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Confraria do Chuchu – por Máucio

Um tempo atrás eu e minha ex-namorada fomos jantar na casa de um casal de amigos. Não era uma reconciliação, apenas mais uma demonstração de que é possível uma convivência harmônica ao cabo de uma relação. Chegamos lá e tivemos uma gentil recepção numa agradável sala; de soslaio dava pra avistar na outra peça a churrasqueira em funcionamento.

Aos passarmos à mesa percebemos que o assado não seria a única atração da noite. Havia um conjunto de saladas muito bem apresentadas, dentre elas uma árabe: chacliche, tomates e salsinha. Uma delícia! Como não poderia deixar de ser a prosa passou a ser sobre os pratos e ampliou-se para outros temas culinários: forma caseira de temperar os queijos, escolha dos melhores tomates, etc. Lá pelas tantas afirmei, numa atitude um tanto corajosa, que gostava de chuchu. Mais que isso, que adorava chuchu. Para minha surpresa a ex disse que também gostava muito. Rimos porque finalmente encontrávamos algo que concordávamos sem restrições. A surpresa aumentou quando os anfitriões falaram que da mesma forma apreciavam a iguaria.

Salada de chuchu, suflê de chuchu, chuchu recheado com camarão, cada um foi dizendo suas predileções. Começamos e nos entusiasmar com o assunto e pensamos em criar a Confraria do Chuchu.

Nos últimos tempos vem se fortalecendo a ideia de que ele não tem gosto algum. Claro que chuchu tem gosto, caso contrário não haveria tanta rejeição. Chuchu tem gosto de chuchu, ora bolas. Além disso, oferece outras atrações como, por exemplo, a textura agradável de mastigar.

É bem verdade que possui um sabor sutil, mas isso é outra de suas qualidades. Por bondade, ele acolhe o traço de tudo com que se mistura. Podemos comer chuchu com gosto de limão, camarão, lingüiça, siri, bacalhau e muitas outras coisas. Outro senso comum é dizer que ele não tem nutrientes. Puro engano, tem vitaminas A, B e C, além de ser fonte de potássio, cálcio, fósforo e ferro. A quantidade de fibras é outra de suas propriedades.

Desconfio que o descaso com essa cucurbitácea vem das gerações mais novas. Por um lado é desinformação, por outro porque são incapazes de dar atenção aos sabores mais discretos, estão acostumados com os acentuados alimentos industrializados. É o caso aquele da criança chupar laranja e dizer que tem gostinho de Fanta.

É claro que não estou pregando que se faça picolé de chuchu, só estou querendo que ele não seja tão refugado. A Confraria do Chuchu, se tivesse vingado, contribuiria pra isso. Poderíamos promover o Baile do Chuchu! Por que não? Não tem o Baile da Batata?
Além disso, recuperaríamos expressões como chuchu beleza e você é um chuchu. As duas são positivas, referem-se a coisas boas, queridas. E não venha dizer que é pensamento tupiniquim, na França temos meu chuchu – mon choux – usado no lugar de meu amor. Certamente os franceses não a usam essas palavras pra chamar seus amados companheiros de insossos.

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