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KISS. O que pretendeu, com seu projeto de Memorial, o arquiteto Felipe Zene Motta, vencedor do concurso

Felipe Zene Motta e uma imagem interna do projeto arquitetônico vencedor, e que será agora construído, de Memorial às Vítimas da Kiss

Por LUIZ ROESE, colaborador deste site e da Assessoria de Imprensa da AVTSM

O arquiteto Felipe Zene Motta, representando a Motta e Zene Engenharia e Arquitetura Ltda, de São Paulo (SP),foi o grande vencedor do Concurso Nacional de Arquitetura para o Memorial às Vítimas da Kiss. O anúncio foi feito em 16 de abril pela Prefeitura de Santa Maria, pela Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), pelo Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento do Rio Grande do Sul (IAB-RS) e pelo Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS), órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU).

O concurso teve 133 inscrições confirmadas e 121 propostas enviadas por meio de plataforma online. Participaram arquitetos do Rio Grande do Sul e de outros 14 estados brasileiros. O vencedor, Motta, receberá R$ 25 mil como prêmio.

A proposta de Motta traz um muro de concreto e tijolos que bloqueia quase que inteiramente a visão do espaço interior, se vista da rua. A austeridade da fachada representa o luto, conforme o site. Em contraste, ao atravessar o muro, encontra-se um espaço de luz e fluidez. O atravessar remete à transformação e à potencialidade da ressignificação do luto e do pesar.

No centro, haverá um jardim circular de flores. A sua volta, 242 pilares de madeira, cada um representando uma vítima da tragédia, suportam uma cobertura radial que abriga as diversas salas do conjunto. A mesma cobertura, ao se projetar em balanço, possibilita que uma grande varanda se forme abaixo, de onde os visitantes podem contemplar o jardim e são convidados a escolher uma flor e depositá-la em um suporte, cada qual em um pilar, com o nome da vítima homenageada.

O projeto traz três salas que poderão ser acessadas de forma independente a partir da varanda. Ao fundo fica o auditório, composto por um palco central e plateia em lados opostos. Uma sala multiuso de caráter cultural abrigará acervos em formato de exposição permanente multimídia. Do outro lado, optou-se por criar uma sala única que abrigará a sede da Associação, assim como demais áreas de reunião e atividades coletivas…

…Confira uma entrevista com o arquiteto Felipe Zene Motta para o site da AVTSM:

Pergunta – Felipe, conte um pouco sobre sua experiência e sobre projetos que você realizou.

Arquiteto Felipe Zene Motta – Me formei em Arquitetura em 2010 na FAUUSP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo). Por 8 anos trabalhei no escritório Brasil Arquitetura, onde tive a oportunidade de participar de projetos em vários campos, como no cultural (museus e teatros), e na área social (urbanização de favelas e habitação). Em 2015 fui morar em San Francisco, para fazer um mestrado na California College of the Arts. Lá foquei meus estudos em projetos na escala urbana e em sua relação com o meio ambiente. Quando voltei, em 2016, me juntei ao time do escritório Isay Weinfeld, onde estou desde então. O escritório atua nos campos mais variados e com muitos projetos fora do Brasil. Paralelamente, desenvolvo projetos de forma independente, como o do Memorial, através da Motta e Zene Engenharia e Arquitetura.

Pergunta – Explique um pouco sobre sua intenção e seus objetivos com esse projeto.

Felipe – Com o projeto do Memorial, busquei, antes de mais nada, trazer um pouco de conforto aos familiares das vítimas. Sei que sua dor e sofrimento nunca passarão; no entanto acredito que, ao se criar um espaço de homenagem que possibilita a conexão entre seus visitantes, em que cada um possa se reconhecer no outro, é possível trazer acolhimento e também esperança de que o que aconteceu nunca se repita.

Pergunta – Quando a tragédia da Boate Kiss aconteceu, você já cursava arquitetura? O que você se recorda do fato?

Felipe– Em 2013 eu já estava formado há alguns anos. Quando soube da tragédia por meio das notícias, fiquei muito consternado. Lembro que nos dias seguintes acompanhei as atualizações sobre o estado de saúde dos sobreviventes e pensava que aquilo poderia ter acontecido comigo ou qualquer jovem que  tivesse saído apenas para se divertir.

Pergunta – Você já teve oportunidade de ir até o local do futuro memorial? Em caso positivo, qual sua impressão?

Felipe Zene – Ainda não tive, mas espero poder visitar na minha ida à Santa Maria semana que vem.

Pergunta – Você já participou de algum outro projeto ligado à memória de algum fato?

Felipe– Sim, o tema da memória é recorrente na minha trajetória e vem desde meu trabalho final de graduação. Na ocasião propus a revitalização de uma antiga indústria abandonada no centro de Bariri, cidade do interior de São Paulo. O trabalho teve como fio condutor as fotografias de Anelo Zene, meu avô e único fotógrafo da cidade. Já profissionalmente, quando na Brasil Arquitetura, participei de projetos de intervenção em patrimônio histórico, inclusive no Rio Grande do Sul, como o Centro de Interpretação do Pampa em Jaguarão e a revitalização do Complexo Rheingantz em Rio Grande. No entanto, esta é a primeira vez em que atuo em um projeto que tem como origem uma tragédia como a da boate Kiss…”

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