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Um exemplo de coerência – por Daniel Coronel

Nos últimos dias, a mídia noticiou o debate entre o ex-governador do Rio Grande do Sul (RS), Olívio Dutra, e o Deputado Federal pelo Estado de São Paulo, José Genoíno, no qual o ex-governador sugeriu que o deputado renunciasse a seu mandato em respeito à sua própria história.

Não obstante a isso, o que se observou após o debate é que vários setores dentro do Partido dos Trabalhadores (PT) se pronunciaram contra, não ao Deputado Genoíno, como talvez o senso comum esperasse, já que o mesmo foi condenado pelo órgão máximo do judiciário brasileiro, mas, sim, em relação ao ex-governador, visto que, conforme relatou o Jornal o Estado de São Paulo, o Secretário de Comunicação do PT afirmou que Olívio tem uma visão específica da situação, a qual não representa a maioria do partido.

Neste contexto, fica a dúvida: quando o PT foi criado, os signatários da fundação foram Sérgio Buarque de Holanda, Lula e Olívio, que, em 1986, estava entre os primeiros deputados eleitos pelo PT no RS; em 1988, foi o primeiro prefeito desta agremiação a ocupar a Prefeitura de Porto Alegre e, em 1998, tornou-se o primeiro petista a ser governador do RS, ou seja, em momentos históricos e importantes do PT, lá estava Olívio, com sua coerência e simplicidade e, principalmente, honestidade, e, mesmo uma forte oposição jamais questionou o seu caráter e sua decência. Assim, será que este homem, que participou ativamente da história deste partido, não representa mais os anseios da maioria de seus pares?

Talvez não, pois Olívio era de um tempo em que as discussões eram entre o modelo neoliberal e privatista, implantado aqui no RS, entre 1994 e 1998, entre latifúndio e agricultura familiar. Além disso, Olívio é do tempo em que, quando um governante saísse do seu cargo público, voltava aos seus afazeres, como ele fez ao terminar seu mandato de prefeito de Porto Alegre: voltou no dia seguinte ao Banrisul para as suas atividades de bancário. Quando voltou a Porto Alegre, depois de sua passagem pelo ministério, era comum vê-lo andando de ônibus ou bicicleta pelas ruas, não se utilizando de motoristas ou de seguranças.

Enfim, exemplos como os de Olívio Dutra representam, sim, não apenas uma parte de seus pares, mas também daqueles que querem e almejam a boa política com ética e decência. Pode-se concordar ou não com suas ideias e seu jeito de ver a economia, contudo jamais se pode levantar qualquer dúvida sobre a honra e a ética deste gaúcho missioneiro da Bossoroca.

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3 Comentários

  1. Quase perfeito, só não tira nota 10 porque senso é com s, neste caso (NOTA DO SÍTIO – nesta, o editor se passou. Foi um equívoco. Mas haverá correção imediata. Grato!)

  2. Pois é, Daniel Coronel! Essa é mais uma das tantas incoerências que atestam a total deterioração dos valores que davam o “conteúdo” para esse que um dia, com galhardia, foi o “Partido dos Trabalhadores”!Resta nada…

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