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Uma exceção. Midiata da Folha de São Paulo critica. Mas não esconde a boa notícia econômica

Nem sempre concordo com ele. Mas não nego (muito pelo contrário) em Josias de Souza a capacidade de análise isenta e descomprometida – exceto com os fatos, cuja avaliação pode se dar de diversas maneiras. Mas, ao menos em questões econômicas, ele não esconde as informações essenciais.

 

Dê uma conferida, por exemplo, no que o jornalista da Folha de São Paulo escora sua avaliação do momento econômico brasileiro que, nos últimos dias, não obstante os midiatas do apocalipse, tem trazido boas notícias. Ah, ele é cético em relação ao futuro, mas isso não é proibido, cá entre nós. Acompanhe: 

 

“Transatlântico brasileiro navega em águas mansas

 

Na análise sobre a situação de um país, nenhuma analogia funciona de modo mais eficiente do que a do barco. No caso brasileiro, o barco é um transatlântico. Dois estudos divulgados nesta terça (5) trazem à tona dados alvissareiros. Mostram que o Brasil ainda não é uma embarcação de luxo. Mas já não tem aquela velha cara de Titanic.

 

Um navio, como um país, tem diversas classes. Alguns viajam nos camarotes do deck, com espaço e conforto.  Outros viajam no porão, submetidos ao perto, ao barulho das máquinas e ao vaivém de ratos e baratas.

 

Pois bem. Estudo da FGV informa que um pedaço do porão foi enfiado no miolo da embarcação. Ganharam acomodações mais decentes. Aumentou de 44,19% para 51,89% a participação da classe média na PEA (População Economicamente Ativa).

 

Responsável pelo estudo, o pesquisador Marcelo Néri atribui o fenômeno ao aumento de registros em carteira de trabalho. Segundo o ministério do Trabalho, só no primeiro semestre de 2008 criou-se um total de 1,361 milhão novos postos de trabalho. Aumento de 24,3% em relação ao primeiro semestre de 2007. Estima-se que, até dezembro, haverá 2 milhões de novas carteiras assinadas.

 

O outro estudo, içado das profundezas estatísticas pelo Ipea, informa que caiu de 35% para 24,1% o número de famílias pobres entre 2003 e 2008. Traduzindo o percentual em números absolutos: algo como 4 milhões de pessoas deixaram a pobreza. Já não integram famílias com renda per capita de meio salário mínimo (R$ 207,50).

 

O percentual de indigentes (renda de até R$ 103,75) caiu pela metade, de 13,7% para 6,6%. Redução de 3 milhões de pessoas. De resto, o Ipea informa que cresceu também o número de ricos (renda mensal acima de R$ 16,6 mil): 0,8% para 1%.

 

Um país, como um navio, está sujeito às intempéries. Em 2007, navegou-se sobre um PIB tonificado em 5,3%. Em 2008, navega-se sob nuvens inflacionárias, juros trovejantes e câmbio desajustado. O mar já não está para peixe.

 

Estima-se que o PIB vai definhar: menos de 5% em 2008; talvez menos de 4% em 2009. Os piratas estrangeiros estão à espreita. Torça-se para que os novos empregados não sejam devolvidos ao porão. O bússola, por ora, aponta o rumo adequado. Mas navios, como países, estão sempre sujeitos a perder o rumo.”

 

 

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui, se desejar, também outras notas publicadas pelo jornalista Josias de Souza, da Folha de São Paulo.

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