HISTÓRIA. O dia em que Brizola vergou a Globo no Jornal Nacional. Confira íntegra do texto e veja o vídeo
Até onde chega o bestunto do editor, não há um único outro caso em que a Justiça obrigou o gigante dos gigantes a vergar. Foi há 15 anos, no mês de março. Leonel de Moura Brizola obrigou a TV Globo a usar o seu principal telejornal para conceder um direito de resposta. E foram 3 minutos., num texto lido pelo notório Cid Moreira – o mesmo que, no dia anterior, num ataque feroz da emissora do então vivo Roberto Marinho havia chamado o venerando político gaúcho de “senil”.
Quem resgata essa história, que hoje parece muito divertida (inclusive porque isso, de um cidadão ver reconhecido na Justiça com toda a plenitude o direito de se defender dos gigantes – e dos nem tanto – da mídia é muito raro), é o portal do jornalista a Luis Nassif. Confira, primeiro, o texto lido por Moreira. Lá embaixo você tem ao link para o vídeo. A seguir:
“Todo sabem que eu, Leonel Brizola, só posso ocupar espaço na Globo quando amparado pela Justiça. Aqui, citam o meu nome para ser intrigado, desmerecido e achincalhado perante o povo brasileiro. Ontem, neste mesmo Jornal Nacional, a pretexto de citar o editorial de O Globo, fui acusado na minha honra e, pior, chamado de senil.
Tenho 70 anos, 16 a menos que o meu difamador, Roberto Marinho. Se é esse o conceito que tem sobre os homens de cabelos brancos, que use para si. Não reconheço na Globo autoridade em matéria de liberdade de imprensa, e, basta, para isso, olhar a sua longa e cordial convivência com os regimes autoritários e com a ditadura que por 20 anos dominou o nosso país.
Todos sabem que critico, há muito tempo, a TV Globo, seu poder imperial e suas manipulações. Mas a ira da Globo, que se manifestou ontem, não tem nenhuma relação com posições éticas ou de princípio. É apenas o temor de perder negócio bilionário que para ela representa a transmissão do carnaval. Dinheiro, acima de tudo.
Em 83, quando construí a Passarela, a Globo sabotou, boicotou, não quis transmitir e tentou inviabilizar, de todas as forma, o ponto alto do carnaval carioca. Também aí, não tem autoridade moral para questionar-me. E mais: reagi contra a Globo em defesa do Estado e do povo do Rio de Janeiro que, por duas vezes, contra a vontade da Globo, elegeu-me como seu representante maior. E isto é o que não perdoarão nunca.
Até mesmo a pesquisa mostrada ontem revela como tudo na Globo é tendencioso e manipulado.
Ninguém questiona o direito da Globo mostrar os problemas da cidade. Seria, antes, um dever para qualquer órgão de imprensa. Dever que a Globo jamais cumpriu quando se encontravam no Palácio Guanabara governantes de sua predileção. Quando ela diz que denuncia os maus administradores, deveria dizer, sim, que ataca e tenta desmoralizar os homens públicos que não se vergam diante de seu poder. Se eu tivesse pretensões eleitoreiras de que tentam me acusar não estaria, aqui, lutando contra um gigante como a Rede Globo. Faço-o porque não cheguei aos 70 anos de idade para ser um acomodado.
Quando me insultam por minhas relações administrativas com o Governo Federal, ao qual faço oposição política, a Globo vê nisso bajulação e servilismo. É compreensível. Quem sempre viveu de concessões e favores do poder público não é capaz de ver nos outros senão os vícios que carrega em si mesmo.
Que o povo brasileiro faça seu julgamento, e, na sua consciência lúcida e honrada, separe os que são dignos e coerentes daqueles que sempre foram servis e gananciosos”.
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Algo para ser reverenciado a vida inteira.
Seo Claudemir: “… essa, meninos eu vi! Vi e ouvi a cara e voz cadavérica do também gaúcho Cid Moreira. Foi muito bom! Lembro que assistimos em total silêncio e, no final, foram gritos-palmas-assobios-já-venceu! Meu pai chorou, e olha que o bagual não era de chorar… Bons tempos, Seo Claudemir! Tempos de POLÍTICOS com fibra, coragem, vergonha e História! GRANDE Leonel! Como ele, como ‘aqueles’, nunca mais… Um abraço, longe do meu Rio Grande, também me emocionei…