Artigos

Direto da redação – por Bianca Zasso

Já diria um amigo meu que a gente só consegue ver o verdadeiro estrago depois que a baixa a poeira. Só agora consigo pensar com dedicação sobre os protestos que movimentaram o país nas últimas semanas. Logo no começo, meu cérebro estava atordoado, era uma informação nova a cada minuto e com a vida louca vida de casa um ficou difícil observar com cuidado tudo que acontecia.

Mesmo que os olhos do mundo estivessem nas ruas brasileiras, minha preocupação ficou focada nas redações de jornais e revistas. Como estariam meus colegas de profissão diante daquele levante lindo e com detalhes que precisavam estar nas páginas nossas de cada dia. E é impossível pensar numa redação de jornal e não se lembrar de Todos os homens do presidente.

O filme de 1976, dirigido por Alan J. Pakula é mais que uma aula sobre os bastidores da cobertura do escândalo Watergate. Inspirado no livro dos jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein, Todos os homens do presidente tem ritmo furioso e certas cenas parecem cheirar a café, cigarros e papel-jornal.

Assim como aconteceu com outros colegas, a produção foi a responsável por essa colunista que vos escreve ter escolhido o jornalismo como profissão. É impossível não se encantar com o ambiente da redação mostrado no filme e a gana com que os personagens dos sensacionais Robert Redford e Dustin Hoffman investigam as pistas que surgem pelo caminho.

Todos os homens do presidente também é emblemático porque reflete a chamada paranoia americana. O clima de desconfiança que permeava a população dos Estados Unidos na vida real passou, a partir de meados dos anos 70, a ser refletido nas telas, num acontecimento semelhante ao pavor causado pelos gângsteres no período da lei seca, eternizado no cinema nos filmes do chamado cinema noir. Pakula constrói uma trama que, num primeiro momento, parece mais um filme sobre investigação política, mas que se torna um thriller inteligente e bem conduzido sobre dois repórteres que desconfiam de tudo para o bem de suas matérias.

Um tanto utópico alguns dirão, mas não podemos esquecer que nem só de mentes comandadas pelo dinheiro vive o jornalismo. Somos poucos, mas somos fiéis ao juramento de levar informação precisa aos leitores, ouvintes e telespectadores. Mesmo quem nunca passou perto de uma redação de jornal se encanta com o empenho dos protagonistas. A motivação deles vale para tudo e vai além da manchete e do tão cobiçado furo de reportagem.

Esta humilde cinéfila e pesquisadora largou a redação faz tempo. Descobriu de uma forma até divertida, que não nasceu para ser repórter, pelo menos não do jeito comum.  Mas aprecia com prazer o fato de dividir com os “caras” de Todos os homens do presidente a mesma profissão. Que me perdoem os administradores, advogados, médicos e afins: mas ser jornalista é demais mesmo quando a gente ganha de menos.  E a gente vai pra rua todos os dias, atrás da notícia.

Todos os homens do presidente (All the President’s Men)

Ano:

Direção:

Disponível em DVD

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo