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Os foguetes e o mundo cão – por Máucio

Sempre que se aproxima o final de ano, 31 de dezembro, uma das minhas maiores preocupações é com os cachorrinhos da casa. Eles vivem no pátio e sofrem muito com o foguetório típico desse dia. Confesso que não entendo por que as pessoas cismam em soltar foguetes, poderiam queimar dinheiro de uma maneira mais saudável e menos arriscada.

Também são um inferno pra cachorrada os jogos de futebol, principalmente as partidas decisivas. Tive um cãozinho que viveu 18 anos, ele conhecia tudo sobre mim e eu, algumas coisas sobre ele. Com o tempo fui me compadecendo ao vê-lo sofrer nos dias em que meu time jogava. Decidi então, nestas ocasiões, levá-lo junto comigo para a frente da televisão. Com isso eu ficava mais tranqüilo, afinal, dentro de casa o barulho era bem menor.

Lupi era um cachorro mui esperto e observador; passei a notar que o cusco levantava as orelhas a qualquer reação minha diante das jogadas, desde os elogios a lances brilhantes até os eventuais palavrões ditos em momentos de falhas da equipe. Comecei a notar que ele acompanhava passo a passo minhas emoções. Quando eu pulava e berrava gol, ele também se agitava, dava voltas pela sala e acuava. O latido era seu grito de gol. Mas logo em seguida apareciam os foguetes da vizinhança e o animalzinho se enfiava pra baixo do sofá.

Percebi que a sensibilidade dele era maior do que imaginava e passei observar a atenção que dispensava aos lances durante toda a partida. Parecia atento a bola e a como os jogadores se movimentavam no gramado. Fui conhecendo suas atitudes e me dei conta de que quando a bola se aproximava da grande área, Lupi ficava inquieto e rosnava. Quando o chute saía pra fora e o atacante errava o gol, respirava aliviado. Pênalti ou cobranças de falta perto da grande área faziam com que ele, invariavelmente, saltasse pra proteção do meu colo.

No início quase quis acreditar que o cãozito gostava mesmo de ver futebol e até torcia pro time A ou B. Mas que ele, de tanto assistir campeonatos na TV, passou a sacar da lógica do negócio, ah, isso não tenho a menor dúvida. Jogo tranqüilo pro Lupi era zero a zero. Centroavante ruim, então, era com ele mesmo. Adorava também amistosos e jogos por laranja.

Os cães são mesmo inteligentes e capazes de compreender muitas atitudes humanas, mas tenho certeza que não entendem qual o barato desses irritantes explosivos que, além de apavorarem também os pássaros urbanos, põem em risco as próprias pessoas. Basta consultar os prontos-socorros.

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