Comportamento

BRASIL. Orlando Fonseca e a nação sem noção

“Segundo um ranking elaborado pelo instituto Ipsos Mori, o Brasil ocupa o segundo lugar com menos noção da própria realidade. A pesquisa “Os Perigos da Percepção”, divulgada semana passada, foi realizada em 38 nações para avaliar o conhecimento e a interpretação que a população faz sobre o país em que vive. O levantamento dos dados obtidos com as respostas dos entrevistados foi comparado aos dados oficiais. Os brasileiros só ficaram à frente dos sul-africanos no índice de Percepção Equivocada. Quem é dado a leitura de jornais, revistas e – quase um luxo – livros, já deve saber que a “crise da educação não é crise, mas um projeto” (Darcy Ribeiro). Cada vez se lê menos no país, e as novas gerações – a não ser as que ainda estão em idade escolar– não leem notícias, não sabem interpretar artigos, não se dão ao trabalho de abrir um livro (dados da pesquisa Retratos da Leitura, CBL/IBOPE). A falta de noção tem ainda vida longa entre nós, vide intervenções policiais nas universidades e tentativas ideológicas de censurar conteúdos do ensino básico.

Alguns dirão que a polarização pré-eleitoral para 2018 é fruto desta falta de noção de uma população sem acesso ao estudo – todavia, ressalvo, boa parcela já experimentou avanços sociais durante os anos pré-impeachment. Por outro lado, o fenômeno Bolsonaro tem base em quê? Ele nasce principalmente na classe média – que em tese frequentou boas escolas, tem acesso a leituras de qualidade – e o candidato a candidato não dá mostras em suas manifestações que tenha um projeto de país desenvolvido, justo e igualitário. Outra ressalva: quem lê as planilhas dos institutos de pesquisa eleitoral também já observou que o fenômeno Lula não é exclusividade das classes D e E, mas de todos os segmentos da sociedade…”

CLIQUE AQUI para ler a íntegra da crônica “Nação sem noção”, de Orlando Fonseca. Orlando é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura, PUC-RS, e Mestre em Literatura Brasileira, UFSM. Exerceu os cargos de Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e de Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados, foi cronista dos Jornais A Razão e Diário de Santa Maria. Tem vários prêmios literários, destaque para o Prêmio Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia, WS Editor; também finalista no Prêmio Açorianos, da Prefeitura de Porto Alegre, pelo mesmo livro, em 2002.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

4 Comentários

  1. Só para lembrar, Hugo Taylor foi fundado na década de 20 e atingiu o apogeu na década de 40. Casa de Saúde é da década de 30.
    A ferrovia no RS é um filme que já passou muitas vezes. Concessão, dinheiro público. Depois de tudo pronto, alegaram falta de investimento e má gestão. Quando o velho Borges estatizou a malha o mote era “agora os trens chegam no horário”.
    Sem falar nas greves. 1917, 1936, 1945. Ocorreram abusos (do latim, “uso errôneo”), parava o estado. Flores da Cunha quando governador chegou a dar 30% dos lucros líquidos para os trabalhadores. O que lembra outro problema atual, a força das corporações.

  2. Alguém disse no Brasil até o passado é incerto. Existem outras “fontes” que colaboram com a falta de noção. Viação Férrea do Rio Grande do Sul (ao contrário do que comentaram num certo programa de rádio) estava mal das pernas e foi incorporada peal Rede Ferroviária Federal em 1959 no governo JK. Este último era populista e queria que todo brasileiro tivesse carro e televisão (as políticas dos governos Lula/Dilma não saíram da cabeça deles). Com a decadência da empresa a cooperativa também foi para o vinagre. Militares fizeram muitas coisas erradas, mas vermelhinhos gostam de colocar na conta deles tudo o que saiu errado no Brasil nos últimos 50 anos. Isto também é falta de noção, se os fatos não cabem na ideologia, mudem-se os fatos.

  3. Bolsonaro é mais sintoma do Lula do que outra coisa. Petistas e badalhocas tentam fazer colar a “narrativa” de que os empresários querem a volta do Molusco porque “ganharam muito dinheiro na época dele”. Para quem acredita em vermelhinhos, tenho uma universidade para vender no bairro Camobi, sai bem baratinho.
    Síndrome de vira-lata é algo que saiu do futebol e foi muito explorada politicamente. Na sua grande maioria europeus e americanos têm padrão de vida melhor do que o brasileiro. Isto é fato. Como as coisas não caem do céu e nem se resolvem por decreto é possível dizer que resolveram os seus problemas antes. Vermelhinhos gostam de atribuir isto a exploração do período colonial, mas isto já faz tempo e as antigas colônias continuam onde sempre estiveram, subdesenvolvidas na sua grande maioria.

  4. Quando se fala em pesquisa é importante saber o que foi perguntado. Uma das primeiras perguntas consegue ter duas pegadinhas. Número de homicídios no Brasil em 2000 e agora. Perguntam sobre a “taxa”. Ora, maioria está mais familiarizada com números absolutos, não com número de homicídios por 100 mil habitantes. População também cresce, o que mascara a variação. Para quem responder que é maior agora, dizem que a taxa é “quase a mesma”. Outras perguntas (sempre comparando o Brasil com outros lugares): país com maior consumo de açúcar, pais com maior consumo de álcool, número de diabéticos. Ou seja, coisas que nem o leitor médio está familiarizado. Resultados de pesquisas soltos sempre são duvidosos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo