As prioridades daqui e daí, todas juntas e importantes – por Bianca Pereira, de Chandigarh, Índia
Uma coisa que aprendi na Índia, ou melhor, ficou mais forte na Índia, foi meu senso de prioridades. Não é a lista de prioridades do que fazer, como o texto para o blog, comida para amanhã, pagar as contas, etc., mas o senso do que é realmente importante na vida.
Passei os últimos anos brigando comigo mesma sobre esse mesmo tópico. Pessoas, estudo, eventos, trabalho, coisas, viagens? O que eu quero fazer, o que outras pessoas querem fazer? O que é realmente importante?
Provavelmente seja o fato de estar longe de casa, e não necessariamente na Índia, que essa mistura de sentimento e pensamento veio à tona. O fato de não estar perto das pessoas que fizeram parte da minha vida de pertinho por tanto tampo é estranho, e a necessidade de contar as novidades ou qualquer bobagem que acontece é enorme!
O que acontece é que eu vou atrás, chamo no WhatsApp, no Messenger e, quando a internet ajuda, no Skype. Pergunto do dia, da semana, do que eles têm feito. Mando fotos dos lugares, áudio reclamando, rindo, mostrando o pessoal falando em hindi, o que for. Quero que elas tenham uma ideia do que eu estou vivendo aqui já que não posso tê-las comigo.
Ah! Eles me chamam também, me contam do que andam fazendo, mandam fotos, áudios, vídeos (meus bebês não são mais bebês e só faz dois meses!), rimos e choramos juntos por todos os motivos possíveis e imagináveis, duvidando até os impossíveis e inimagináveis se vocês conhecem meus amigos. Afinal, qualquer relação é uma via de mão dupla, certo? Ambos os lados precisam querer conviver e fazer por onde. Podemos demorar para responder, mas respondemos uns aos outros e eu juro que tento não deixar nenhuma pergunta não respondida ou perguntada, nenhum comentário a ser feito.
E querem saber por quê? Porque estar longe de casa me mostrou que a minha prioridade não é nada além das pessoas que eu amo e quero por perto! As pessoas que tiram alguns minutos (ou horas) do seu dia para falar comigo também. Que entendem que temos 8h de diferença e que nem sempre eu consigo (ou estou acordada) para responder na hora. Coisas se quebram, se perdem, as memórias com as pessoas que nos fazem felizes, ou nos fizeram felizes em algum momento, ficam.
Aqui conheci algumas pessoas incríveis! Minhas colegas de apartamento, o grupo de estrangeiros da AIESEC, colegas de trabalho e pessoas que simplesmente apareceram na minha vida nesses últimos (e quase exatos) dois meses. Eles também são minha prioridade agora.
Tento passar o meu tempo aproveitando a vida com eles, seja em viagens, em festivais, em junções ou em dias calmos como hoje em que estamos em três no apartamento, sentadas na mesa conversando sobre tudo e nada (nossa Italiana está viajando a trabalho).
Não deixo de fazer as minhas coisas, de aproveitar meu tempo sozinha ou com pessoas de grupos diferentes, mas sei que tenho eles por perto e manter amizades é uma prioridade minha, acredito que não só de hoje.
Que legal Bi…estás amadurecendo muitos anos em meses. Parabéns e um grande beijo saudoso do tio Cleber