DO FEICEBUQUI. Indigência intelectual dos políticos locais de hoje. E a nova ‘função’ das lideranças jovens
O editor tem publicado observações curtas (ou nem tanto) no seu perfil do Feicebuqui que, nem sempre, são objeto de notas aqui no sítio. Então, eventualmente as reproduzirá também para o público daqui. Como são os casos desses textos, que foram postados na rede social nas últimas horas. Confira:
INDIGÊNCIA INTELECTUAL
Estou cada vez mais impressionado com a indigência intelectual de algumas lideranças políticas locais. Parece que sequer os jornais lêem, quanto mais um livro – de bolso que seja.
NÃO, NÃO É…
…nem queixa, mas constatação. E um certo saudosismo, também, de tempos em que pelo menos os líderes sabiam do que estavam falando, sem reproduzir asneiras e dizer coisas sem ter a mínima ideia do que estão falando.
Desculpa o desabafo, mas lembro de lideranças da Arena (sim, da Arena) e do MDB (sim, do MDB) que os líderes atuais, e pode escolher o partido, não atariam um cadarço de tênis surrado.
Como se diz, #prontofalei!
PS. Resolvi escrever isso ao ler alguns comentários de gente que, daqui a pouco, vai achar mesmo que lidera alguma coisa. Ponto!
BONECOS INFLÁVEIS
Houve um tempo (e nem faz tanto – até os anos 90, assim identifico) em que lideranças jovens se reuniam para discutir política.
Hoje? Fazem campanha do agasalho ou criam clubes de descontos, substituindo entidades caritativas ou virando negociantes.
Como querer, assim, que se criem líderes? O que temos são bonecos infláveis.
Lamentável. E triste.
Clássico, lembrar uma época dourada que nunca existiu. Antigamente poucos tinham acesso à educação e dessa minoria (não dá para chamar de elite) saia os que tentavam a vida na política. Getúlio Vargas, voltando um pouco mais no tempo, “se virava” no inglês e falava francês e italiano. Vestibular para direito, por exemplo, tinha prova oral. Em alguns lugares caia geometria, latim, francês. Mudanças vieram, acabaram com o clássico/científico/normal. Acabaram com a admissão ao ginásio. Na época do editor, já se pronunciava a decadência. As exceções e os resquícios da época anterior davam impressão diferente.
O resultado são pessoas que sabem muito bem o que está escrito, repetem de memória longos trechos de livros e não compreendem muito bem o que se apresenta. O suficiente e necessário para dar aparência de uma intelectualidade que não existe. Como disse Umberto Eco, “livros não foram feitos para serem aceitos, mas para serem questionados; quando julgamos um livro não devemos perguntar a nós mesmos o que ele diz, mas o que ele significa”. Há pessoas que lêem livros de bolso de Shakespeare (português, óbvio, não conhecem outro idioma) e sabem o que está escrito, mas entendem as sutilezas do texto? Sem notas de rodapé, sem outro livro para ajudar? Tem muita gente que le e não entende, outros não lêem e dizem que lêem. Afinal, “enrolação” é uma arte muita apreciada na política e certos ambientes acadêmicos, jornalísticos e radialísticos. Mais fácil “parecer” do que “ser”. E não se deve esquecer de mencionar a glorificação da ignorância ocorrida nos tempos mais recentes.
Claudemir, mesmo que não vá aumentar teu salário, devo dizer que concordo totalmente com tuas constatações. É brabo, mas tenho que dizer – escrever – que também sou “daquele” tempo.