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A bisca do Ricardo Teixeira começa a ficar com medo – por Dijair Brilhantes, Anderson Santos & Bruno Lima Rocha

Coluna Além das 4 linhas –  edição da semana de 12 de setembro  de 2011 – por Dijair Brilhantes, Anderson Santos & Bruno Lima Rocha

Os inimigos se multiplicam…

Andrew Jennings começou a pesquisar sobre a FIFA. Enquanto isso, no Brasil, jornalistas como Jorge Kajuru e Juca Kfouri seguiam implacáveis a Ricardo Teixeira. O tempo passou, e a lista tem até grupos de comunicação inteiros, como a ESPN, e o atual deputado federal Romário. E a lista só aumenta…

O medo já assombra Teixeira

O ditador da CBF Ricardo Teixeira já não dorme mais tranquilo. A paz parece ter acabado desde que o jornalista Andrew Jennings resolveu assombrar sua vida. Como se não bastasse a perseguição a “Mister Teixeira” do jornalista da BBC, outro atual desafeto seu, certo Baixinho, resolveu ceder espaço para a opinião do autor do livro “proibido” “Jogo sujo: o mundo secreto da FIFA”.

Em entrevista ao site do ex-jogador e agora deputado federal Romário, o jornalista inglês disse que o mandatário maior do futebol brasileiro, queria sua própria Copa para enriquecer mais. Segundo Jennings, negócios foram feitos entre Teixeira e os demais presidentes das federações de países que compõem a Conmebol.

De acordo com ele, Ricardo Teixeira tem planos de chegar à presidência da FIFA, mas os recentes casos de anúncio de corrupção minaram as suas chances. Afinal, globalmente, não há confiança na CBF, apesar de estar certo de que, nos últimos anos, Blatter prometeu a Teixeira que o brasileiro seria o próximo presidente da FIFA, algo impedido pelos recentes escândalos envolvendo o nome dois poderiam estar afastando esta possibilidade.

Dentre tantas outras coisas, o jornalista inglês trabalha há 40 anos investigando máfias italianas e sua atuação na Europa, Reino Unido e América do Norte. Segundo Jennings: “Esta experiência e entendimento de como as famílias do crime organizado operam foi o treinamento perfeito para o próximo alvo – as federações esportivas internacionais. […] Não tenho dúvidas de que a FIFA é uma família do crime organizado e que Blatter (presidente da FIFA) mantém a sua influência distribuindo fartamente ingressos da Copa do Mundo”.

Andrew começou a pesquisar mais sobre o Brasil após a escolha do país como sede da Copa do Mundo de 2014, após uma suposta corrupção nas obras da África do Sul e numa desnecessária construção de estádios para o Mundial. Algo que deve ser repetido aqui.

Ele responde às acusações de que as matérias da BBC, em novembro do ano passado e maio deste ano, só teriam saído porque a Inglaterra não foi escolhida para os Mundiais de 2018 e 2022, Jennings diz que trata do assunto de suborno para a escolha de sedes desde 2006.

Tour pelo Brasil e entrevista à Placar

Andrew Jennings pode ser considerado a principal figura contra nomes como João Havelange, Joseph Blatter e Ricardo Teixeira. Recentemente esteve no Brasil para participar de programas esportivos e dar autógrafos do seu livro.

A Placar dedicou em agosto uma página à entrevista com o homem que  está proibido de participar de entrevistas coletivas da Fifa desde 2003. Dentre as respostas, fica o incentivo por fazer jornalismo investigativo, cada vez mais perdido dentre a efemeridade da profissão. Como no “Caso Watergate”, ele afirma seguir o dinheiro, por achar mais interessante “as atividades de Blatter, suas maquinações diárias” que os resultados dos jogos.

Ele defende ainda que o futebol não precisa de nomes como Ricardo Teixeira ou até a própria Fifa, já que o esporte é feito por jogadores, clubes e árbitros, por mais que o principal evento dele seja dominado por esta entidade de direito privado.

Para ele, se a presidenta Dilma Rousseff tivesse a coragem de não atender aos pedidos de Teixeira e companhia, estaria prestando um imenso serviço como prova de como se combate a corrupção – mal sabe ele o quão este termo está imbricado nos setores político-eleitorais brasileiros. Além disso, “se o Brasil conseguisse se desvencilhar das regras da Fifa e fizesse as suas próprias, poderia nascer um novo modelo para Copas do Mundo”.

