Pesquisa. José Farret, do PP, e Jorge Pozzobom, do PSDB. Esses têm meeeesmo o que comemorar

O Diário de Santa Maria divulgou sábado a primeira pesquisa de intenção de voto para prefeito municipal, faltando pouco mais de um ano para o pleito. Realizado pelo Instituto Methodus, de Porto Alegre, o levantamento foi feito entre os dias 24 e 25 de setembro, ouvindo 600 santa-marienses com mais de 16 anos. A margem de erro, 4,1% para mais ou para menos, é além da habitual para esse tipo de trabalho mas, imagino, se deve à necessidade de conferir maior segurança aos pesquisadores.

Na pesquisa estimulada, em que os entrevistados eram apresentados a um grupo de nomes, José Farret, do PP, lidera com 30,5% das intenções de voto. Seguem-se, pela ordem, Cezar Schirmer, PMDB, 26%, Paulo Pimenta, PT, 15,5%, Jorge Pozzobom, 14,3%, Paulo Brandt, DEM, 0,5% e Luiz Celso Giacomini, 0,3%.

Na pesquisa espontânea, em que os entrevistados eram convidados a citar um nome, mais de 70% não souberam ou não quiseram fazê-lo. Ainda aí, a preferência é por Farret, com 8,3%, com Schirmer logo em seguida, 7,2%. Valdeci Oliveira, PT, que não concorre à reeleição, foi citado por 3,8%, seguido por Pimenta, 2,5%, Jorge Pozzobom, 1,5% e JC Maciel da Silva, do PMDB, que não é candidato, com 0,7%.

A pesquisa divulgada pelo DSM também apurou o nível de rejeição dos concorrentes à Prefeitura. Esse dado, do ponto de vista negativo, “vitoriou” Paulo Pimenta, com 34%. O segundo é Cezar Schirmer, com 17%, Jorge Pozzobom, 14%, Paulo Brande, 7,8 %, José Farret, 6,3  % e Luiz Celso Giacomini, 5%. Entre os que não souberam ou não rejeitam qualquer candidato estão 15,8% dos pesquisados.

Há outras informações na pesquisa, mas fiquemos com essas, as principais, para elaborar um raciocínio. Afinal, esta (nem sempre) humilde página de internet existe também para isso. E, de cara, salta aos olhos, o óbvio: José Farret, que todos sonham ter como candidato a vice-prefeito, deve estar se perguntando agora: “ora, e por que não eu?”. Sim. Um sujeito que tem um terço do eleitorado pode sonhar. Mesmo se sabendo que, em pleitos anteriores, esse patamar também já tinha sido atingido por Farret que, no fim, perdeu. Mas, e agora? Quem garante que não vencerei, poderá se questionar o ex-prefeito.

É ele, assim, o principal vencedor, se é que se pode falar desta maneira, da pesquisa apresentada pelo DSM. Tanto pode ser ele próprio candidato (e muitos ainda embalam esse sonho, quem sabe até Farret), quanto ter um cacife ainda maior para negociar, politicamente, o apoio a um terceiro nome.

E é aí que entra o segundo grande vitorioso do levantamento. Jorge Pozzobom, do PSDB, que acalenta o sonho de ser prefeito, está na mesma situação de Farret. Ou, talvez até melhor. Havia a dúvida, ainda não dirimida, mas já bastante reduzida, se o voto que recebeu (e foram quase 30 mil) para deputado federal em 2006 poderiam se transformar em apoio para uma candidatura majoritária. Convenhamos que, com 14% de intenções de voto, sem estar afirmado na política local, credencia a vôos mais elevados. Ou, no mínimo, colocar-se em patamar de negociação capaz de tornar bem mais caro, politicamente, um apoio.

Pelo mesmo raciocínio, se poderia dizer que Schirmer e Pimenta perderam o embate da pesquisa? Com certeza, sim. Se bem que o peemedebista pode ter maiores prejuízos, num primeiro momento, que o petista. Por quê? Passadas duas eleições majoritárias, ele ainda não consegue se colocar numa posição de superioridade. E terá maiores dificuldades, talvez, de trazer Farret ou Pozzobom para seu lado. Inclusive porque não é mais governo no Estado, ao contrário de 2004, por exemplo. E, embora seja aliado do governo em Brasília, não o defende aqui – logo, não é caudatário de eventuais lucros políticos do governo federal.

Quanto a Pimenta, tem a seu favor duas coisas interessantes. Uma, o passado. Tive acesso a uma pesquisa feita pelo PT um ano antes da eleição de 2004. Os números eram semelhantes, mas para pior. Isto é, então, Valdeci Oliveira tinha menos que os 15,5% de Pimenta hoje. Outra, o futuro: não há dúvida (ou há?), que o petista tende a ser o maior beneficiário da enxurrada de obras que o PAC (e o BID) proporcionará à cidade em 2008, o ano da eleição.

Mas tem um contratempo terrível contra si. É o maior dos rejeitados entre todos os postulantes à prefeitura. Isso só não é pior porque não haverá segundo turno. Com um turno apenas, ser rejeitado por um terço do eleitorado é péssimo. Mas pode não ser fatal. Terá, porém, que trabalhar muito para se viabilizar. Especialmente se, contrariando os números mas atendendo a uma lógica ideológica (se é que isso ainda existe), de alguma maneira Schirmer e Farret se unirem. Se bem que tem o fator Pozzobom. Que ainda não se sabe como se comportará.

Retrato de um momento, a pesquisa publicada pelo Diário de Santa Maria, logicamente não é definitiva. Mas se torna em instrumento fundamental nas negociações em curso entre as diversas siglas. A conferir.

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