A arte do engano político: uma análise crítica da realidade brasileira – por Marionaldo Ferreira
“Realidade complexa e multifacetada, está em todos os níveis da governança”

No cenário político brasileiro, a desilusão e a desconfiança tornaram-se sentimentos comuns entre a população. A promessa de um futuro melhor, frequentemente proferida em palanques e discursos inflamados, muitas vezes se desfaz diante da realidade de práticas questionáveis e da perpetuação de um sistema que parece beneficiar poucos em detrimento de muitos.
A sensação de que somos constantemente enganados por aqueles que deveriam nos representar é um fardo pesado, e a Câmara de Vereadores de Santa Maria, assim como outros órgãos legislativos pelo país, parece ser um microcosmo dessa triste realidade, onde as lições de Brasília são aplicadas com maestria.
A manipulação política não é um fenômeno novo, mas suas formas e alcance evoluíram com o tempo e a tecnologia. As táticas são variadas e, muitas vezes, sutis, visando minar a capacidade crítica do eleitor e garantir a manutenção do poder.
Uma das táticas mais eficazes é a utilização de conteúdo emotivo que provoca sentimentos de ódio, medo ou esperança. Políticos e seus marqueteiros sabem que as emoções são mais apelativas do que fatos secos. Ao inflamar paixões, eles incentivam o público a reagir impulsivamente, a clicar, comentar ou partilhar informações sem a devida verificação. Essa abordagem enfraquece as defesas racionais e torna o indivíduo mais suscetível à manipulação.
A polarização é uma ferramenta poderosa para semear a divisão e a discórdia. Ao amplificar pontos de vista radicais e suprimir opiniões moderadas, busca-se transformar cidadãos em inimigos, incitando, em casos extremos, ao conflito físico. Essa tática desvia o foco dos problemas reais e impede o diálogo construtivo, criando um ambiente de confronto onde a verdade se torna irrelevante.
A tática da “inundação” visa sobrecarregar as pessoas com versões contraditórias da mesma história. O objetivo não é necessariamente convencer, mas sim gerar confusão e apatia. Diante de tantas informações divergentes, o cidadão comum pode se afastar da busca por fatos, deteriorando a confiança nos meios de comunicação e nas instituições democráticas. Isso leva à rejeição da realidade objetiva e à aceitação de narrativas simplistas.
Os manipuladores exploram a tendência humana de confiar em informações que confirmam suas crenças pré-existentes, conhecida como viés de confirmação. Ao direcionar mensagens que ressoam com as opiniões já formadas de um público específico, eles reforçam preconceitos e impedem a análise crítica. É fundamental que o eleitor esteja ciente de seus próprios vieses para evitar cair nessa armadilha.
Frequentemente, a desinformação não se baseia em mentiras completas, mas na apresentação de fatos, fotos ou afirmações descontextualizadas. Isso pode incluir o uso de imagens antigas como se fossem atuais, a distorção de uma declaração ou a atribuição da opinião de um indivíduo a um grupo inteiro. Embora pareçam credíveis, esses fatos são usados de forma enganosa para manipular a percepção da realidade.
As táticas de silenciamento buscam intimidar e assediar indivíduos que questionam ou discordam. Isso pode ocorrer por meio de ataques pessoais em redes sociais. O objetivo é impor a autocensura e eliminar qualquer forma de discordância, criando um ambiente onde apenas uma narrativa é permitida.
A realidade brasileira: de Brasília a Santa Maria
A percepção de que a política brasileira é permeada por escândalos e manipulações não é infundada. Brasília, o centro do poder federal, é frequentemente palco de denúncias de corrupção e esquemas que minam a confiança da população nas instituições. Casos como o “Mensalão do Distrito Federal” e as constantes investigações sobre desvio de verbas públicas demonstram a complexidade e a profundidade dos desafios éticos enfrentados pelo país.
Essa realidade, infelizmente, não se restringe à esfera federal. Em nível municipal, as Câmaras de Vereadores, como a de Santa Maria, muitas vezes replicam as práticas observadas em Brasília, adaptando-as à sua escala. Embora as notícias sobre a Câmara de Vereadores de Santa Maria não apontem para escândalos de corrupção como os nacionais.
“Na Câmara de Vereadores de Santa Maria, alguns, que fazem do mandato politico sua profissão, aprendem direitinho o que os professores lá de Brasília ensinam”. A proximidade do poder local com o cidadão deveria ser um fator de maior transparência e responsabilidade, mas a cultura do “jeitinho” e da impunidade parece se enraizar em diversas esferas.
É neste ponto que a reflexão sobre o papel da população se torna fundamental. A afirmação “enquanto a população continuar a votar pelo tapinha nas costa e/ou pela amizade somente, continuaremos assim, sendo enganados por alguns cafajestes com roupa de políticos” é um alerta contundente. A passividade, a falta de criticidade e a priorização de laços pessoais em detrimento da análise das propostas e do histórico dos candidatos são fatores que contribuem diretamente para a perpetuação do cenário atual.
Para romper esse ciclo, é imperativo que o eleitor busque informação: não se contente com manchetes ou discursos prontos. Pesquise, questione, compare diferentes fontes e verifique os fatos antes de formar uma opinião ou partilhar informações. Analise propostas e histórico: Avalie as propostas dos candidatos de forma crítica, verificando sua viabilidade e coerência. Investigue o histórico dos políticos, suas ações passadas e seu alinhamento com os princípios éticos.
Exija transparência e responsabilidade: acompanhe as ações dos eleitos, cobre resultados e denuncie irregularidades. A fiscalização popular é um pilar essencial da democracia.