Por fim, ele disse que nunca é desagradável encontrar Blatter, pelo  contrário, é divertido ver alguém que diz que ele faz ficção, pois tem medo de ir à Justiça para processá-lo, pois teria que falar sobre as acusações.

Inimigos brasileiros

Na mídia brasileira, Ricardo Teixeira também tem seus inimigos. Mesmo que alguns por interesses outros, a briga pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro fez a Record disputar fortemente, através de matérias especialmente no Domingo Espetecular, o posto de inimiga número um dos homens fortes do futebol mundial.

Outros já estão a algum tempo tentado desmascarar o presidente da CBF, exemplos como Juca Kfouri, Jorge Kajuru, e José Luiz Datena, que chegou a dizer no programa do Gugu (Rede Record) que odeia Ricardo Teixeira. Além do pessoal da ESPN Brasil, dirigidos por José Trajano, que fizeram uma entrevista com Jennings no Bola da Vez.

Mas o caso mais marcante acabou sendo a opinião de Milton Leite, narrador do canal Sportv, que pertence às Organizações Globo.

O narrador escreveu em seu blog, entre outras coisas, que está mais do que na hora do Governo Federal fazer valer a sua posição de investidor maior do evento, Copa do Mundo, e frear o comportamento fora de propósito de quem está gerindo o maior evento esportivo que o país já sediou.

Para se preocupar?

Já comentamos aqui na Além das Quatro Linhas sobre a matéria do Jornal Nacional sobre acusações referentes a um amistoso do Brasil em 2008, em Brasília, que teria ocorrido por conta de mudança dos padrões de horários dos sábados e domingos.

Como resposta, a CBF passou, dentre outros jogos, a partida entre os até então líderes do Brasileirão, Corinthians X Flamengo, para a quinta-feira passada, no mesmo árduo horário das 21h50, impossibilitando a transmissão em TV aberta.

Em entrevista publicada na Revista Poder deste mês, que tem como matéria de capa o perfil de Joana Havelange, filha de Teixeira, neta de João Havelange e diretora executiva do Comitê Organizador Local da Copa, o ex-sogro defendeu o mérito de todos eles, sobrando críticas até para a Globo.

O homem que ficou 24 anos no comando da Fifa, onde “globalizou” o negócio futebol através de forte estratégias e “parcerias”, atacou a emissora diretamente ao dizer que: “Enquanto interessou à Globo, o Ricardo era um gênio. No dia que ele quis tomar uma medida que poderia ferir a emissora, ela volta-se contra ele”.

Nunca é demais lembrar que o motivo de tamanha revolta midiática contra R.T. não veio por conta das duas edições do Panorama, da BBC, mas sim pela entrevista à revista Piauí. Nela, Daniela Pinheiro tirou do mandatário da CBF o menosprezo à “mesma patota.  UOL, Folha, Lance, ESPN, que fica repetindo as mesmas m…”.

Não só as matérias com alguns dos seus supostos casos de corrupção se multiplicaram, a ponto de aparecerem com grande frequência, como até mesmo os torcedores se reuniram em frentes para protestar contra os gastos nas obras da Copa do Mundo. Vale lembrar do protesto coletivo das torcidas organizadas na última rodada do primeiro turno do Brasileirão.

Ainda assim, Ricardo Teixeira tem a emissora dos Marinho há anos como principal aliada, o que sempre fez o dono do futebol brasileiro achar estar acima do bem e do mal. O direito de sediar a Copa de 2014 fez Mister Teixeira “entrar em campo de salto alto”. A soberba pode custar caro. Só esperamos que não seja para o bolso dos contribuintes brasileiros…

 QUEM ESCREVE:

Dijair Brilhantes ([email protected]) é estudante de jornalismo, Anderson Santos é jornalista e mestrando em comunicação social na Unisinos ([email protected]) & Bruno Lima Rocha ([email protected]) é editor do portal Estratégia & Análise (www.estrategiaeanalise.com.br).

Twitter da coluna: @alem_das4linhas

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