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Vem pra rua – por Bianca Zasso

biancaEsta colunista que vos escreve tem pouco mais de um quarto de século e mesmo assim viveu um pouco dos tempos mágicos dos cinemas de rua. Lembro-me do cartaz de O estranho mundo de Jack estampando o Cine Glória e também de algumas sessões em salas da capital dos gaúchos. Cinema era um lugar, quase sempre central, onde as pessoas marcavam encontros e se escolhiam o melhor modelito para frequentar. Um lugar mágico.

Hoje, pelo menos para a minha tristeza, ir ao cinema significa procurar um shopping que não esteja tão lotado, enfrentar escadas rolantes e sentar-se em poltronas modernas, muitas vezes ao lado de pessoas que estão mais interessadas em comer pipoca com refrigerante ou tirar uma sefie para alimentar suas redes sociais.

Pode parecer chatice de uma mulher que tem quase 30 anos e um fôlego de senhorinha de 90. Porém, não estou sozinha. Meu avô, Leonardo, um pernambucano de 85 anos e cinéfilo de carteirinha, abandonou o saudável hábito de ir ao cinema porque não tem paciência para enfrentar os centros comerciais onde eles se localizam. Mas os tempos estão mudando, ao que parece.

No dia 27 de março foi inaugurada em Porto Alegre a Cinemateca Capitólio, localizada no prédio que acolheu durante décadas o Cine Capitólio, um dos mais tradicionais cinemas de rua da cidade. Sob o comando do talentoso Marcus Mello e após alguns anos de reformas, o portinho volta a ter um lugar dedicado ao cinema e aos cinéfilos.

Além das sessões de filmes que passam longe dos blockbusters, há biblioteca, sala de estudos, acervo sobre o cinema gaúcho e um café. Resumo do roteiro: um cenário para quem gosta de cinema. Não apenas da pura diversão que ele oferece, mas da capacidade que ele tem de contar e registrar histórias, mudar nossas vidas e alimentar nossos sonhos.

Além da Cinemateca Capitólio, o Cinesesc de São Paulo, comandado por Gilson Packer, também é uma iniciativa embalada no amor pelo cinema. Com tantos projetos ganhando forma e outros saindo aos poucos do papel, ouso concordar com Marcus Mello, que publicou em seu perfil numa rede social que os cinemas de rua podem ser a bola da vez. Que os deuses da sétima arte escutem nossas preces e os lugares mágicos de nossas esquinas brotem como erva daninha. Cinéfilos vão ir pra rua. Sorridentes.

 

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Um Comentário

  1. Bianca parabéns por esse lindo texto, quem viveu a magia dos cinemas de rua nunca vais esquecer pois era um ritual de escolher o modelito,imaginar quem estaria lá e principalmente o filme que sempre era esperado com uma certa ansiedade.Os cinemas dos Centros Comerciais não tem encanto e em Santa Maria os filmes mais alternativos não chegam pois só veem os altamente comerciais que geram grandes bilheteria.Na minha cidade Itaqui tinha dois cinemas de proprietários diferentes que gerava concorrência e grandes filmes.Quando cheguei em Santa Maria em 1975 tinha três cinemas o Imperial,Independência e o Gloria. Belos tempos.

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