CidadaniaJudiciário

CIDADANIA. Relações perigosas entre uma juíza e o réu envolvido em tráfico. “Punição”: foi aposentada

No ESPAÇO VITAL, site especializado em questões jurídicas

O Conselho Nacional de Justiça concluiu que “não se pode cogitar boa-fé quando uma juíza mantém relação com um réu absolvido por ela mesma em processo envolvendo tráfico de drogas – incluindo telefonemas, visitas e interação familiar –, ainda que se alegue que tudo decorreu de ´uma sucessão de fatalidades´”.

Em decorrência foi aplicada a pena máxima da magistratura: a aposentadoria compulsória (com direito a salários…) da juíza Olga Regina de Souza Santiago, do Tribunal de Justiça da Bahia.

A magistrada Olga teve diálogos interceptados quando a Polícia Federal investigou o traficante colombiano Gustavo Duran Bautista, em 2007 – que vivia no Brasil e, seis anos antes, havia sido absolvido pela juíza em uma ação penal.

Nos áudios, por exemplo, Olga Santiago agradece por “uvas” que ganhou de presente de Bautista, e o companheiro da juíza diz ter ficado triste pelo fato do colombiano “não ter ido à casa de praia do casal, onde comeria peixe com banana”... (PAD nº 0006111-73.2013.2.00.0000).

Os autos também indicam que a juíza baiana tentou ´limpar´ o nome de Bautista, enviando ofício para que a Polícia da Bahia e a Polícia Federal dessem baixa nos registros de antecedentes criminais, e ainda concedeu guarda a um filho dele quando tinha sido removida para uma comarca a 430 km de Juazeiro, onde o colombiano morava.

No processo administrativo disciplinar, ela ainda é acusada de ter recebido vantagem indevida, em troca da absolvição, no valor de pelo menos R$ 14,8 mil.

Embora a defesa tenha negado propina – o depósito seria a primeira parcela da compra de uma casa de veraneio, em nome do filho da juíza –, o CNJ concluiu que a “mais inocente e superficial interpretação dos fatos não justifica o “comprovado envolvimento ocorrido entre ela e o seu companheiro com o hoje conhecido narcotraficante internacional”.

No depoimento, a juíza Olga Santiago afirmou que a aproximação pessoal entre ela e Bautista começou por acaso, quando o companheiro dela deu carona ao advogado dele. Como o parceiro era assessor de desenvolvimento turístico da Prefeitura de Juazeiro, ela considerou natural o contato com “um próspero empresário da região” – o colombiano exportava frutas para a Europa.

O conselheiro Norberto Campelo, relatou outras minúcias: os diálogos, as visitas, a tentativa de “limpar” o nome e até o cuidado de enviar sentença absolutória já transitada em julgado ao advogado de Gustavo Bautista demonstram “uma conduta descabida por parte da processada”, de acordo com o relator.

A Lei Orgânica da Magistratura fixa deveres do juiz e determina que, na vida pública e particular, mantenha conduta irrepreensível. O conselheiro afirmou que investigações demonstram que o colombiano montou “verdadeiro império” com lucros do narcotráfico, usando empresas de importação e exportação para transitar drogas. Ele foi preso em 2007, no Uruguai, quando eram descarregados 500 quilos de cocaína pura em Montevidéu.

A juíza Olga Regina de Souza Santiago já havia sido afastada de suas atividades desde a abertura do processo disciplinar no TJ-BA, em 2008. Mesmo já aposentada por invalidez, a decisão do CNJ deve levar à revisão do benefício recebido, com proventos proporcionais ao tempo de serviço. O acórdão também será encaminhado ao Ministério Público.

A defesa negou irregularidades e, apesar de ter reconhecido “não ser natural” contatos entre uma juíza e um sentenciado, disse que raros diálogos foram feitos diretamente, pois a maioria das conversas citadas envolvem seu companheiro. Olga Regina ainda responde a ação penal, acusada de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. (PAD nº 0006111-73.2013.2.00.0000 – Com informações da Agência CNJ de Notícias).

PARA LER A ÍNTEGRA, NO ORIGINAL, CLIQUE AQUI.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Um Comentário

  1. A Terra Prometida era o lugar onde corriam rios de leite e mel. Brasil também tem estes rios onde correm coisas diferentes da água. Para nosso azar, os daqui parecem ser feitos de picaretagem. Inclusive a intelectual.
    Vide o “garantismo”. Ganhou uma versão popular: a defesa dos direitos previstos na Constituição. Só que uma parte considerável da teoria foi abandonada. O secularismo, por exemplo, um direito penal sem influência da moral. Outro: o anti-correicionismo. A tentativa do Estado de “recuperar” o delinquente para a sociedade. Segundo a teoria, seria uma interferência indevida na esfera privada, o que mostra o cunho liberal da mesma.
    O que isto tem a ver com o caso da juíza? Existem inúmeras garantias para a magistratura. Por conta de meia dúzia de delinquentes visam acabar com estas garantias. Por que ela é aposentada na via administrativa, só pode perder este direito na via judicial? Para evitar perseguições dentro da própria corporação. E não podemos esquecer que ela contribuiu para a previdência em certo período, parte do salário foi descontado. Terminados os problemas dela com a justiça, vai precisar ganhar a vida de alguma maneira. Advogar será difícil, OAB vai criar todo tipo de obstáculos (é preciso idoneidade moral!).
    Fora a “luta de classes” e o ataque ao judiciário porque alguns políticos do partidinho aquele está enroscado, parece que gostam muito da justiça à la carte. Para uns o linchamento, para outros o “coitadismo”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo