DO FEICEBUQUI. Impeachment consumado de Dilma em três textinhos: memória, tragédia e farsa e golpe
Além do texto inicial, um pouste do editor, foram pinçados dois outros textos publicados no Feicebuqui: do amigo Athos Miralha da Cunha e do jornalista Mario Marcos de Souza. Confira:
COISA DE QUEM…
…tem mais tempo de rodagem: há 24 anos, a população estava nas ruas comemorando um impeachment. Já, hoje…
Isso deverá significar alguma coisa. Ou não?
A HISTÓRIA…
…que se repete, a tragédia e a farsa, como escreve Athos Ronaldo Miralha da Cunha:
“O trágico e a farsa
Como se caracteriza uma farsa? A traição. A cor do lenço. Um mate mal cevado. A indiferença. O velho fio-de-bigode pode ser uma farsa nesses tempos atuais?
Um aperto de mão pode ser uma farsa? Pode. Um tapinha nas costas sempre é uma farsa.
A morte de uma pessoa querida? É uma tragédia. Farsa seria a morte da autoestima provocada por um inescrupuloso.
Um recém nascido pode ser uma farsa? Aí depende: um governo, sim. Uma criança, não. Tragédia é um governo corrupto. Tragédia é a morte de uma criança.
Qual o limite entre a farsa e o trágico?
Hegel afirmou que “a história se repete por duas vezes” e Karl Marx complementou com “a primeira como tragédia e a segunda como farsa”. No campo histórico é possível analisar a premissa dos velhotes. Mas no campo pessoal a farsa toma ares de traição e hipocrisia. Ou podemos botar a culpa no destino?
É possível que a culpada seja a constituição. Ou a nossa imatura democracia.
O limite entre a tragédia e a farsa é a crise de nossa representatividade e o padrão de nossos representantes.”
E UM SELO…
…que pegou para sempre, como mostra Mário Marcos de Souza:
“Um consolo pelo menos: o selo de golpistas grudou e passou a incomodar. Em cada entrevista, como a da senadora gaúcha há pouco, lá vem a defesa do processo, insistindo por que não há golpe, tudo discurso vazio. Vai ser um selo para sempre.”
Comemoração naquela época pode até ter sido maior, Collor estava sozinho. Desta vez também aconteceram comemorações em diversos lugares. Vide foto no jornal britânico:
https://www.theguardian.com/news/gallery/2016/sep/01/best-photographs-of-the-day-an-inflatable-ex-president-meerkat-pups
Filosofia não se resume a Hegel, ou ao jovem hegeliano Marx. Entre muitos dá para citar Croce e Vico. A história se repete, mas quando isto acontece a consciência mudou e os fatos são encarados de outra maneira. Quem quiser ler algo além da cartilha tem permissão, o partido não precisa ficar sabendo.
Selo de golpista incomodou? Viva o golpe!