Artigos

Voto: direito ou dever? – por Vitor Hugo do Amaral Ferreira

Não há como fugir, 2012 é ano de eleição. E cá estamos a questionar se vamos praticar um direito ou cumprir um dever. Confesso que a resposta não é das mais fáceis.

Da conjuntura, é certo que podemos entender como direito a manifestação livre, a igualdade, a possibilidade de escolha de representantes. Democracia! Certo? Certeza não se tem, até por que deixar de votar, implica no dever de justificar – do descumprimento de um direito, atribui-se um dever.

Creio que estejamos frente a um direito, que repassa por uma obrigação. O parágrafo 1º, inciso I e II, do art. 14, da Constituição Federal, determina o mando – obrigação – do voto para pessoas com idade entre 18 e 70 anos; restando a faculdade de exercer tal direito aos analfabetos, aos maiores de 16 e menores de 18 e aos eleitores com mais de 70 anos.

Ora, ainda que em linhas iniciais, concluímos que estamos frente a um direito. Mas que direito é este que não posso subrogar-me. Se há voto obrigatório e se há voto facultativo, por que não me facultar em não votar, eis que assim teríamos um direito – voto se eu quero.

Talvez o estado vexatório da política, patrocinado, em boa parte, pelos que a representam – dignos da politicagem – tenha despertado a vontade de executarmos o ‘direito do não voto’.

Um voto de protesto seja branco ou nulo, e se possível inexistente, talvez fosse mais coerente, mas aqui o dever – votar é obrigação. Por outro lado, ninguém nos obriga a votar neste ou naquele, até por que o nosso candidato pode ser o Deputado ‘branco’ ou mesmo o Vereador ‘nulo’, e sendo assim voto se eu quiser, deixamos de lado a obrigação.

Ainda me pergunto: direito ou dever?

Direito quando se vota em quem nos representa, que seja no mínimo uma causa;

Direito quando deixamos de presenciar a política da malandragem;

Direito à boa política, virtuosa em feitos e conquistas à sociedade.

Do discurso que se perde na prática, talvez nosso desejo (utópico) de direito ao voto encontre guarita em sua contramão; então o dever prevalece ao direito. Por sorte, quem sabe Nelson Rodrigues tenha errado nas palavras quando afirmou que muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos…

Aqui discordo do autor, ainda que paire a dúvida entre o direito e o dever, faço a minha escolha e compartilho que voto é o dever associado ao direito em se comprometer, e este não pode estar distante dos bons, dos melhores sentimentos.

Vitor Hugo do Amaral Ferreira

[email protected]

@vitorhugoaf

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

3 Comentários

  1. Com efeito, o que falta no eleitorado hoje é a percepção que existe, sim, política ‘boa’. Urge a desconstrução da ligação entre política e malandragem (a dita ‘politicagem’).

    É difícil que isso aconteça sem se recair em uma postura que beire a ingenuidade. Mas é possível. Sejamos otimistas.

    2012 está aí, acordemos!

  2. Essa é uma discussão muito pertinente, que vem a tona nos anos eleitorais… certamente deveriam existir mais pessoas que falem sobre o assunto, felizmente que temos ao alcance da nossa leituras pessoas que gostam de ”colocar o dedo na ferida”.

  3. Ainda que tenhamos vários exemplos do que não deve ser feito por políticos no nosso dia-a-dia, é nosso dever acreditar na política.
    Política a qual me refiro de homens de bem, de coragem, competência e acima de tudo, HONESTIDADE.
    Em 2012 faça valer o seu direito, não fique mais 4 anos se lamentando daquele político que você também ajudou a eleger. É hora da mudança e essa mudança passa pelo seu voto!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo