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Fidalgos da política e os ranços partidários – por Vitor Hugo do Amaral Ferreira

Não sei se nos últimos tempos a política está mais próxima das minhas atividades, ou se apenas eu tenha passado a querer compreendê-la. Entre idas e vindas, nós estamos à mercê de conquistas, tal como namoro novo, momentos nos aproximam, fatos nos distanciam, mas o gosto pelo desconhecido, os mistérios que cercam aquilo que não nos é concreto, instigam o desafio. Assim vamos indo, ora ela me apaixona, e eu encantado sigo atrás dela, mas chegam os dias em que ela me afasta e em razão daqueles que fazem da política politicagem, eis o meu desprezo, tenho a deixado.

Por certo, seria uma decisão fácil, apenas a deixo ir. Em contraponto, permitir que a política, salvo exceções, molde-se e incorpore-se aos trejeitos e armações humanas de interesses distantes da vontade do coletivo é omitir-se. Estar inerte aos fatos é abraçar-se ao cômodo, estar fadado à estagnação.

Pois bem, então acredito que possamos encarar a política e todas as suas bandeiras. Tal como preconizou Aristóteles, o homem é um animal político. Pudera eu completar o dito, o homem é um animal da boa política. Até aí não mudaria em nada, pois a boa política, ainda poderia servir ao político em primeira instância, e o cenário ainda seria o da politicagem.

Quem sabe aqui, então tenha me deparado com uma boa razão de se fazer política: a proteção da boa política. Não a que serve a partidos, conchavados em interesses pessoais de seus fidalgos, nem tão pouco, a que alimenta os ranços inadequados, forças de intrigas e brigas antigas, desgastadas e frágeis em seu próprio objeto.

Infelizmente estamos diante da crescente mediocridade política e o pacto que se celebra em torno desta, cada vez mais são os adeptos da imoralidade. A militância combatida pelos militares, faz guerrilha velada em prédios públicos, já não sei se o militar não se fez militante, enquanto o poder do militante o tenha em suas pretensões o tornado um militar.   

Estejam calados, mesmo que partidários, ainda mais se distantes da aristocracia política, pois a condição que lhes resta ainda é a da plebe. Os fidalgos os querem por perto para lhes amaciar o ego, mas não lhes querem como críticos, simplesmente sejam vassalos. Aos que entre estas linhas estiverem, não se percam no prumo, pois a ideologia política ficou lá atrás, bem mais longe dos nossos dias, e não faço aqui exceções, em sede partidária todos têm telhado de vidro, guardem as pedras, quiçá sirvam para tapar os buracos do chão.

Onde está a coerência dos que se formam técnicos e são fantoches políticos? Onde estão os entendidos da política que só a fazem em nome e proveito próprio? Não sejamos ingênuos, precisamos de quem possa dar dignidade à política e fazer dela instrumento de resgate da cidadania, da promoção de direitos à educação, moradia, saúde, à felicidade.

Hoje o maior desafio da política, salvo a minoria, é vencer os políticos, que a tornaram inacreditavelmente omissa, obscura e capaz de servir apenas aos que a marginalizaram. É a política refém, sufocada pela mordaça da hipocrisia oportunista de quem detém o poder, naufragados em sua própria vaidade, que pede por socorro. Sejamos capazes de atendê-la!

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12 Comentários

  1. @Mudar mesmo?
    Realmente tu não conhece a pessoa do Vitor Hugo e nem a minha. Se tu é aluno do Vitor ou conhece ele pq não se identifica?? Não pode?
    Se tu leu meu comentário deve ter visto que justamente estou falando de pessoas que nem tu, que se escondem atrás de codinomes ou de pessoas, sem ideais e sem coragem.

  2. Caro Claudemir, a cada semana que passa somos presenteados com um texto desse cidadão. Sem dúvida a maior “aquisição” do seu site nos últimos tempos. Cabe ressaltar que pelos comentários, não é apenas o articulista que é qualificado.

    Temas como os abordados pelo Vitor Hugo semanalmente, são de tamanha relevância e coragem. Relevância porque se trata de um assunto que interessa a toda sociedade e que cada vez menos é abordado, principalmente por pessoas íntegras e que não tenham rabo preso, como o autor. Coragem porque se criou na sociedade uma aversão a políticos/política. Mas como ignorar esse tema se somos representados por aqueles que escolhemos e acreditamos que sejam capazes de nos representar?? Esses representantes que deveriam lutar por interesses públicos passaram a lutar por interesses particulares e aqueles que acreditamos passam a ser desacreditados, com eles toda a poítica.

    Vitor aborda de maneira transparente e objetiva seus textos, toca no cerne da questão quando muitos tentam tapar o sol com a peneira e vivem mamando na máquina pública. Não podemos nos acomodar, tapar os olhos, fazer de conta que não é com a gente. Temos que cada vez lutar mais para que entrem na política pessoas comprometidas e que temos ser certeza de que não irão se corromper. A única maneira de mudar esse cenário é qualificando os partidos e esses só serão qualificados com pessoas honestas.

  3. Excelente artigo! A realidade infeliz de que é natural “servir-se do bem público” e este seria o fim da “política”(politicagem) povoa a mente da grande maioria dos políticos!

