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Morro do Alemão: uma experiência memorável – por Carlos Costabeber

Assim como todos os brasileiros (e boa parte do mundo), acompanho com interesse a ocupação do Complexo do Alemão e da Penha pelas Forças Armadas e pela Policia do Rio, desde seu inicio, no final de 2010.

E não é para menos!

Durante 30 longos anos, a população de 300.000 habitantes daqueles morros esteve sob o jugo dos traficantes.

Precisou a determinação do Governador Sergio Cabral, e a coragem do santa-mariense José Mariano Beltrame (Secretario de Securança do RJ), para com o apoio do Presidente Lula (e depois, da Dilma), iniciar uma grande operação, visando expulsar os traficantes do Complexo de Favelas do Alemão e da Penha.

Mas um fator muito especial me ligava àquela ação; afinal, ela estava sob o comando de um particular amigo, o gaúcho General Adriano Pereira Júnior, Comandante Militar do Leste (e ex-Comandante da nossa 3ª DE).

Em razão dessa amizade, aproveitei que estava no Rio (semana próxima escreverei a respeito), para pedir ao Gen. Adriano para conhecer o Complexo do Alemão, e o trabalho da Força de Pacificação.

Assim, no sábado, 14, nos dirigimos até o aquartelamento do Exército, no sopé do morro. Depois de conhecer as instalações e ser informado sobre os detalhes da operação, almoçamos com os soldados, e saímos com uma patrulha motorizada.

Foi uma experiência incrível, emocionante, única !

Até então, só conhecia as favelas do Rio olhando a grande distância. Mas agora eu estava ali, subindo por aquelas ruelas apertadas e vendo as pessoas impassíveis frente à passagem dos militares. É um cenário triste, onde milhares de casinhas (todas sem reboco) estão grudadas umas às outras, empilhadas sobre as famosas “lajes”. Os acessos são muito estreitos, tortuosos, e o esgoto corre a céu aberto.

Essa é a vida de centenas de milhares de pessoas, que ocupam os morros do Rio de Janeiro, numa inaceitável exclusão social.
E, lá de cima (paramos na estação de teleféricos recém-inaugurada), se vê como ainda vivemos em ‘dois brasis” muito diferentes. De um lado pessoas conformadas em viver naquelas condições, e de outra, o elevado padrão de vida e esplendor das belezas turísticas do Rio. Que triste contraste!!!

Por isso, quero enaltecer o trabalho dos militares do Exército que atuam sob a forte tensão de uma área conflagrada. É uma operação real, de alto risco, mas que está sendo muito bem administrada; afinal, os incidentes são irrisórios, quando havia a expectativa de embates armados com os traficantes.

Presenciei as patrulhas, sob calor intenso, e sob o peso dos uniformes especiais e do armamento, subindo e descendo as ruelas estreitas (imaginei o risco das ações noturnas, naqueles labirintos sem fim!)

Realmente o trabalho da Força Pacificadora ganhou reconhecimento mundial; e a prova é que muitos países têm enviado especialistas para conhecer o que ali está sendo feito (nessa semana o poderoso Secretário de Defesa americano esteve por lá).

Só não sei se a população daqueles morros, está convencida de que estão livres dos bandidos para sempre. Afinal, o tráfico impôs as suas próprias leis de terror, durante 30 anos. E continua a operar em centenas de favelas e em Niterói (enquanto houver demanda de drogas, existirá a presença do tráfico, não é?).

Está muito longe, pois, o dia em que o Rio possa viver em paz; está muito longe o dia em que o Brasil consiga a inclusão social de milhões e milhões de cidadãos.

Espero que a experiência ali adquirida, possa ser empregada nas demais regiões conflagradas desse País. Afinal, fazer uma operação dessa grandeza, sem mortes e sem disparos, não pode ser desperdiçada.

Valeu a experiência!

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3 Comentários

  1. Já que vai cortar, quiça preservando o autor de minha critica, vou mandar a mensagem diretamente a ele.
    A mensagem: sou contra turismo em áreas de conflito. Especialmente ocupadas pelo exército. Atrapalha a ação. Nas anteriores eu escrevi isto. (NOTA DO SÍTIO – se tivesse escrito isso nas anteriores, não teria tendo que repetir tanto. Já estaria publicado. O que mostra que o comentarista sabe muito bem o que escrever, mas, eventualmente – em benefício dele, não é sempre -, quer mesmo é só ofender.)

  2. Fui questionar um texto do patrocinador! Passaram a tesoura no meu comentário. (NOTA DO SÍTIO – a “tesoura foi passada” não pelo questionamento, mas pela forma. Afinal, sobram críticas aqui, por exemplo, à Prefeitura. E até à coleta de lixo, pelo mesmo comentarista. Portanto, devagar com o andor. Tooodos os comentários que ferirem as regras de civilidade do sítio serão, sim, cortados. Sumariamente. E isso não é “tesoura”, apenas as singelas normas de convivência.)

  3. Caro Senhor
    “Só não sei se a população daqueles morros, está convencida de que estão livres dos bandidos para sempre.” palavras suas estas, o problema é que agora caem nas mãos dos bandidos oficiais. A penúria daquela povo continua…

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