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Mídia. Ainda a carta do repórter demitido pela Globo. Para Nassif, coragem e caça às bruxas

Está rendendo. Pelo menos uma meia dúzia de analistas de peso na imprensa brasileira está tratando, em seus espaços, do conteúdo da carta do jornalista Rodrigo Vianna, escrita (e tornada pública em ato contínuo, pela internet) após ser comunicado pela TV Globo, em São Paulo, da não renovação de seu contrato, que terminaria agora, em 31 de dezembro.

Eu próprio, reconheço (e escrevi isso nos primeiros minutos de quinta-feira, 21 – vai ao calendário e releia, se assim entender) ter algumas dificuldades para acreditar em tudo o que ele diz (no mesmo texto de 21 de dezembro, a carta é reproduzida). Inclusive porque, na minha trajetória certamente cometi muitos erros, mas jamais deixei de expressar opinião junto aos meus patrões, não raro conflitantes. Duvida? Pergunta para a Dra Zaira, diretora de A Razão, como era meu comportamento nas reuniões gerenciais, ao longo de quase 20 anos de convivência. Ganhei muitas vezes, perdi outras tantas. Sempre, porém, deixei claro o que pensava. Duraaaante o contrato. E não saí a escrever contra ou a favor das chefias, após a interrupção do vínculo empregatício.

Em todo caso, de uma coisa eu sei: ainda que tenda a discordar da forma e do momento em que a correspondência foi divulgada, quanto ao mérito, ao conteúdo, bem, aí concordo integralmente com o ex-jornalista da Globo. E a respeito da cobertura global (e de outros veículos grandões da mídia pátria) muito falei aqui mesmo. Pretendo, de minha parte, encerrar esse assunto – inclusive porque, desconfio, pode ter sido o início de uma série bem-vinda de discussões sobre a mídia e seus donos, e como eles estão cada vez mais perdendo a influência que imaginam ter junto a esta tal de opinião pública. E sempre que surgir fato novo, este espaço vai refletir o tema, com certeza.

Mas, para fechar esse caso específico, reproduzo a opinião de um dos mais brilhantes e respeitados jornalistas nacionais. No caso, Luis Nassif. Acompanhe o que ele diz, na página que mantém na internet:

”O caso Rodrigo Vianna

É má fé acusar o repórter Rodrigo Vianna de oportunista, por ter divulgado o e-mail contra a Globo após ser comunicado de sua demissão.

A resposta do chefe de jornalismo em São Paulo não convence. Não desmente o episódio relatado por Vianna em sua carta, de que, ainda durante a campanha, teria procurado a chefia de jornalismo com outros colegas, para solicitar isonomia na cobertura das eleições.

Se isso é verdade, comprova duas coisas: a coragem do jornalista, de se insurgir contra abusos contra o jornalismo; e o início de uma caça às bruxas, com sua demissão, que poderá se intensificar se não houver bom senso por parte das chefias de redação.

A tentativa de desqualificação de Vianna, por parte de alguns setores, é componente intrínseca desses tempos de paixão política e do uso indiscriminado da ofensa, da injúria contra os “inimigos”. E “inimigos” não são apenas os que comungam com as idéias do adversário, mas aqueles que não aceitam os métodos utilizados por “nós”.

Vianna deu publicidade a um sentimento que está presente em muitas redações. Em geral há um pacto entre empresas e jornalistas. A linha política é dada pela empresa, mas há um acordo tácito em torno dos fundamentos do bom jornalismo. Quando se força demasiadamente a barra, passa-se a atropelar a chamada qualidade intrínseca da notícia, destrói-se a cultura interna da redação. E aí, não há mais controle. É questão de tempo para apareçam os bastidores de outras redações.

Como se explica essa cegueira coletiva, colocando em risco o ativo mais importante das publicações, que é sua credibilidade? A razão é que, pela primeira vez desde a campanha do impeachment de Collor, houve uma unanimidade exasperante na mídia. A “Folha”, que sempre optou por andar na frente e na contramão – o que se constituía no grande fator de diferenciação – com o advento da era Otávio Frias Filho rendeu-se ao culto da unanimidade. No início do ano, se não me engano, Otávio deu uma entrevista à revista da Varig, dizendo que o jornalismo tinha, finalmente, descoberto a “jurisprudência”. Ou seja, a mesma maneira de cobrir qualquer fato que fosse noticiado. Era uma constatação que atropelava uma das..”


SE DESEJAR ler a íntegra do artigo, pode fazê-lo acessando a página do jornalista Luis Nassif na internet, no endereço http://z001.ig.com.br/ig/04/39/946471/blig/luisnassif/2006_12.html#post_18725562.

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