  4. Belo texto, mas ja perdi a conta de quantos escreviam bonito antes de chegar lah.
    Depois tudo uma balaio de gatos…
    Prof. seja um pensador mas nao entre na politica.

  5. Em meio a uma roda de mate quando guri, por volta dos meus 13-14 anos, quando levantei o meu interesse em cursar a faculdade de Direito, assim me foi colocado (de forma mais resumida): “Queres ser então um Juiz? aquele que é o latifundiário do saber… Só não esqueças de te aliar aos políticos… os latifundiários do poder”. Naquela época, ingênuo que era, dei risada do comentário e não dei maior importãncia… Hoje, temo em dizer, que no cenário que estamos inseridos muitos pensam e agem de tal forma, como se ‘donos do mundo’ fossem. Triste.

  6. Esta política que nos confunde, esta política que deveria possuir como uma de suas finalidades “manter a ordem pública e defender o bem social da população”, será que é a mesma que estamos acostumados ou acostumando a perceber no cotidiano? Uma pena que só nos damos conta do valor que possui, quando pessoas como o Vitor Hugo nos chama a atenção ao desenvolver este belo texto, será que é possível corrigir este erro, que infelizmente não é somente de grafia, mas sim de interpretação dos que usam-se dela.

    Um forte abraço!!Parabéns pelo texto Vitor Hugo.

  7. A política do mundo real – a que temos – certamente nunca foi como a preconizada por Aristóteles, num ideal de política. Mas talvez nunca tivéssemos uma tão hipócrita e desvirtuada, como atualmente.
    Se Máquiavel ao perceber e abordar a política nas nuâncias das possibilidades do real, de certa forma acabou com certos idealismos, parece-me que jamais imaginou que se chegaria ao estopim que hoje vivemos.
    O atual sistema político brasileiro, levando ao extremo a máxima de que “os fins justificam os meios”, engole ideologias, promove a “politicagem” e justifica a imoralidade dos atos de seus membros.
    Na escolha do partido político o candidato para ter chances reais de se eleger em cargos eleitos pelo sistema proporcional deve optar não pelo partido que se identifica, mas pelo que possui chances de o eleger. Depois, quando eleito se quiser ver alguma de suas propostas concretizadas por medida provisória, certamente terá de votar outras tantas com as quais discorda para ter a sua aprovada. Financimaneto privado de campanhas levam os políticos a fazer a política para a iniciativa privada e não para a sociedade, iclusive sobrepondo os interesses daquela sobre esta. Coligações inimagináveis são feitas apenas para se chegar ao poder, tornando impraticável depois o seu exercício. Mas no atual panorama quem se importa com o que se fará com esse poder, o que importa é alcançá-lo. E fiquemos apenas nesses exemplos dentre tantos…
    Assim, levando ao extremo a máxima anteriormente citada, a política distância aqueles que embora com boas intenções não possuem estômago para esse circo político, da mesma maneira que corrompe outros que queiram, uma vez eleitos, fazer algo de significativo, pois, mais cedo ou mais tarde, para tanto terão de entrar no jogo e se corromper.
    De modo que, parece-me que hoje todos aqueles que realmente gostam de política – falo não daqueles que dela gostam pois a vêem como meio de satisfazer interesses próprios, mas sim daqueles que a apreciam por entender o quanto ela representa e o quão importante é fazer política – já faz algum tempo estão desacreditados, céticos quanto ao seu rumo.
    E de fato, inúmeros são os motivos para tanto.
    Entretanto, em razão de tudo isso, mais admiração tenho por aqueles que conseguem ainda ter esperança e lutam para uma possível melhoria desse sistema. Realmente, não é fácil.
    Parabenizo o autor pela relevância do tema abordado e pelo modo como o fez.

  8. Eis que a melhor contribuição do articulista vem à tona. Sábias palavras, lamentáveis verdades. Já é hora de desvencilharmo-nos das ilusões da velha política, que cambaleia e vacila em suas próprias bases, tentando recuperar uma ideologia ou uma história de luta que já se imiscuiu com os interesses de quem não devia e descambou pra corrupção. É a politicagem velha de guerra.
    Muda o cenário: os papéis são invertidos, siglas mudadas, fardas trocadas, mas a peça é sempre a mesma.
    A sorte é que alguns espectadores constatam as farsas desta cena, e jogam uma luz sobre esta realidade.
    Quem sabe algum deles não invada este palco, e com o mesmo enredo, quem sabe a mesma sigla, faça uma trama diferente.
    São as esperanças de um santamariense.

  9. A política precisa cada vez mais de pessoas com esse pensamentos e coragem, muitos pensam isso mas se calam.

    “..em sede partidária todos têm telhado de vidro, guardem as pedras, quiçá sirvam para tapar os buracos do chão.”

    Vitor tu é meu candidato em 2012!

  10. Acho que muitas pessoas pensam do mesmo jeito, afinal ultimamente o”servir ao público” passou a ser “servir-se do bem público”. O dia que o povo parar de sofrer do mal de”memória curta”, com certeza conseguiremos mudar um pouco esse quadro.

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