O grande teste – por Márcio Grings

“A vida não passa de um grande teste. Se tentar demais… Fracassa! Porém, se você tentar muito e fracassar um pouco, irá no mínimo se divertir. Talvez isso já seja um sucesso”

NEIL YOUNG

A verdade é que nunca saberemos o resultado final de certas coisas. A vida é pagar pra ver o tempo todo. Quem não tem culhões para segurar o tranco, bueno, então fica em casa dormindo, sonhando com um mundo colorido e inofensivo. Tenho certeza: só quem conhece o fracasso merece o sucesso. Conheço um bocado de gente que entrou em depressão depois de bater com os cornos na parede. Que dói, ah, dói! Porém, se os miolos não se espatifarem no impacto, muitas vezes tudo fica mais claro.

Sempre achei que o processo é a parte mais divertida de praticamente tudo que é maquinado dentro de nós. Imaginar e materializar. Entre o início e o final de tudo, esse caminho do meio, há muito a ser admirado e vivido. A droga é que muitas vezes ficamos nos desculpando de falta de tempo e outras baboseiras, e só depois percebemos que parte daquilo não foi absorvido. E o pior – geralmente nos damos conta das autossabotagens e omissões próprias.

Por isso, nesse inventário de ações, depois do arrefecimento do calor, após grandes testes de resistência, quando a massa corpórea dos acontecimentos começa a apresentar o rigor mortis, as visões surgem. Feito um sopro de luz elucidativo. Não acredite na humanidade. Confie em dois ou três. Fortaleça-se, reflita e esgravate nas lembranças o ponto principal de alguns equívocos. Reflexão. Desconecte-se.

“Quem avança confiante na direção de seus sonhos e se empenha em viver a vida que imaginou para si encontra um sucesso inesperado em seu dia-a-dia”. Thoreau é sábio. O resultado final é apenas uma consequência. O barato é sacar o que há entre uma etapa e outra. Mate a ansiedade, aproveite a viagem e olhe em volta.

Eu acredito em sonhadores. Não há problemas nisso. Precisamos nos aproximar de uma visão mais descolada da realidade, se não, enlouquecemos. É aí que entra a arte, a literatura, a música. Apesar de que o conceito de realidade de cada um ser algo sem uma linha limítrofe.

Entre um cidadão médio e um louco sonhador, eu fico com o segundo. Detesto quem fica em cima do muro. Eu geralmente derrubo os muros. Gosto de sentir o vento circulando livre pelas ruas.