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Que país queremos para os próximos anos? – por Giuseppe Riesgo

Os caminhos a ser trilhados para pensar de fato no desenvolvimento do Brasil

O Brasil é um país continental que tem absolutamente tudo para se desenvolver. Dispomos de recursos naturais abundantes, não convivemos com grandes desastres naturais (assim, não desperdiçamos capital com o custo de reconstruções), possuímos excelente clima e temos uma competitiva produção agropecuária. Detemos, ainda, diversos rios navegáveis e uma enorme costa marítima. Em síntese, temos tudo para diversificar a nossa logística modal, o nosso escoamento produtivo e facilitar o nosso comércio internacional -, além do turismo.

Bastaria então acumular capital, educar desde a base e tornar o nosso capital humano mais produtivo. E, assim, com o mínimo de infraestrutura, produzir da indústria ao agronegócio, com imensa eficiência e baixíssimo custo operacional e logístico.  Mas por que não fazemos isso? O que nos afasta desse modelo de crescimento socioeconômico?

A resposta passa pelo excesso de dirigismo central e intervencionismo econômico. Desde a República Velha, pelo menos, nós tentamos crescer e desenvolver o país com forte participação do Estado na economia. Do século XX para cá, passamos por diversos “planos de desenvolvimento” e diversas constituições. Tudo inspirado na concepção de um Estado promotor do crescimento e desenvolvimento socioeconômico do Brasil.

Nessa romaria, tivemos dois Planos Nacionais de Desenvolvimento (PND I e II), um Plano Quinquenal (que construiu uma nova capital), um Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG), cinco planos econômicos em 15 anos, diversas moedas extremamente desvalorizadas, muito protecionismo ao comércio internacional e um Estado que sempre esteve, em maior ou menor escala, endividado e na contramão das políticas macroeconômicas dos países desenvolvidos.

Será que só nós estávamos certos? É claro que não. A última tentativa se deu com a Constituição Federal de 1988. Na ânsia de desenvolver a nação com mais um projeto de desenvolvimento estatal, construímos um ordenamento jurídico “garantista” e centralizador, que acarretou em um modelo de Estado caro, ineficiente e, ainda por cima, concentrador de riqueza. Ou seja, uma tragédia social.

Nosso modelo de Federação concentra em torno de 70% dos recursos em Brasília, 20% nos estados da Federação e o resto nos mais de 5500 municípios brasileiros –, geralmente pequenos e pobres. Por outro lado, delega aos estados a segurança ostensiva, parte da educação de base e parte da prestação dos serviços de saúde do Sistema Único. Aos municípios fica a educação primária, outra parte da saúde pública e toda a zeladoria que uma cidade precisa.

Em uma federação assim, o dinheiro vai a Brasília e retorna na forma de repasses via emendas parlamentares ou vinculações obrigatórias. É um vai e vêm burocrático e burro. Burocrático, porque com o intuito de evitar a corrupção, têm-se que criar regras e mais regras para sua aplicação. Órgãos e mais órgãos de controle para evitar a roubalheira dos recursos públicos. Burro, porque ao levar tantos recursos para a União, afastamos o gasto público do gestor que está na base e delegamos a um burocrata distante que, obviamente, desconhece a realidade dos mais distintos lugares em um país continental como o nosso.

Por isso, a Federação brasileira deveria rumar para essa base. Com o recurso perto de quem paga os impostos, a aplicação e a cobrança aumentam e a população passa a sentir o Estado atuando em suas demandas. Nesse contexto, o senso cívico cresce e a população passa a entender porque, afinal, paga impostos.

No atual modelo é justamente o contrário. Ao premiar a ineficiência, o civismo político se esvai e a revolta com a política (e os políticos) naturalmente cresce. O resultado? Uma sociedade que desacredita das instituições públicas e que marcha para uma anomia social e política no país. Em outras palavras: não é com experimentos sociais e monetários – como, por exemplo, a fatídica criação de uma moeda comum com a Argentina -, que iremos desenvolver o país.  Abrir a economia, acumular capital, focar na educação de base e melhorar a produtividade. Eis o caminho que o mundo inteiro adotou para se desenvolver e que nós insistimos em ignorar. Assim, infelizmente, perderemos todos nesses próximos quatro anos.

(*) Giuseppe Riesgo é deputado estadual e cumpre seu primeiro mandato pelo partido Novo. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.

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5 Comentários

  1. Não é so a nova moeda, o Peso Morto. Dinheiro do BNDES não caiu de Marte. Seguradora que criaram não tem recursos caidos de Marte. Parte da midia ainda justifica ‘exportação de serviços, o banco é como um qualquer, mimimi’. Ou então vão para as ‘boas relações’. Vou pedir para os amigos e amigas mandarem um pix de 25 contos cada um(a) por conta das ‘boas relações’. Vai ser o ‘maior sucesso’. Sim, porque so um completo imbecil cai nesta de trocar bens materiais por bens imateriais. Ah! Quem discordar é ‘ignorante, que precisa estudar mais, ler uns livros’. Quando vem de um semianalfabeto com cara de bebado é mais engraçado ainda. Resumo da opera: condenados a submediocridade.

  2. Estamento politico só pensa no dele. Corporações só pensam nos delas. Governo que ai está sabe que no maximo tem mais um pleito presidencial a vencer. Molusco com L., o honesto, está velho, mas não tem outro, vai tentar reeleição. Sem polarização complica ainda por cima. Esta gentinha não esta muito preocupado em governar, ficam comprando brigas sem sentido com os milicos, gastando capital politico com conflitos para gerar cortinas de fumaça. Vide a Guarda Nacional do Sapo Dino (Hitler nao confiava na Wermacht, criou as SS), semente de uma guerra civil (se vai rolar não se sabe, ninguem tem bola de cristal). Outra cortina de fumaça, Cavalão e seus asseclas. Perseguições do Careca e do governo estão com a tarrafa muito aberta, pegando gente que não tem nada a ver com o pastel, semeando ressentimento. A ‘união’ que falam é a base da porretada.

  3. Recursos ficam todos em BSB? Nem todos. Dilma, a humilde e capaz, reajustou a tabela do IR em junho ou julho de um determinado ano. Qual o problema? CF88. Exemplo. ‘do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados, 50% (cinquenta por cento), da seguinte forma: a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal;b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Municípios; ‘. E o mais joinha? Desde 88? ‘c) três por cento, para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter regional, de acordo com os planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao semi-árido do Nordeste a metade dos recursos destinados à Região, na forma que a lei estabelecer;’.

  4. Pais dificilmente vira uma Venezuela. Mas pode chegar perto da Argentina. Esta condenado a uma sub-mediocridade. E isto o que a casa tem para oferecer. Isto até bater a curva demografica, muito mais gente com idade, precisando de cuidados medicos e poucos jovens trabalhando (produtividade uma piada) para sustentar o ‘estado democratico de direito’ , o ‘bem estar social’ e a ‘social democracia’. Como diz o ditado, burro morre aos coices.

  5. Discurso inicial é balela. Simples, pais perdeu o bonde da historia. So na parte ‘educar desde a base’ já tem problema. Teriamos que trazer professores de fora para reciclar os daqui. Sabendo que a maioria não tem capacidade cogntiva para aprender muita coisa. Obvio, basta ler nas entrelinhas. ‘Precisamos “valorizar” os professores para que os alunos que hoje de dirigem a medicina, direito e engenharias escolham o magisterio’. Ou seja, se começarmos a pagar 15 mil por mes a partir de março deste ano, daqui 20 anos (prazo maximo) depois que os que ai estão se aposentarem vamos começar a sentir os efeitos.

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