GÊNERO E POLÍTICA. Mulheres têm mais de 50% do eleitorado. E são menos de 25% dos candidatos

É uma evidente dicotomia. Mas ainda é a realidade brasileira, muito diferente de outras nações, inclusive da América Latina. As mulheres, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, são algo como 54% do eleitorado. Mais que isso, por força legal, os partidos têm que preencher cotas que chegam a 30%, no caso dos pleitos proporcionais. Ainda assim, a representatividade tende a ser baixa.

Ainda que não seja exatamente o caso de geografia, pode-se citar Santa Maria. São 25 os candidatos da boca do monte a uma vaga na Assembléia Legislativa e Câmara dos Deputados. Mulheres são três. No Brasil inteiro, para 21.393 candidatos inscritos até a última sexta-feira, só um quarto disso, ou até um pouco menos, 4.495,  são mulheres.

Como tratar desse assunto, além de várias informações relevantes sobre o que há aqui e fora daqui, tudo isso e mais um pouco você encontra em material produzido pela Agência Brasil. A reportagem é de Lisiane Wandscheer. Confira:

“Mulheres ainda são poucas nos partidos e nos parlamentos, mesmo maioria no colégio eleitoral

Nas eleições presidenciais deste ano duas mulheres estão entre os três principais candidatos: Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV). O terceiro candidato é o tucano José Serra. Este fato, no entanto, não reflete a realidade da participação da mulher nos quadros dos partidos políticos e nos parlamentos, apesar de ser maioria no colégio eleitoral do país, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“As mulheres têm tradicionalmente muitas dificuldades nos partidos. Elas podem se candidatar, mas na hora da distribuição do recurso para a campanha e da definição do tempo de aparecimento na mídia, sempre ficam em desvantagem, e isto independe da sigla”, afirmou a professora de ciências políticas da Universidade Brasília (UnB), Lúcia Avelar, que, em 2007, fez um trabalho sobre o assunto.

A professora demonstrou que mesmo com o aumento da participação das mulheres na sociedade, internamente, nos partidos, a presença delas ainda é pequena. Quando se observa a evolução da participação das mulheres nos diretórios nacionais dos partidos de 1981 até 2007, verifica-se que entre os três partidos existentes na época e ainda em atividade hoje, o PDT passou de quatro mulheres para 62 (15,9%), o PMDB não tinha mulheres em 1981 e agora tem 11 (9,32%) e o PT passou de oito para 26 mulheres (30,9%).

O estudo mostra que esta realidade não é só nacional, mas ocorre também nos parlamentos latino-americanos. Em 2007, os países que se destacavam positivamente em números de mulheres no Parlamento eram a Argentina, com 35% de deputadas e 43% de senadoras, e a Costa Rica, com 38,60% (o país tem sistema Unicameral, não tem senadores). Nesta Legislatura (2006-2010), o Congresso Nacional tem 45 deputadas (8,7%) e dez senadoras (12,35%). O país conta ainda com três governadoras, 106 deputadas estaduais, 505 prefeitas e 6.512 vereadoras. O número total de pedidos de candidaturas registrados no TSE para todos os cargos até sexta-feira (16) é 21.393 candidatos, destes 4.495 são de mulheres…”

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