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PT EM GUERRA. Crise, que era latente, explode. Eleição municipal potencializa disputa interna no partido

Que o PT é feito de várias correntes internas, e foi assim que cresceu e se fortaleceu e elegeu, reelegeu e trielegeu Presidente da República, é sabido de qualquer um que acompanha a política nas últimas três décadas. Disputas internas são rotina. Assim como a percepção externa de que, findo o episódio, o partido se une em torno do vencedor e toca a bola pra frente. Ainda mais quando tem eleição no fim do caminho.

Valdeci e Fabiano: pragmatismo. Mas que não é consensual (foto Paola Marcon/arquivo)

Bueno, isso acontece em qualquer nível. Inclusive na comuna. Aqui, as ditas correntes sempre tiveram seu espaço, brigaram e conviveram. Há casos interessantes a lembrar. Um militante, inclusive, para exemplificar, contou o que aconteceu em 1996. Sim, década e meia atrás.

Então, Paulo Pimenta, o hoje deputado federal e líder da maior corrente interna, o “PT Amplo”, venceu uma convenção que levou à coligação com o PDT, na disputa municipal. O grupo de Valdeci Oliveira (que tinha também Fabiano Pereira, hoje de outra turma interna) era contra. Perdeu, mas atuou na campanha. A que terminou em vitória, na época, do PTB de Osvaldo Nascimento da Silva.

Quatro anos depois, unidos, Valdeci e Pimenta compuseram uma chapa vitoriosa e que acabaria resultando em oito anos de mandato do agora deputado estadual, e no isolamento local de Fabiano Pereira – que continuou relevante, mas minoritário no buquê de correntes internas do petismo da boca do monte.

Pimenta: se não for Valdeci, outra alternativa. E baterá chapa (foto Cristiano Lopes/arquivo)

Feita a reminiscência, chega-se ao momento atual. Em que três grupos, cada qual com seu líder, discutem o que fazer. E aí, bem, aí é que interesses aparentemente inconciliáveis se mostram. E levam a um impasse que ganha os contornos da guerra indicada pelo título desta nota.

O que potencializa o conflito é a eleição municipal de 2012 e as intenções até aqui bastante longínquas de um consenso. E que levará a uma disputa que, se não houver mínimo acordo, será decidida como sempre no PT. Isso mesmo, no voto. Com todos os estilhaços e os ferimentos que eles provocam.

Não, não tem nada a ver com uma eventual simpatia do governador Tarso Genro pelo prefeito Cezar Schirmer, do PMDB. Isso pode até significar alguma coisa estratégica. Com efeito mais adiante. Mas o fulcro da questão é outro, beeeem outro.

Em português: até dias atrás, Valdeci Oliveira e Paulo Pimenta não querem concorrer à Prefeitura; Fabiano Pereira não se furta à idéia e até a acha interessante. Mesmo que perca, é o cálculo, estará fortalecido para a disputa à Câmara dos Deputados, dois anos depois. Os parlamentares, porém, não desejam que o secretário de Justiça concorra. Coisa da disputa interna e das desavenças. Eles não dizem, mas o fato objetivo é que tanto o grupo de Valdeci quanto, principalmente, o de Pimenta, consideram Fabiano desleal na disputa. Apontam circunstâncias de campanha, inclusive a de 2010, para simplesmente não suportarem o secretário. Não, não peçam para que confirmem. Mas é fato. Se têm ou não razão? Bem, quem consegue saber, sem estar no dia-a-dia de um, outro e o terceiro?

O que mudou, nos últimos dias, e isso é bastante relevante para entender a guerra, é que Valdeci Oliveira estaria tendendo a mudar de posição. Como disse alguém, uma decisão pragmática, não necessariamente ideológica. Seu candidato é Pimenta, mas como este não quer mesmo concorrer, optando por ficar, pessoalmente, fora da disputa, o deputado estadual poderia revisar sua posição. Não considera correto, como alguém disse ao editor ontem, simplesmente “vetar” Fabiano Pereira. Em todo caso, como retribuição, o secretário apoiaria o candidato de Valdeci, Valdir Oliveira, na disputa pela presidência do PT em Santa Maria, contra um nome a ser indicado pelo grupo de Pimenta. Provavelmente Sidinei Cardoso que não concorre a vereador em 2012.

Então, está tudo resolvido, e a soma das duas correntes, a Unidade na Luta de Valdeci e o PTLM de Fabiano, acordados, levaria a uma posição majoritária? Não, definitivamente não. A posição de Valdeci, embora preponderante, e sua liderança seja inconteste, nesse caso específico encontra oposição de não poucos militantes da UL. Que simplesmente não querem saber de qualquer tipo de acordo, por mais pragmático que seja, com Fabiano. E esse dissenso pode, claro, fazer a diferença.

Daí porque se trata de uma guerra política de proporções como não se via há muito tempo no petismo santa-mariense. E que tem como potencializador o pleito do próximo ano. Na nota seguinte, a seguir, pretendo tratar um pouco mais da disputa pelo controle da direção do PT e também da questão eleitoral. E as alternativas que se põem à mesa.

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2 Comentários

  1. Se o Fabiano não fosse ficar desembregado o que não pode um lider ficar sem a teta, ele sairia do pt, e seria o prefeito de Santa Maria, o mesmo caso de Osvaldo Nascimento no PMDB, ele nunca seria prefeito, mas o Osvaldo advogava, para viver, não é o caso do Fabiano, sem a teta é um barco aderiva, ai é ruim ou não.

  2. Grandes nomes e bom lideres,não sou do partido dos trabalhadores mas realmente nesta hora temos, que tira o chapéu disputam no voto as decisões.
    E depois decidem quem vai.
    Importante um partido ter vários lideres fica mais bonita a disputa.
    E as articulações e se ve que os vereadores tem que escolie o seu lado e respeitam os diretórios ou tendencias.
    Partido que se prese tem que haver discordância.
    e não casas as bruxas.
    Ainda bem que vou repensar meus conceitos.

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