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Mano, o estádio do Corinthians e os Eucaliptos. Tudo a ver? – por Dijair Brilhantes & Bruno Lima Rocha

Coluna Além das 4 linhas –  edição da semana de 30 de agosto de 2010 – por Dijair Brilhantes & Bruno Lima Rocha

Os Primeiros passos

Finalmente começaram as obras do Maracanã. Depois de muito papo, maquetes, vídeos e diversas outras maneiras de promover as obras para a Copa de 2014, o mais conhecido palco do futebol brasileiro começou nesta última terça-feira dia 24 de agosto a ganhar sua nova cara. É a segunda reforma estrutural desde o fatídico Mundial do Eurico Miranda, ocorrido no ano 2000, quando o C.R. Vasco da Gama perdera para o S.C. Corinthians Paulista. O estádio terá sua capacidade reduzida para 45 mil lugares até o seu fechamento total; isto porque o anel inferior fica com acesso fechado.

O jogo de despedida foi marcado pela farra de ingressos que parece não ter fim. Entra ano e sai ano e a praga continua. Dos 80.080 (público oficial) somente 66.757 pagaram para assistir ao duelo entre Vasco e Fluminense. Além dos ingressos destinados aos menores de doze anos e a portadores de deficiência, houve uma imensa quantidade de cortesias sediadas por ambos os clubes. Esses “brindes” são concedidos para autoridades, patrocinadores, “celebridades” de gostos duvidosos e outros personagens de triste presença na combinação da demagogia com o trem da alegria futeboleiro.  

Vale ressaltar que para nós, mortais ocupando a faixa de sócios torcedores, o que ocorre é uma inversão de valores. Quem mais tem menos paga, já que boa parte dos convidados ou da cartolagem que convida, tem maior poder aquisitivo, bem acima de ti (nós, todos nós) torcedor que é apaixonado por seu clube, e, no caso de um jogo cheio e com farra de ingressos, sempre vai ter que desembolsar no mínimo R$50,00, pagar taxa de consumo em algum bar e restaurante assinatura do PFC ou então, apenas escutar pelo velho “radinho”.

Quanto vale o show

No futebol há coisas impagáveis, como assistir a verdadeiros gênios da bola em campo. Na última quarta feira dia 25 de agosto, o show de Ganso e Neymar no Estádio Olímpico nos leva a esquecer tudo que de ruim cerca o futebol. O primeiro dribla, faz gols, o segundo é um legítimo maestro. O salário astronômico de Neymar discutido no artigo passado, embora seja um absurdo em termos societários, para o torcedor (principalmente o santista) isso fica em segundo plano. Por vezes até nos esquecemos do chamado “descolamento de preços” quando o jogador entra em campo e mostra tal genialidade.

E de onde surgem tantos craques? No país de onde saíram Ronaldinhos, Romário, Zico, e claro Pelé, a cada ano surge um novo jogador em algum clube, por vezes de médio porte, que se beneficiam com suas vendas.

No Brasil, país cuja maioria dos jogadores vem de classes baixas e de regiões periféricas, não há uma explicação convincente de onde surgem tantos craques, a não ser um baita presente de Deus (que segundo os brasileiros, é daqui; ou é rio-grandense, conforme os nativos da Província da Jabalândia do Eucaliptol e pode ser mesmo argentino, pois ele nasceu apenas algumas centenas de anos antes de Evita e Dieguito!).

A nota triste ficou por conta da lesão do Paulo Henrrique Ganso. O jogador rompeu o ligamento cruzado do joelho e só volta aos gramados em 2011. Se a lesão tivesse ocorrido com Neymar, teria o Santos F.C. se arrependido por não ter negociado o jogador com o Chelsea na semana passada? Esperamos que não, embora a relação de confiança com a cartolagem e vendedores de embutidos (lembrando a piada sem graça da fábrica de salsichas e do parlamento), seja pouca ou nenhuma.