A arte do engano político é uma realidade complexa e multifacetada, presente em todos os níveis da governança. No entanto, a perpetuação desse cenário não é inevitável. A mudança começa com a conscientização e o engajamento do eleitor. Ao se tornar mais crítico, informado e exigente, a população tem o poder de transformar o panorama político, elegendo representante verdadeiramente comprometido com a ética, a transparência e o bem-estar coletivo. A responsabilidade de construir uma democracia mais sólida e justa recai sobre cada um de nós, cidadãos, que não podemos mais nos dar ao luxo de sermos enganados por “cafajestes com roupa de políticos”.
(*) Marionaldo Ferreira é especialista em governança pública, mentor de líderes e consultor em gestão e captação de recursos para municípios. Atua na formação de servidores e agentes públicos e é autor do livro Governança Pública e Suas Possibilidades.
eu quero registrar também a enganação do PDT através do dep. Mota que vou contra o IOF para os ricos.
o PDT está cheio de enganacoes
Resumo da opera II. Transferencia de responsabilidade, culpa de tudo o que esta errado é da população e não da classe politica.
Resumo da opera. Implicito. Todo mundo é enganado menos eu? Do alto do ‘plano cartesiano das ideias’? Para as coisas melhorarem na politica os eleitores e eleitores tem que ser ‘iguais a mim’? Não acredito. Problemas complexos não tem soluções simples.
‘A arte do engano político é uma realidade complexa e multifacetada,[…]’. Enganar para defender os proprios interesses faz parte da natureza humana. Qual epoca da historia da humanidade não teve ‘engano’, principalmente o politico?
‘Para romper esse ciclo, é imperativo que o eleitor […]’. Não vai acontecer. Mudanças culturais custam caro e levam gerações.
‘[…] a priorização de laços pessoais em detrimento da análise das propostas e do histórico dos candidatos são fatores que contribuem diretamente para a perpetuação do cenário atual.’ Patotinhas e anunciantes. Imprensa local é ligeira para criticar empresas de fora. As que estão mais proximas é melhor ‘não se incomodar’, ‘não comprar a briga’. Concessionaria da 287 é criticada quase todo dia. Corsan ficam ‘cheios de dedos’. Construtoras enchendo a urb de pombais idem. Donos de emissoras de repente são amigos do prefeito, dos donos de empresas de onibus, de donos de construtoras e por ai vai. É o ‘fulano’ que é ‘filho de beltrano que era amigo no meu pai/avo’. Tipico de cidade do interior.
‘Em nível municipal, as Câmaras de Vereadores, como a de Santa Maria, muitas vezes replicam as práticas observadas em Brasília, adaptando-as à sua escala.’ A mais pura verdade.
‘As táticas de silenciamento buscam intimidar e assediar indivíduos que questionam ou discordam. Isso pode ocorrer por meio de ataques pessoais em redes sociais. O objetivo é impor a autocensura e eliminar qualquer forma de discordância, criando um ambiente onde apenas uma narrativa é permitida.’ Não só isto, quando alguém da direita participa de um podcast, de uma ‘live’, basta observar o chat e ver os comentarios. Acontece com o pessoal da esquerda? Não assisto, perda de tempo, a mesma ladainha sempre. E canais de esquerda tem muito menor audiencia.
‘Frequentemente, a desinformação não se baseia em mentiras completas, mas na apresentação de fatos, fotos ou afirmações descontextualizadas.’ A midia tradicional faz isto diuturnamente. Escolhendo ‘especialistas’ para entrevistar, escolhendo casos ‘exemplo’, generalizando, etc.
‘É fundamental que o eleitor esteja ciente de seus próprios vieses para evitar cair nessa armadilha.’ A vida da maioria das pessoas não gira em torno da politica. Tem outros problemas com prioridade maior. Pior, se não resolve nada não há porque perder tempo. Na epoca dos santinhos muita gente escolhia em quem votar catando papel do chão.
‘Essa tática desvia o foco dos problemas reais e impede o diálogo construtivo,[…]’. Sim e não. Existe um principio de certas ideologias que defendem que tudo pode se resolver conversando. Se fosse verdade não era necessario judiciario. Existem diferenças irreconciliaveis. É fato.
‘A tática da “inundação” visa sobrecarregar as pessoas com versões contraditórias da mesma história.’ Não é ‘tatica’, teoria da conspiração. Existem mais de 50 milhões de canais no Youtube. Com legendas, tradução automatica e até dublados. Instagram tem mais de 130 milhões de usuarios só no Brasil. 25 milhões de perfis de negocios. Falam em 95 milhões de fotos publicadas diariamente. Não tem como manipular uma ‘maquina’ deste tamanho.
‘[…] visando minar a capacidade crítica do eleitor […]’. Que é muito maior do que supõe os ‘diplomados’. Sobreviver ‘na rua’ é mais dificil do que no mundo de faz de conta do ar condicionado.
‘A sensação de que somos constantemente enganados por aqueles que deveriam nos representar é um fardo pesado,[…]’. Não é ‘sensação’. Cacoete dos politicos, falar o que quer que seja para dar impressão que tem ‘razão’ num debate. Mentir. Antigamente não tinha maiores consequencias. Problema é que agora muita coisa é gravada. Muita coisa pode ser verificada. Um medico secretario do RS veio aqui em SM e afirmou, anos atras, que uma obra na grande POA estava pronta e a duplicação da Faixa Velha logo estaria. No dia seguinte falou em POA que a duplicação daqui estava pronta e a obra de la logo estaria. Não teve um matuto interpelando a ‘otoridade’ por conta disto.