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Algo mais que três linhas – por Pylla Kroth

Confesso que não gosto de escrever sobre política, mas não tenho como fugir da realidade que vivemos hoje no país.

Estou no limite de minha tolerância e não é bom guardar tudo que vi e vivi na minha caminhada. Ouço e leio por aqui algumas pessoas falando que na Ditadura Militar não havia corruptos e corrupção e que isso começou no governo  Lula e Dilma com a Odebrech. Acreditam mesmo?

O Facebook surgiu em 2004 e o WhatsApp em 2009, mas a história política do Brasil está nos livros, tchê! Embora as pessoas que pedem intervenção militar não saibam disso, pois os que pedem preferem imagens e odeiam ler textos com mais de três linhas. Pois essas é que compartilham tudo que encontram na internet, sem saber o fundamento.

Para se ter uma ideia de alguns fatos políticos históricos, José Sarney entrou em um mandato pela primeira vez em 1954 e saiu em 2014, ficou portanto 60 anos exercendo cargo político. Maluf começou a vida política em 1964 e até hoje está em mandato e até que provem o contrário esse foi um dos maiores apoiadores do Golpe Militar de 64, foi aliado de todos generais. Sarney e Maluf (e além deles poderia citar mais dezenas) tinham presença certa nos jantares do Planalto. Qualquer um era proibido de criticar o governo. O permitido eram somente elogios. Por isso os desmandos e a corrupção do período estão somente nos livros de história e raramente nas redes sociais atuais. Quem quer intervenção odeia livros, logicamente que não sabem da história dos governos dos generais, fazem questão de não saber.

A Odebrech não foi fundada pelo Lula e Dilma, esta empresa foi fundada em 1944 e ganhou porte de gigante durante a Ditadura Militar e em 1978 e 1979 foi denunciada em uma CPI que investigava corrupção e propina nas obras do Complexo de Angra. Esta obra começou no governo Médici – um dos mais rigorosos generais do período Militar e foi até o governo Figueiredo. A Usina de Itaipu foi construída pelos Militares e esta foi a obra que mais desviou verba pública daquele governo. Em 1979, o embaixador José Jobim foi encontrado morto com uma corda no pescoço, alguém lembra ou leu a respeito? Sua filha afirma que uma semana antes, ele estava na posse de João Figueiredo e havia anunciado que escreveria um livro sobre a corrupção na construção da Usina. Jobim participou do empreendimento indo ao Paraguai para negociar as turbinas com a empresa Siemens. O investigador concluiu que teria sido suicídio sem sequer abrir o inquérito.

E assim houve várias outras obras. Alguém sabe ou lembra da ponte  Rio Niterói? Alguém sabe quem foi Delfim Neto e que ele foi? Ministro da Fazenda durante o Governo Costa e Silva-Medici. Embaixador na França durante o Governo Geisel e Ministro da Agricultura no governo Figueiredo? Sobre ele pesam as suspeitas, também abafadas pela censura, de ter facilitado a Camargo Correia na construção de outras duas hidrelétricas, de Água Vermelha (MG) e de Tucurui . Isso está publicada em um livro chamado “A Ditadura Acabada”, de Elio Gasparin. Outra, alguém conhece a história da rodovia Transamazônica? A estrada que liga o nada ao lugar nenhum? Obra faraônica bilionária e inclusa por parte dos militares durante o governo Medici  1969-1974. Uma roubalheira sem limites, combinado ao desmatamento, a expulsão do povo indígena e seringueiros. Custou a bagatela de US$ 1,5 bilhões na época.

Estes fatos e outras atrocidades não podem mais ficar desconhecidos das pessoas que querem a volta do Regime Militar, mas odeiam textos com mais de três linhas. É uma pena quando eu vejo alguém pedindo a volta do regime militar. Fico triste, principalmente se for alguém jovem.  Agora chegando na minha terceira idade me sinto no dever de explicar o que foi realmente o Regime Militar, a tortura, a perda do livre arbítrio que todos temos hoje, o que é o fim da liberdade de expressão, enfim, escreveria um livro, mas não sou escritor e acho que por hoje já escrevi demais falando disso tudo que me traz um amargo na garganta e uma tristeza na memória.

Acredito que é hora de acertarmos o passo, sim, mas pra frente, que seja um centímetro por dia, e até o dia da eleição ainda tem um tempinho. Muitos foram às ruas pedindo o fim da corrupção recentemente, e a corrupção está agora na manobra e no poder e o povo quieto. Cadê o povo nas ruas? É hora de nos unirmos e lutarmos por um só motivo: nossos direitos . Pois o problema nunca foi o povo trabalhador, os aposentados ou artistas. O problema está sentado no trono, fingindo estar negociando com falsos líderes. Esse governo é um caos. Alguém ainda duvida que foi Golpe? Fora, malditos! Viva a Democracia!

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