Eleições 2018Política

CONJUNTURA. As consequências sociopolíticas da semana que antecede as eleições gerais brasileiras

Por BRUNO BERNARDI, bacharel em Direito pela Universidade Franciscana de Santa Maria

Nada mais comum que nos dias que antecedem à chamada ”festa da democracia”, os ânimos, assim como os debates políticos, se acirrarem. Não somente o debate entre políticos, mas também o debate político entre os eleitores. Tudo isso em função do momento decisivo que o Brasil vive. Porém, mais importante do que debater a política de partidos, de direita ou esquerda, de liberal ou conservador, é necessário analisar a mudança sociológica que essa época deixa mais do que evidente, e suas consequências.

A primeira mutação social que a época pré-eleições deixa nítida é a propagação de imagens, fatos, fotos e falas ”fake”  – termo muito utilizado na pós-modernidade -, que acaba gerando não de maneira imediata, mas a longo prazo, consequências nítidas para aqueles que não têm acesso à verdadeira informação e/ou à informação real.

Um exemplo claro, simples e objetivo dessa consequência são informações que chegam a comunidades isoladas do Brasil, e que, por conseguinte, não possuem nem sequer a chance de ”dar um Google” e verificar se a informação que estão recebendo tem responsabilidade com a verdade. Mas ainda, uma das consequências dessa consequência, é que quem tem a oportunidade de verificar a veracidade dos fatos, assim não o  faz, gerando e propagando mais ainda aquilo que é ”fake”. Essa é uma consequência coletiva.

Outro fator a ser analisado é a capacidade que a internet e as redes sociais propiciaram ao ser humano, de capilarizarem e atomizarem sua própria ignorância, e vestirem através da tela do computador uma espécie de cabresto ideológico que é propagado através de agressividade nos meios. Ou seja, estar no computador transformou aqueles que o utilizam corajosos o suficiente para propagarem discursos de ódio, sem sofrerem a consequência e o expurgo daqueles que os condenam. É muito mais fácil odiar à distância, no conforto do lar. E esse fator não é exclusivo da época política (permeia toda a pós-modernidade), mas está presente todo tempo, a todo instante, em todos os lugares.

Por fim, a pior e mais grave das consequências, é a capacidade que perdemos de dialogar.  O brasileiro não sabe mais o que é debater, mas tem profunda intimidade com a discussão. Não sabe mais o que é entender e compreender, mas tem profunda ligação com o convencimento. Não sabe mais o que é aceitar e respeitar, mas tenta a todo tempo minimizar pensamentos que diferem dos de si.

Alguns dizem que é necessário alguém radicalmente diferente para mudar o Brasil, outros optam pela moderacidade, e outros nem refletem se é necessário mudar. Mas a verdade é que o Brasil e os brasileiros precisam de mais liberdade. Mais liberdade no voto, nas atitudes, nas vontades e sobre tudo, mais liberdade de serem quem querem ser, de fazerem o que desejam fazer, sem ser julgados e condenados. O Brasil não precisa se fechar e se limitar a uma só ideologia e/ou direção, ele poder ser multiplo, assim como é multicultural; porém temos que reaprender o respeito, a tolerância e o diálogo.

 

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2 Comentários

  1. Brasil não chegou onde está de graça. Uma determinada corrente usou politicamente o discurso ‘nós contra eles’. Por sinal muitos membros da corrente gostam da expressão ‘ir para o pau’. Também não é mistério que esta mesma corrente política se define pela negação, a identidade é afirmada pelo que ela não é (já apareceu este assunto noutra oportunidade). Os outros são….(diversos adjetivos possíveis). Ultima moda é o #elenão.
    Daí chegamos na ‘sabedoria das massas’. Chaplin dizia que a multidão é um monstro sem cabeça. Achar que todos irão se comportar 100% do tempo de modo racional não é racional, é ideológico (modernismo não foi somente um movimento estético). Na tribo (sem querer ofender os nativo-americanos) a coisa piora. Emoção conta. E muito.

  2. Profissional que tem como objeto de estudo a sociedade é o sociólogo ou do ramo ciências sociais. Direito é das ciências sociais aplicadas (talvez por isto existam tantos advogados ‘aplicando’ por aí).
    Logo o texto é somente uma opinião, apesar de ser apresentado como análise de conjuntura.
    Outro dia olhava no site de uma instituição local um amontoado de pretensos artigos científicos a respeito do ‘discurso do ódio’. Impressionante como conseguem amontoar chavões e clichês para tentar dar uma roupagem séria ao discurso da esquerda. Muitos com bolsas de ‘pesquisa científica’, alunos de pós-graduação.
    Volvemos. A noção de que ‘se resolve tudo conversando’ é uma concepção liberal/psicanalítica de butiquim, portanto ideológica. Aqui aparece outra questão: a capacidade de certos ‘professores’ não terem a honestidade intelectual de alertar os alunos da ideologia que rege a profissão.

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