Claudemir Pereira

CRÔNICA. Orlando Fonseca lembra que estamos em pleno agosto, um mês para se viver com cuidado…

“Houve um tempo em que, sem o menor peso na consciência, recomendava-se nas receitas culinárias o uso de “sal a gosto”. Com a difusão das pesquisas da medicina a respeito dos efeitos do cloreto de sódio no organismo, esta dica passou a ser um despropósito. Isso também tem ocorrido com o açúcar, que tem recebido, por vezes, a pecha de vilão, para depois recuperar a condição de galã da novela iguarias x saúde. Creio que não seria o caso de atualizar a orientação para “conforme recomendação médica”, uma vez que cuidados com a saúde, muitas vezes, não combina com o pecado da gula. Nem mesmo o eufemismo usado em propagandas de bebidas alcoólicas, “use com moderação” poderia ser invocado. O certo, ao menos para uma crônica despretensiosa, é que nos dias de hoje, os tempos e os temperos têm um sabor diferente daquele em que se cometiam abusos sem traumas. Talvez fôssemos menos hipocondríacos. Em tempos de politicamente correto, a noção de “a gosto”, aproxima-se perigosamente do nome e da sina do corrente mês, agosto.

Sim, porque, com menos sal diz-se que as coisas ficam insípidas. O sal já foi um elemento tão importante, no cotidiano de nossos ancestrais, que o pagamento por serviços prestados era feito com a então relíquia salgada. Daí a origem do termo conhecido hoje como salário. Ao contrário dos costumes de antanho, a remuneração já não tem o mesmo antigo sabor, e salgado mesmo é o preço daquilo que se precisa comprar com o equivalente ao punhado de sal. Imagino que, durante milênios, a ideia de realçar o sabor dos alimentos esteve na ordem do dia, influenciou economias ao redor do planeta, impulsionou institutos de pesquisa, que fizeram avançar os estudos para uma vida melhor, mais saudável, inclusive chegando à cozinha e ao uso do sal nas receitas saborosas que a culinária mundial havia aperfeiçoado por séculos. Descobrindo que o paladar da galera não é a medida certa quando se trata de preservar a própria saúde. Nesta mesma receita se pode colocar a margarina, o óleo de soja, as gorduras insaturadas, para alguns o glúten, e eu arriscaria colocar aí o destempero verbal…”

CLIQUE AQUI para ler a íntegra da crônica “A gosto”, de Orlando Fonseca, e também para descobrir qual o livro o autor está lendo. Orlando é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura, PUC-RS, e Mestre em Literatura Brasileira, UFSM. Exerceu os cargos de Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e de Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados, foi cronista dos Jornais A Razão e Diário de Santa Maria. Tem vários prêmios literários, destaque para o Prêmio Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia, WS Editor; também finalista no Prêmio Açorianos, da Prefeitura de Porto Alegre, pelo mesmo livro, em 2002.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo