesmo seus filmes considerados mais infantis, como Ponyo – uma amizade que veio do mar, tem nuances que nem o mais maduro dos cineastas conseguiria abordar com tanta delicadeza. Miyazaki também ousa ao abrir mão da computação gráfica, algo que tomou conta das animações depois que a produtora Pixar lançou o inovador e divertido Toy Story.
A turma do Studio Ghibli usa papel e muitos rabiscos no lugar de pixels e softwares. Numa parceria com a Livraria Cultura, a Versátil Home Vídeo lançou no Brasil um box, com edições em DVD e Blu-Ray, com as principais produções de Miyazaki. Uma relíquia para ter em casa e assistir com a família inteira reunida, incluindo as crianças. Se seus filhos estão acostumados com desenhos japoneses, não vão reclamar. Mas não espere super-heróis de armaduras ou animais que soltam raios. Os monstros são outros. Bem mais perigosos.
Em recente entrevista, Miyazaki anunciou sua aposentadoria. Seus companheiros de trabalho darão continuidade aos filmes que o Ghibli tem planejados. Com a saúde debilitada, o cineasta afirmou que devia ter deixado o lápis e a aquarela de lado há tempos, e assim poderia ter aproveitado mais a vida. Ainda bem que isso não aconteceu. O senhor japonês trabalhou duro para ver seu público sorrindo.
A viagem de chihiro (Sen to Chihiro no Kamikakushi)
Ano: 2003
Direção: Hayao Miyazaki
Disponível em DVD
Coleção Studio Ghibli – Vol. 1
Ano: 2014
Disponível em DVD e Blu-Ray
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