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Realismo grotesco – por Jorge Luiz da Cunha

jorgeSobre o Brasil nos últimos anos, com o que sabemos e com o que ainda saberemos, com certeza inspiramos novas tendências da literatura universal.

Os fatos, os personagens envolvidos, seus discursos idiossincráticos, são excelente matéria prima para um literário realismo grotesco ao estilo de Nikolai Gógol. Um autor que conheci aos 16 anos de idade e do qual tenho lembrado muito nos tempos em que vivemos, aqui na Terra Brasilis.

Gógol foi um escritor russo/ucraniano, nascido em 1809 e morto em 1852. Autor de várias obras consideradas importantes marcos na literatura universal da primeira metade do século 19. É o autor de “Almas Mortas”, que o fez ser considerado o pai da literatura realista, irônica e grotesca, ao denunciar as virtudes e as limitações da alma humana, embebida em contradições, ora humilhada, ora elevada.

O romance é uma descrição detalhada da Rússia Imperial, da burocracia, das idiotices dos governos e da distinção entre a formalidade e a realidade. Uma sátira impiedosa e consistente que em muito pode se assemelhar as descrições que poderiam ser feitas sobre o Brasil da atualidade, nem tão ficcionais assim.

Com a redemocratização do Brasil em meados dos anos 1980, chegamos ao governo através de partidos que, anunciados ao centro ou à esquerda, reproduziram e continuam reproduzindo a mesma política liberal. Por conveniência, e somente por conveniência, cooptam ou tentam cooptar a massa popular ou as ditas classes médias. Mas, como povo brasileiro até podemos ter chegado ao governo, mas não conquistamos o poder. Nosso poder, aquele prometido pela Constituição de 1988, sempre foi e continua sendo usurpado por interesses corporativos ou individuais de partidos por eles colonizados. Veja-se a montanha de denúncias e a crescente transparência da corrupção que graça solta. Sujeira, daqui, dali e de acolá, justificada por ditos como “sempre houve”, “os outros também fizeram”, “não cumpriram a lei, mas são honestos”, “o judiciário está colonizado pela direita”, “a polícia federal tem autonomia demais”, “o MP só investiga quem ele quer”, etc., etc., etc. Sujeira feita e sujeira dita!

Sem dúvida, Nikolai Gógol, se fosse vivo e brasileiro, ou se suicidaria por acreditar que sua ficção é realidade ou ganharia o Nobel por transformar em narrativa literária o que nós brasileiros sentimos na pele nestes tempos contraditórios de humilhação nacional.

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