Mas, se nós desejamos ver esses talentos continuarem a florescer, é necessário o imediato combate à especulação imobiliária, onde temos espigões demais, saneamento básico de menos e uma lacuna de política pública de esporte, a várzea incluída. No caso de Porto Alegre e a Região Metropolitana, vivemos sob o reino das incorporadoras e construtoras, tomando os terrenos baldios e privatizando a cidade. Onde tem cerca e grade a bola não rola. Voltamos a falar disso em outras situações.  

Estádio corintiano será sede da Copa

Acreditem amigos leitores, o futuro estádio do Corinthians será a sede paulista para a Copa do mundo de 2014. Há indícios que receberá inclusive o jogo de abertura do mundial. O anúncio foi feito após o presidente corintiano fechar acordo com a construtora Odebrecht, que será responsável por erguer a obra em Itaquera, na zona leste paulistana. A empresa comandada por Marcelo Odebrecht, uma das cinco irmãs das empreiteiras “nacionais”, está presente nas maiores “jogadas”, e nem sempre com o devido sucesso. Como a empreiteira é partícipe dos fatídicos consórcios da Via Amarela e da Linha Amarela do buraco do metrô de São Paulo, o empreendimento necessitaria de, no mínimo, um acompanhamento pesado do Ministério Público paulista e também, uma ação vigilante voluntária da massa da Gaviões, da Camisa 12, do P9 e de outras “organizadas”. A obra prevista tem um orçamento inicial de R$ 300 milhões de reais. Mas, fica a dúvida: quanto por cento a mais custará? E, como será a mesma financiada? Com a isenção fiscal? Com a alocação de recursos públicos?

Os boatos que circulam em alguns veículos da mídia dão conta de que quando a CBF contratou o técnico Mano Menezes, Ricardo Teixeira teria feito um acordo com Andrés Sanchez, presidente do clube que outrora abrigou a Democracia Corintiana. O suposto trato seria de ordem simples: se o mandatário corintiano liberasse o treinador, o estádio do timão sediaria a copa do mundo. “Boatos” esses que acabaram se confirmando na última sexta-feira. Após ter excluído o Morumbi (para vingar-se de Juvenal Juvêncio) o Imperador Teixeira escolheu a futura Arena do maior rival são-paulino para sediar os jogos.

Jornalismo não pode ser baseado em teoria conspiratória e menos ainda em “fontismo indireto”.  Mas a pulga morde e pesado. Será que tudo não passa apenas de coincidência? Nós, articulistas do Além das quatro linhas, não acreditamos em coincidências, não com pessoas desse naipe. O certo é que ser amigo do Imperador e conviva da famiglia Havelange-Teixeira sempre dá “bons” frutos.

Pelos lados dos Pampas

Aqui no Rio Grande do Sul as coisas não mudam muito em relação aos demais estados do Brasil. No último sábado, dia 28 de agosto, o presidente do Internacional S.C. Vittorio Piffero anunciou a venda do estádio do Eucaliptos. Lembramos, este foi palco de dois jogos da Copa de 1950 e é uma das últimas áreas ainda livres da especulação no bairro Menino Deus. Segundo o presidente colorado a venda da antiga sede servirá para ajudar financeiramente as obras do Gigante da Beira Rio para a copa de 2014.

Até aí tudo bem, ao menos o argumento é tolerável, embora o achincalhe que foi a aprovação da quebra de padrão do Plano Diretor da capital tenha sido uma vergonha. O que não podemos entender é porque o valor da venda não foi divulgado? Que motivo – quais supostos motivos – tem as partes para fazerem as negociações às escuras? É tão difícil assim fazer uma negociação transparente? Não estamos aqui duvidando da legalidade da venda, mas quem nos dá brecha para pensarmos ao contrário são os próprios dirigentes, que preferem fazer tudo em sigilo….

…..a propósito, e a Arena do Grêmio, heim? Alguém da mídia grande se lembrou de ouvir o ex-presidente Hélio Dourado?      

Dijair Brilhantes ([email protected]) é estudante de jornalismo e Bruno Lima Rocha ([email protected]) é editor do portal Estratégia & Análise (www.estrategiaeanalise.com.br)

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