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CULTURA. Das técnicas tradicionais até as misturas modernas, a gravura é uma arte gráfica mais acessivel

A artista Cristina Rios Leme, que atua no Ateliê Retina, mostrando a matriz e o produto final de uma xilogravura de sua autoria

Por LARISSA DA ROSA (texto e fotos), Especial para o Site

Gravar, registrar, imprimir, duplicar e reproduzir. Apesar destes conceitos serem conhecidos na familiaridade com os impressos, com a indústria gráfica e da vida cotidiana exposta à multiplicidade de imagens e informações visuais, grande parte da população desconhece o caráter artístico desses processos.

A intervenção industrial nestas atividades muitas vezes acaba limitando o conhecimento dos processos artísticos à funções utilitárias. Porém, o registro, a impressão e a reprodução fazem parte de uma arte gráfica muito antiga: a gravura.

Esta linguagem é uma forma de expressão visual que permite repetir grafias, marcas e outras qualidades materiais inerentes da gravura. A gravação da imagem se dá a partir de matrizes que, através de uma espécie de impressão, possibilita diversas reproduções da mesma arte.

Isso, além de torná-la mais acessível financeiramente, a coloca na condição de múltipla, e por mais que possa possuir uma tiragem maior, cada gravura tem suas particularidades em função das modificações gradativas de seus procedimentos de impressão e reprodução.

Kelly Júlia Pfüller, artista visual que trabalha com gravura em metal, conta que seu trabalho é “uma técnica artística gravada em uma placa que pode ser de latão, alumínio, cobre, zinco ou bronze”. A artista ainda relata que em um primeiro momento muitas pessoas acham que gravuras são desenhos e nem imaginam o processo por trás da obra.

Os processos são variados. As técnicas tradicionais de gravura são xilogravura – produzida em matriz de madeira -, gravura em metal, linoleogravura – com matriz de material sintético -, litografia – produzida com o efeito de ácido em cima de material gorduroso em pedra calcária – e serigrafia.

A técnica mais conhecida e tradicional, a xilogravura, consiste em, com o auxilio de ferramentas de corte e entalhe, retirar as partes da matriz que não quer que se tenha cor na gravura. Após isto, é aplicada a tinta, colocado o papel e feita pressão na prensa, transferindo a imagem para o papel. Para além, existem técnicas que consistem em banhos de ácido, gravação por processo fotográfico e outras diversas maneiras de gravação de imagem.

Para além disso, existem técnicas artísticas de gravura que surgiram de forma mais contemporânea. Simone Rosa, artista visual que trabalha com gravura digital, que também pode ser chamada de infografia, explica que este tipo de arte explora as possibilidades da tecnologia digital no processo artístico. “Eu faço gravura digital, ou infografia, que é considerada gravura em função da analogia com o múltiplo, com o seriado” conta Simone. A artista ainda relata: “No inicio, a partir da matriz digital, eu só fazia infografia seriada. Com o tempo eu comecei a querer dar exclusividade a esta imagem, foi quando eu comecei, depois da impressão, a desenhar em cima da imagem”.

Muitos artistas hoje usam as técnicas e materiais de acordo com a tradição da gravura, mas o processo de gravação e impressão pode, e são, subvertidos, resultando em obras na interface dos meios convencionais e das transformações contemporâneas. “Quanto mais diversificada for as expressões, mais contemporâneo vai ser, afinal a gente vive nessa multiplicidade de linguagens” afirma Simone Rosa.

Além disso, ainda existe a possibilidade de mistura de linguagens e técnicas, característica do trabalho do Ateliê Retina, onde suas artistas relatam que ao longo dos anos observaram muitas obras e processos que resultou na mistura de linguagem que adotam.

Renata Dias Maciel e Cristina Rios Leme, ambas artistas visuais do Ateliê Retina, trabalham com técnicas tradicionais de gravura, como a xilogravura e a serigrafia e também propõem novas formas de arte gráfica misturando produtos e processos. Renata ressalta que “pode se juntar pintura, gravura, bordado, stencil, colagem… as linguagens conversam, tudo é possível”.

Nesta conversa de linguagens é que a gravura na contemporaneidade lança olhares que a consolidam como um campo aberto a múltiplas possibilidades de ressignificação. Grafias gravadas, registradas, impressas, resultam em uma multiplicidade de alternativas de expressão visual.

ALGUMAS FOTOS QUE PODEM AJUDAR A ENTENDER O PROCESSO E A PRÓPRIA ARTE:

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