Pequenos grandes heróis – por Daniel Arruda Coronel
Nos últimos anos, a sociedade brasileira está cada vez mais desiludida e desencantada com seus políticos, seus governantes e com vários atletas que não demonstram amor e garra ao defenderem nosso estado e país.
Não obstante a isso, quando a população observa profissionais trabalhando com honestidade, com dignidade e respeito ao erário público e em defesa dos interesses do povo, rapidamente cria-se um sentimento de empatia, respeito e admiração. Exemplos disto não faltam, contudo podemos citar três personalidades: o promotor Francisco Cembranelli, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), e, mais recentemente, aqui em Santa Maria, o delegado Marcelo Arigony.
Um ponto em comum entre os três é que ambos são ligados ao judiciário, o que mostra claramente que boa parte da sociedade acredita nas leis, respeita-as e quer vê-las serem aplicadas independentemente de credo, religião e poder político e econômico.
O promotor Cembranelli destacou-se pelo seu trabalho no caso da menina Isabella Nardoni, a qual foi assassinada bruta e covardemente por seu “pai” e sua madrasta. O ministro Joaquim ganhou a simpatia e o apreço da sociedade por agir com rigor e decência no caso do mensalão, o qual condenou várias personalidades políticas que até pouco tempo deblateravam, parlapatões que eram, no Congresso, em defesa da ética e da moralidade, além de criticarem várias medidas importantes que garantiram a estabilidade macroeconômica do país. O delegado Arigony, desde o dia 27 de janeiro, vem ganhando a simpatia e o apreço de boa parte da população santa-mariense pela maneira transparente, comprometida e séria que vem conduzindo as investigações sobre o incêndio na boate Kiss, o qual vitimou 241 pessoas, o que, sob hipótese alguma, deve ficar sem esclarecimento e sem penas exemplares aos culpados por esta horrível tragédia que enlutou e causa dor e sofrimento à população brasileira.
Uma pergunta que indubitavelmente vem à cabeça sobre estas três personalidades é o que elas fizeram ou estão fazendo para ganhar a confiança da população. A resposta é simples: trabalho com ética, comprometimento, honestidade e transparência, ou seja, valores que deveriam ser obrigação de todos os políticos e governantes, mas que, infelizmente, são princípios seguidos por uma minoria e, quando a sociedade observa ações torpes e clientelistas contra pessoas sérias, um verdadeiro sentimento de revolta e indignação corroi as entranhas da população. Um exemplo disto são manifestações nas redes sociais sobre o possível afastamento do delegado Arigony da condução das investigações sobre a boate Kiss.
Enfim, em uma sociedade muitas vezes desencantada e desiludida, profissionais que trabalham com ética com certeza são estímulos para que nossos jovens cada vez mais tenham os valores éticos e morais como baluartes de suas ações pessoais e profissionais.
Infeliz a nação que precisa de heróis, já dizia Brecht. Maldita a nação em que fazer a obrigação é heroísmo.
Parabéns pelo texto professor. Ótimas reflexões.